Ele quase mudou a face da Igreja...

  A frase que intitula esse texto foi proferida por Monsenhor Henri de Maupas du Tours, num primeiro elogio à São Vicente de Paulo. São Vice...

 


A frase que intitula esse texto foi proferida por Monsenhor Henri de Maupas du Tours, num primeiro elogio à São Vicente de Paulo. São Vicente morreu com quase oitenta anos no dia 27 de setembro de 1660. Esse elogio à sua pessoa foi proclamado em 23 de novembro de 1660, portanto, menos de dois meses após sua morte. São Vicente despertou forte admiração de todos, inclusive, de ateus e protestantes. Soube falar a linguagem universal, ou seja, a linguagem do amor! Para ajudar os pobres  arrastou reis, rainhas, duquesas e marquesas. Com os grandes era firme e duro, com os pobres, terno e amoroso. Quando alguém o elogiava por suas obras dizia: “Jesus Cristo e os santos fizeram mais pelo seu sofrimento do que pelos seus atos.” “O importante não é que as obras sejam realizadas, mas que sejam feitas por Deus e para Deus”.

Com uma fé inabalável São Vicente conseguiu grandes feitos mesmo em tempos de, profundas, dificuldades. A França vivia um clima de guerra civil e, nesse contexto, quem mais sofre são os pobres e os fracos como as crianças e os idosos. A título de exemplo, basta dizer que em 1652, 10 mil pobres foram  alimentados em São Lázaro e 15 mil foram socorridos em Paris! Nessas alturas ele já não estava bem de saúde...

São Vicente de Paulo atuou em diversas frentes de trabalho: Organizou missões populares para evangelizar os camponeses ( com início em 1618 nas terras da Família Gondi) . Sobre isso, disse certa vez: Se o Santo Padre soubesse a condição em que se encontra o pobre povo dos campos, não teria sossego, até que remediasse tamanho mal!”

Em 1619 foi nomeado Capelão Geral das Galeras (1). As galeras eram grandes barcos tocados à remo por prisioneiros submetidos a trabalhos forçados. Esses condenados eram reduzidos às piores condições possíveis: torturas, fome, castigos, doenças eram suas eternas companheiras. Junto a esses condenados São Vicente distribuía ternura e ajuda material. Às vezes, recebia escarros como retribuição...

Outra grande frente de trabalho que desenvolveu foi junto às crianças, frequentemente, abandonadas nas ruas de Paris por volta de 1638. Cerca de trezentas a quatrocentas crianças eram abandonadas por ano, em Paris e nos subúrbios. Entregues à própria sorte, grande parte delas morria de fome ou vitimadas pelos maus tratos. A vida das crianças pobres era pior que a vida dos animais! Algumas delas eram, simplesmente, compradas por mendigos (por oito soles!), nas “casas das fraudas” e em seguida mutiladas para que pudessem atrair a piedade alheia. Nesse caso, tinham os bracinhos ou pernas quebradas e assim, pediam esmolas para os mendigos. Depois eram, simplesmente, abandonadas para morrer nas ruas de Paris (2).

Ainda hoje, a humanidade não encontrou uma boa solução para reabilitação das pessoas que cometeram graves infrações.  Todos sabem que as penitenciárias não recuperam ninguém. Mas, no tempo de São Vicente a coisa era muito pior. Os detentos eram, simplesmente, desprezados à própria sorte. As prisões, (1618) eram um horror! Os presos viviam amontoados em subterrâneos úmidos se insalubres. Muitos permaneciam acorrentados às muralhas como se fossem feras. Todos permaneciam seminus, se alimentado de pão e água e sendo devorados por bicheiras. As costas ficavam sempre descobertas para as chicotadas dos guardas. O Séc XVII foi muito cruel com os prisioneiros. Visitando aquelas prisões São Vicente se torturava por dentro. Não suportava ver tanta falta de humanidade. Após visitar uma dessas prisões foi às pressas ter com o general das galeras e descreveu em termos vivos o estado de abandono físico e moral dos condenados. Disse que esses infelizes estavam sob os cuidados do governo e que as autoridades teriam que prestar contas a Deus por tamanha violência...

