Cheio de alegria!

 

Parece que está faltando alegria no mundo de hoje. O que vemos por aí não parece alegria verdadeira e sim uma euforia momentânea que passa junto com o efeito do álcool. Alegria perfeita vem de dentro e brota da certeza de se ter acertado o alvo principal da existência. Mais que dinheiro, fama e poder, precisamos de boas razões para viver. Mas, parece que é, exatamente, isso que anda faltando. Chama minha atenção a espera, ansiosa, de alguns, pelas sextas-feiras. É como se a semana fosse insuportável e na sexta recebêssemos permissão para relaxar, à custa de muitas latinhas, é claro. Desperta também a minha atenção quando vou aos supermercados nesses dias. Quase sempre o carrinho de compras está lotado, não de artigos de primeira necessidade, mas, de bebidas. Por alguma razão, penso que a vida tornou-se um fardo, insuportável, para muitos. Alguns chamam o pagamento semanal de “fazei-me rir”. Nesses casos, o riso dura pouco, pois, logo logo, o pagamento se esvai.

No Evangelho de São Mateus (Mt 13, 44 -46), Jesus conta duas pequenas parábolas para realçar a alegria. Alguém encontra, por acaso, um tesouro escondido no campo. Ele vende tudo o que tem, sem pensar duas vezes, para adquirir aquele campo. Essa atitude não é marcada pelo pesar de vender o que tinha, mas é carregada de alegria pelo que foi encontrado. O tesouro encontrado, de graça, lhe deu novas razões para viver. Penso que, esse tesouro pode ser o netinho que Deus lhe deu de presente, ou mesmo a cura de uma doença grave... O outro personagem da parábola teve seu esforço recompensado. Ele era um comerciante de pérolas. Tendo encontrado uma pérola rara e de grande valor, vendeu tudo o que possuía para adquiri-la. Esse personagem me lembra-me o Apóstolo Paulo quando disse: “Considero tudo como perda, comparado com a suprema grandeza do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor, por cuja causa perdi todas as coisas. Eu as considero como esterco para poder ganhar a Cristo”(Fl 3, 8-16)

O tesouro que Paulo encontrou e que o fez mudar de vida foi Cristo! Isso foi para ele causa de grande contentamento. Talvez, por isso, aconselhava: “Alegrai-vos sempre no Senhor; eu repito, alegrai-vos” (Fl 4,4). A alegria, nesse caso, é uma força que vem de dentro para fora. Brota da certeza de quem encontrou Deus. E quem se encontrou com Deus não se arrepende de ter largado a vida anterior. Nunca soube de algum santo que tenha se arrependido do passo dado em direção a Deus. Isso não significa que eles não tiveram dificuldades. Tiveram e muitas! Mas, apesar delas conseguiam entoar cantos de alegria, assim como Maria, cantou o seu hino por ocasião da visita a Isabel. Ela também abriu mão de muitas coisas, mas não abriu mão da alegria. É invocada, na ladainha como “a causa de nossa alegria”! Foi em seu corpo, imaculado, que o Verbo Divino se fez carne e veio habitar entre nós. Não poderia haver alegria maior do que esta: Um Deus morando conosco!

São Francisco de Assis, um dos santos mais amados do mundo, nos ensina a rezar pedindo o dom de levar alegria aos outros: Onde houver tristeza, que eu leve alegria! Levar alegria a todos é algo natural para quem está cheio de Deus. Por isso, Isabel afirmou à Maria: Desde que a tua saudação chegou aos meus ouvidos a criança pulou de alegria em meu ventre... Oxalá Deus nos concedesse também esse dom, o dom de levar alegria a todos. A alegria, nesse caso, é Cristo. A presença amorosa dele em nossa vida espanta qualquer sombra de tristeza. Pense nisso!

Imagem de Astrid Pereira por Pixabay