Um Deus Cuidadoso

 

Quase tudo que fazemos na vida demanda cuidados. Uma plantinha para se desenvolver precisa ser cuidada. O mesmo acontece com uma criança que, para crescer saudável, carece, também, de muitos cuidados. E ninguém sabe cuidar dela melhor do que a própria mãe. A mãe sabe quando o filho está com fome, com febre ou com manha... Deus também é assim conosco. Assim como nossas mães. Ele nos conhece, profundamente, e sabe cuidar de cada um de nós. Cuidou do seu povo quando o tirou da escravidão do Egito. Enviou o maná, pão do céu, para matar-lhe a fome e mandou-lhe, codornizes quando reclamaram a falta de carne. Curiosamente, o povo estava sendo libertado da escravidão, mas, tinha momentos de recaídas. Por isso, diziam: “Éramos felizes e não sabíamos. Lá no Egito éramos escravos mas, pelo menos, tínhamos carne cozida com cebolas para comer...” Ô tristeza! Pelo visto, estavam querendo trocar a vida em liberdade por um prato de cebolas com carnes cozidas... (Êx 16, 2 – 4. 12 -15).

Além de matar a fome de seu povo no deserto Deus lhe ensinou a partilhar o alimento, superando a mentalidade egoísta de quem só pensa em si. A recomendação era que ninguém armazenasse o pão caído do céu pois, caso, acontecesse, o alimento armazenado se estragaria além de faltar para alguns. O mesmo Deus que providenciou o alimento de ontem providenciaria também o de hoje e o de amanhã. Portanto, era preciso confiar mais na providência divina do que na previdência humana. Eis, aqui, uma grande lição! 

No Evangelho de João (Jo 6, 24 - 35) Jesus, como novo Moisés, também servirá o pão ao seu povo. Vendo a multidão faminta teve compaixão, pois, ela parecia ovelhas sem pastor. Por isso, fez o milagre da multiplicação dos pães. Mas, o milagre era, apenas, um sinal que apontava para outra realidade. Ele queria mostrar que o verdadeiro Pão do Céu era ele mesmo. O pão material mata a fome por um dia, mas, Cristo mata a fome profunda que todo homem sente, a fome de Deus! Jesus oferece a si mesmo como alimento que nos sustenta nas estradas da vida e dá sentido para a nossa caminhada. Só Jesus pode matar a nossa fome profunda de Deus. Quem descobre isso muda de vida, ou seja, deixa para trás o homem velho, marcado pelo pecado e abraça o homem novo, nascido da graça de Deus (Ef 4, 17. 20 – 24). Quem descobre Cristo é o como alguém que descobriu um tesouro escondido no campo. Por isso, renuncia a tudo o que tem para comprar aquele campo. O apóstolo Paulo Dizia: Viver para mim é Cristo!  Quem ainda não o encontrou vive como que “as apalpadelas” (At 17, 27) buscando o essencial para suas vidas (1).

O texto de São João, mostra-nos, que o povo, mesmo após ter presenciado a multiplicação dos pães, continua a pedir sinais a Jesus: “Que sinal realizas, para que possamos ver e crer em ti?” Ao que parece, não estavam com disposições para acreditar. Quem tem fé não exige sinais. Para quem não tem fé nenhum sinal basta. Há de querer sempre novos sinais. Conhece gente assim? São João troca a palavra milagre por sinal. Existem pessoas que exigem milagres, cada vez mais grandiosos, para acreditar. Seria interessante se perguntassem: O que Deus ganha com a minha conversão? Se eu mudar de vida quem ganha, na verdade, sou eu. Deus já é pleno. Além do mais, Ele já nos deu a maior prova de amor, quando deu-nos o seu filho que morreu, por nós, numa cruz. Quem doa a vida não tem mais nada a doar. Se isso não foi o bastante para que alguém acreditasse nele e no seu amor, então, não sei o que mais Ele poderia  fazer...

Imagem de Iuliia Bondarenko por Pixabay

1- https://ggpadre.blogspot.com/2016/08/encontrar-se-com-deus.html