Outra preocupação constante de São Vicente de Paulo foi com a formação do clero. Naquele tempo, alguns padres, nem sabiam ler e a Igreja enfrentava, profundas, dificuldades. Foi uma época de grandes provações: Heresias, fanatismos, perseguição... Diversas igrejas foram fechadas ou, simplesmente, abandonadas. Nos séculos XV e XVI, as guerras de religião tinham semeado ruínas em toda parte. A demora em colocar em prática as orientações do Concílio de Trento (1545 – 1563), foi a causa da supressão de todas as casas de formação do clero fundadas na Idade Média. Muitos jovens procuravam o sacerdócio apenas em busca de uma ascensão social. Outros se tornaram, profundamente, relaxados com seus deveres e até mesmo com o cuidado para com os templos. Podemos constatar isso em um relato da época:

“As igrejas que tinham escapado do furor do huguenotes, diz o biógrafo do padre Bourdoise, principalmente as rurais, estavam cobertas de palha, arruinadas, sem livros e paramentos e muitas sem sacrário. As sagradas hóstias eram conservadas em cibórios de cobre, sem tampa, de modo que ficam cobertas de vermes e eram comidas pelos ratos”(3)

Grande parte do clero (padres e bispos), naquele tempo, estava carregada de vícios e, frequentemente, descuidava das obrigações próprias do ministério. Alguns padres como São Carlos Borromeu, que chegou a fundar dois ou três seminários em Milão, tentaram, em vão, criar as casas para a formação para o clero. Mas, a divina providência sabe a hora certa de tudo acontecer. Para isso, contou com a sabedoria e santidade de São Vicente que foi fundamental na formação dos seminários.

Além dessas frentes de trabalho São Vicente atuou em muitas outras que não mencionarei aqui. Fundou a Congregação da Missão, dos Padres Lazaristas (1626); criou os retiros espirituais, que, ainda hoje, acontecem nas famílias vicentinas; e despertou milhares de seguidores pelo mundo. Em seu tempo podemos citar Luisa de Marilac, hoje canonizada pela Igreja e, mais tarde, (1813) Frederico Ozanam, um jovem idealista que fundou as conferências vicentinas (1833) inspirado em São Vicente. O trabalho vicentino, hoje acontece em quase todo o mundo e, graças a ele, muitos pobres são socorridos. Por tudo isso, São Vicente de Paulo deve ser lembrado e valorizado por todos. Num mundo de “globalização da indiferença” onde “perdemos a capacidade de chorar” São Vicente pode nos ensinar muita coisa, mas, principalmente, a compaixão e o amor pelos mais pobres.

  

1-https://ggpadre.blogspot.com/2018/08/sao-vicente-de-paulo-um-anjo-de-deus.html

2- https://ggpadre.blogspot.com/2018/08/sao-vicente-de-paulo-e-as-criancas.html

3-https://ggpadre.blogspot.com/2018/08/sao-vicente-e-formacao-do-clero.html

Outras informações contidas nesse texto foram tiradas do livro: São Vicente de Paulo, de Pe. Ildeu Pinto Coelho, CM. Vozes, Petropolis, 2001

File:Saint Vincent de Paul 2.JPG - Wikimedia Common


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  1. Texto que nos faz questionar como levamos nossas vidas.Que São Vicente de Paula interceda por nós!!

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  2. São Vicente de Paula, Homem de compaixão e caridade,que passou pela terra fazendo só o Bem e levando a Paz..Doou sua vida em partilha e amor ao Próximo.Hoje na Glória Eterna Rogue a Deus por nós, amém.

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  3. Que são Vicente de Paulo, nos acolha com sua misericórdia e nós faça trilhar seguindo seus exemplos de amor , bondade e respeito aos menos favorecidos !

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  4. Que exemplo de caridade ele deixou pra nós.. são Vicente de Paula intercedei por nós... ... mim lembrei o Nei da fazendinha...

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  5. São Vicente de Paula nunca desagradou a Deus porque sua vida foi admirável, e penso que é assiim que surgem os Santos, uma vida de total dedicação às causas nobres e que faz a diferença em tudo que se propõe a fazer.
    Ele se destacou nas obras de caridade mas deixou outros legados como seus escritos.
    Que são Vicente de Paula nos ajude também a agradar a Deus com nossa vida e nossas ações, apesar de todas as dificuldades que encontramos o tempo todo.

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  6. Como São Vicente sofreu, mas também como ele amou a Deus nos pobres e sofredores. Que possamos aprender com ele a compaixão e o amor. São Vicente de Paula, rogai por nós!!!!

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