Pedro e a Cruz
Estou para falar sobre a passagem do Evangelho onde Pedro faz a profissão de fé em Jesus – Mc 8, 27-35. Vejo que o texto é bonito e de profu...
Estou para falar sobre a passagem do Evangelho onde Pedro faz a profissão de fé em Jesus – Mc 8, 27-35. Vejo que o texto é bonito e de profunda atualidade. Depois de certo tempo de convivência com os apóstolos, Jesus “coloca-os contra a parede”, com uma pergunta, dessas que exigem uma tomada de posição, da parte de quem vai responder. - Quem sou eu, para vocês? – perguntou-lhes. Ô perguntinha danada! Não bastava dizer o que todo o mundo dizia. A pergunta era individual. Em nome do grupo, correndo um sério risco de falar bobagem, Pedro Afirmou, sem hesitar, como era próprio de seu estilo: – Tu és o messias! Em parte, Pedro acertou, ao responder a pergunta, em parte, não. Talvez, fosse necessário saber primeiro, o que Pedro entendia por “Messias”.
A ideia de um messias, uma espécie de salvador da pátria, não era privilégio de Pedro. Certamente, muitos compartilhavam dessa ideia em seu tempo. Com sua chegada ao mundo dos homens o messias botaria ordem na casa. Faria a lei ser cumprida à risca; expulsaria os romanos que, naquele tempo, ocupavam politicamente a região; ampliaria as fronteiras do estado e superaria, em seus feitos, ao próprio Rei Davi, uma grande referência para Israel. Acho que Jesus não gostou muito dessa Ideia de um messias conquistador. Assim que ouviu a profissão de fé de Pedro, explicou o estilo de seu messianismo: Iria sofrer muito, ser rejeitado pelos anciãos, sumos sacerdotes…
Bastou que Pedro ouvisse isso, para chamar Jesus num cantinho, e repreendê-lo sobre a questão. Como o povo entenderia essa ideia de um messias aniquilado? Ele deveria ser forte, corajoso e não aceitar, tão facilmente, a dor a perseguição e o sofrimento… Nessa hora, certamente, Jesus corou-se e, irritado, chama Pedro de Satanás ordenando-o que se colocasse atrás dele e não em sua frente. Pobre Pedro! Não "dava uma dentro"! Quando pensava ter acertado acabara de acertar a bola na trave... Ele ainda não havia entendido que não haveria cristianismo sem cruz. Mas, será que nós entendemos de forma diferente? Que Deus é o nosso, que parece ter gosto pela dor e pelo sofrimento?
Ser cristão nunca foi fácil. Nossa fé implica em riscos num mundo obcecado por seguranças; implica comunhão e abertura para o outro, num mundo fortemente marcado pelo egoísmo; implica renúncias num mundo onde, o que há de mais importante, é desfrutar-se de tudo; implica abertura para o outro num mundo onde o outro é visto como concorrente e não como irmão… Por isso, quem quer ser cristão de verdade, costuma pagar um alto preço, ainda nos dias de hoje.
A cruz de Cristo não deve nos lembrar, tanto o sofrimento, mas o amor que transforma qualquer tipo de sofrimento. As inúmeras cruzes do dia-a-dia podem ser aceitas com serenidade se tivermos como referência a cruz de Jesus. Nela, Ele esvaziou-se, completamente, de si mesmo, por amor. Nesse caso, devemos fazer o mesmo se queremos ser seus discípulos. Não devemos buscar a cruz pela cruz, mas, aceitar com amor as inúmeras dificuldades que são colocadas em nossos caminhos quando queremos ser cristãos de verdade.
Pedro, que num primeiro momentos assustou-se com a cruz de Cristo, num segundo momentos abraçou a própria cruz, por amor a Cristo. Diz-nos a tradição, que ele morreu numa cruz de cabeça para baixo por não se achar digno de morrer como o seu mestre.
Já se passaram vinte séculos depois que tudo isso aconteceu. Mas, acho que da resposta a essa pergunta fundamental depende o nosso cristianismo. Quem é Jesus para mim e para você? A resposta é individual e poderá fazer toda a diferença nas nossas vidas. As nossas respostas não mudam em nada a pessoa de Jesus, mas, certamente, mudará muita coisa em nossas vidas. Por isso, é tão importante tentar, pelo menos, responder tal pergunta. Pense nisso!
Foto: Cruz da Comunidade de Cachoeirinha em São José da Varginha
Amém 🙏🙏🙏
ResponderExcluirA cruz com Cristo, é suportável!
ResponderExcluirEvoca-me o vocabulário para tecer algum comentário sobre essa reflexão.
ResponderExcluirNada mais perfeita e consequentemente nos faz pensar profundamente em nossa similaridade com Pedro. Talvez "não estamos dando uma dentro também "
Obrigado padre e parabéns!
Jesus não te pesso que tire a minha Cruz, ajude a carrega- la . Eu amo suas reflexões, aprendo muito com elas.
ResponderExcluirDifícil resposta né. A cada dia jesus é um pra cada um
ResponderExcluirPadre Geraldo Gabriel,Que linda passagem deste Evangelho! Sabemos que Jesus é tudo, é filho de Deus vivo.Pedro pensando com interesse do mundo,Jesus chama Pedro de satanás.Não compreendia que Deus podia salvar Jesus.Pedro fica revoltado e esquece das Escrituras,onde diz que Jesus ia ressuscitar.Jesus repreende Pedro e diz,se você Simão quer me seguir,não pense neste mundo vaidoso,mas na vida que meu Pai reservou para mim.E Pedro conheceu a vida de sofrimentos predestinada por Jesus.
ResponderExcluirEu amo a minha hora de dormir e poder ler suas reflexões mim ajuda dormir em paz
ResponderExcluirDeus nos conceda a graça de cumprir os seus desígnios.
ResponderExcluirEste evangelho me leva a pensar no entendimento que Pedro tinha de Jesus, ainda como interessado neste mundo.
ResponderExcluirSe ele tivesse desde o início, o que teve com certeza depois, e que foi dito por Jesus "Meu reino não é deste mundo" , podia ter evitado alguns tropeços, e entenderia mais rápido a situação.
Acredito que quando temos a certeza que o projeto de Deus é o melhor para todos nós, mesmo sendo difícil entender a cruz,
mas com a ressurreição a importancia de Jesus deve ser total em nossa vida.
Como ele mesmo disse: " Eu sou o caminho a verdade e a vida".