O lado de Deus

  “Pensei em começar esse texto com o seguinte título: É preciso entrar no jogo de Deus.” O título seria apenas uma provocação, mas, preferi...

 

“Pensei em começar esse texto com o seguinte título: É preciso entrar no jogo de Deus.” O título seria apenas uma provocação, mas, preferi mudá-lo para não gerar confusão.

A palavra “jogo” talvez, não caísse bem para nossa reflexão. Essa ideia me veio à cabeça após ler o Evangelho de São Lucas (Lc  7, 31 – 35), onde Jesus reclama “dessa geração”. Assim, ele questiona:

Com quem hei de comparar os homens dessa geração? Com quem eles se parecem?  São como crianças birrentas ( o birrentas é meu) que se sentam nas praças, e se dirigem aos colegas dizendo:  Tocamos flauta para vós e não dançastes; fizemos lamentações e não chorastes...

Em seguida Jesus reclama que aquela geração não aceitou João Batista. A pregação de João exigia a conversão e “aquela geração” (fariseus e doutores da lei) não aceitou esse apelo. Também não aceitou o convite de Jesus para participar de seu banquete. Era autossuficiente e autoexcluía desse convite. Realmente, isso nos lembra dum jogo infantil onde um lado da brincadeira nunca concorda com as regras do jogo.   

“Aquela geração” e, talvez, a nossa, parece sempre insatisfeita, pois, se chove reclama, se faz calor reclama também. Desse jeito não vale! Dá vontade de sair da brincadeira! Pela lógica, se eles recusaram a pregação de João deveriam aceitar a de Jesus ou vice-versa. Mas, não aconteceu nenhuma coisa nem outra, dá para entender? 

Essa passagem bíblica faz-me lembrar de uma antiga poesia atribuída à Arduíno Bolívar. Ela também fala de uma criança pirracenta:

 Menino Luxento

Menino luxento, você quer empada?

-Não, mamãezinha, está muito salgada.

 

 Menino luxento, você quer assado?

-Não, mamãezinha, está muito tostado.

 

 Menino luxento, você quer salada?

-Não, mamãezinha, está muito aguada.

 

 Menino luxento, você quer pudim?

-Não, mamãezinha, está muito ruim.

 

 Menino luxento, você não quer nada?

Menino luxento, pois tome palmada(1) 

Hoje eu não sei como esse texto poderia ser interpretado. Talvez, seria melhor retirar a palmada no último verso para não criar antipatias. Mas, aplicando o texto na realidade bíblica, a palmada, com certeza, continuaria. Até porque naquele tempo o “castigo” era visto como algo pedagógico. O povo de Deus foi parar no exílio da Babilônia porque foi “pirracento” com Deus não cumprindo a sua parte na aliança. Por causa disso, acabou levando as palmadas... 

Se tem algo que sabemos fazer muito bem é reclamar. Isso parece realidade desde os tempos bíblicos. O povo reclamava de Deus, murmurava contra Moisés, reclamava da comida do calor, dos pernilongos... Será que essa realidade mudou? 

João Batista era um profeta austero, pouco social, vivia no deserto e se alimentava de gafanhotos e mel silvestre. E não é que alguns diziam que ele estava possuído por um demônio? Com Jesus foi pior: Ele comia, bebia, frequentava os espaços sociais... Por isso foi chamado de beberrão, amigo dos pecadores... E também de chefe dos demônios! Cruz credo! Ninguém agrada ao povo, nem Deus! Se ele não fosse quem é já teria há tempos, desistido da brincadeira! 

1-https://ggpadre.blogspot.com/2020/12/como-criancas-nas-pracas.html

Imagem: https://pixabay.com/pt/photos/crian%C3%A7as-irm%C3%A3os-feliz-ocultar-1879907/

Related

Crônicas 651256431095140568

Postar um comentário

  1. Em anos atrás, escutava dos meus avós:
    "Quem não faz o filho chorar quando o é pequeno, mais tarde chora com ele"
    Hoje vejo esse mundo contemporâneo, que quem dita as normas na educação dos filhos são os nossos representantes políticos. Vejo também, que os pais modernos acham que a educação filial é atribuída ais professores. Educar é uma coisa, ensinar é outra.
    Dou um exemplo de Eclesiástico 3,1-18:
    Ouvi, ó filhos, a advertência de um pai, e proceder de tal modo que sejais salvos.
    Padre Geraldo,
    Estamos cheios de meninos luxentos.
    Obrigado por tudo.

    ResponderExcluir
  2. Padre eu vou um pouco mais na reflexão, não é só birretos como criancas em suas brincadeiras, é mesmo um povo de cabeça dura que ainda não aceita Jesus, que desconsidera todo seu projeto de amor ao proximo.
    Hoje mesmo fui questionada por um Incrédulo sobre o porquê Deus permite a guerra ao invés da paz.
    Fazer entender esta pessoa que tem a idade que têm, da preguiça!
    Como temos de ser evangelizadores, vou depois tentar melhorar esta cabeça dura.

    ResponderExcluir
  3. A nossa sorte é que Deus é misericórdia infinita, senão já teria perdido a paciência conosco! Mas Ele como um Pai Bondoso, vai nos educando, corrigindo e guiando nossos passos para o bom caminho, como crianças que necessitam de orientação para seguirmos bem os ensinamentos de Jesus!

    ResponderExcluir
  4. Em tempo de paz se inventa um conflito. Em tempo de conflito inventa se mil maneiras de soluciona Los. A difícil tarefa de agradar a maioria. E já ouvimos artista dizer que a palavra de Deus tem que ser reescrita. Ó jesus. Povo birrento

    ResponderExcluir
  5. Meu Deus e como o povo reclama onde deveria agradecer

    ResponderExcluir
  6. Trabalhar com 45 colaboradores, e ajudar nas festividades da paróquia de São José, com dezenas de pessoas, percebo às vezes que vivemos alucinados. Tudo vai bem, até que alguém não percebe que os doces eram para serem doados aos Congadeiros e foliões. Ou quando um pagamento vem faltando a assiduidade, por causa de dois atestados. Ô meu Deus, parece que tudo de bom que passou até aquele momento, apaga da memória. O climão da vontade de sair correndo pra longe sem olhar pra trás.

    ResponderExcluir

Deixe aqui seu comentário

emo-but-icon

Siga-nos

dedede2d

Vídeos

Mais lidos

Parceiras


Facebook

item