Perdoa porque ama e ama porque perdoa

 

Na verdade, a gente nunca sabe o que, em Deus, vem primeiro: o amor ou o perdão! Parece que as duas realidades são irmãs gêmeas. A mulher pecadora do Evangelho de Lucas (Lc 7, 36 - 50) recebeu um grande perdão de Jesus porque demonstrou muito amor. Mas, demonstrou muito amor pela certeza do perdão imerecido. O texto é muito bonito e cabe uma análise mais calma.

Jesus foi convidado para uma refeição na casa de um fariseu. Aqui é importante observar quem o convidou. Existem certos jantares que acontecem por conveniências políticas e não por amizades. Foi o que Herodes fez no dia em que matou João Batista. Ele havia dado um grande banquete para os grandes da corte. Pura conveniência política! Nesse jantar de gente graúda, cortou-se a cabeça de um inocente. No caso de Simão, o fariseu, o objetivo do jantar, era observar Jesus de perto. Ao que parece, não havia nele disposição de amizade. Tanto é, que ele observa os gestos de Jesus, o tempo todo, e ainda o julga: Se ele fosse um profeta, de verdade, saberia que tipo de mulher está tocando nele...

Os fariseus eram observantes da lei, nos mínimos detalhes. Até aí, tudo bem. O problema é que, agindo assim, eles se consideravam mais santos que os demais. Sendo tão “santos” não precisavam de conversão e nem da graça de Deus!  Isso os tornava arrogantes e os levavam a desprezarem os outros.

Jesus foi convidado para esse jantar na casa de um “justo”. Acontece que surgiu,  de surpresa, no jantar, uma mulher cujo nome nem aparece. Ela entrou carregando um pote de perfumes colocou-se atrás de Jesus, chorava aos seus pés, enxugava-os com os cabelos, cobria-os de beijos e os ungia com perfume. A cena, certamente, provocou alguns constrangimentos. Jesus, no entanto, acolheu a mulher, sem recriminá-la por isso e, ao final lhe disse: Teus pecados estão perdoados! Tua fé te salvou. Vai em paz!  Por essa reação de Jesus Simão não esperava.

Foi então, que Jesus contou uma pequena parábola dos dois devedores. A conclusão da parábola foi essa: Certo credor, ao perdoar a maior dívida demonstrou que amava mais aquele devedor do que aos outros que lhe deviam um valor menor. A mulher devia mais, visto que, era, de fato, pecadora. Mas, ela demonstrou ter mais amor do que o fariseu e, por isso, foi perdoada. Quanto ao fariseu não teria como perdoá-lo, pois não se reconhecia pecador...

Naquele dia o fariseu tomou um grande “tapa de luvas” de Jesus. Ele convidou Jesus para um jantar, mas não sabia que ele mesmo seria “jantado” por Cristo. Jesus conhece as profundezas do coração humano e, por isso, aproveitou a ocasião para transmitir-nos um grande ensinamento: Deus é perdão e misericórdia, mas, não seremos perdoados se não reconhecermos nossa condição de pecadores.

Imagem de Rotaru Florin por Pixabay