O pobre como lugar de revelação

  Quem de nós não gosta de ficar ao lado de pessoas bem vestidas e perfumadas? Talvez, eu e uma multidão de alérgicos corram das perfumadas ...

 


Quem de nós não gosta de ficar ao lado de pessoas bem vestidas e perfumadas? Talvez, eu e uma multidão de alérgicos corram das perfumadas mas, o mesmo não vale, com relação às bem vestidas ou as “massas cheirosas,” como dizia uma jornalista famosa de nosso tempo.  Presos à lógica do mundo nem sempre percebemos o quanto nos distanciamos de Cristo e de seus ensinamentos.

No Evangelho, segundo à narrativa de Lucas (Lc 14, 12 – 14) Jesus nos aconselha a um alinhamento com os pobres pois, neles, Deus se nos revela. O pobre é, portanto um lugar teológico por excelência:

 “Quando deres um almoço ou um jantar, não convides teus amigos, nem teus irmãos nem teus parentes, nem teus vizinhos ricos. Convide os pobres; os aleijados, os coxos, o s cegos. Eles não poderão lhe retribuir o convite, então receberás a recompensa na ressurreição dos justos”.

Convidar os pobres para um banquete é lembrar-se dos quais ninguém se lembra. Eles são os últimos sociais e não terão como retribuir ao convite. Na maioria das vezes, nossas relações são marcadas por interesses. Eu convido para uma festa aqueles que, em seguida, me convidarão também e, assim, o jogo fica empatado. Mas, Jesus nos ensina algo diferente. Ensina-nos que nos pobres ele se nos revela:

 “Eu tive fome, e vocês me deram de comer; tive sede, e vocês me deram de beber; fui estrangeiro, e vocês me acolheram; necessitei de roupas, e vocês me vestiram; estive enfermo, e vocês cuidaram de mim; estive preso, e vocês me visitaram” ( Mt 25, 35 – 45).

Devemos amar os pobres porque Jesus se fez pobre. O pobre não é bonzinho por ser pobre, assim como o rico não é mau por ser rico. Para amar os pobres precisamos nos libertar desse romantismo. É preciso ver Cristo neles conforme nos ensina o Evangelho. Além do mais, diante de Deus todos somos pobres e carentes de sua misericórdia. Só Ele é rico. Os grandes santos tem muito a nos ensinar, nesse sentido. São Vicente de Paulo, Tereza de Calcutá, Irmã Dulce e tantos outros descobriram, verdadeiramente, Cristo nos pobres e não mediram sacrifícios para servi-los.

Conta-se que, certa noite, Cristo apareceu, em sonhos, a São Martinho vestido com a metade da capa de oficial romano que, poucas horas antes, o santo tinha dado a um pobre que estava passando frio. Martinho olhou fixamente para Jesus e reconheceu a metade de sua capa. Ao mesmo tempo ouviu-lhe dizer aos anjos que o acompanhavam: “Martinho que é apenas um catecúmeno, cobriu-me com estas vestes”. Naquele momento, São Martinho lembrou-se das palavras do Evangelho: “Todas as vezes que fizestes isto a um destes meus irmãos mais pequeninos, a mim o fizestes...”

Não devemos fazer a caridade de forma interesseira como quem dá com uma mão e espera receber com a outra. Se o pobre não tem como retribuir o nosso favor Deus retribuirá por ele. Deus nunca se esquece daqueles que lhe fizeram um bem. Quem der, ainda que seja um copo d’água, por causa de Cristo, não ficará sem a recompensa. Veja bem, Jesus disse apenas, um copo d’água. Ninguém é tão pobre que não possa doar um copo d’água, concorda?

Jesus poderia ter nascido em berço de ouro e, no entanto, se fez pobre. Nasceu numa manjedoura e não em alguma maternidade famosa. Foi sepultado num túmulo emprestado e não lhe ergueram monumentos.  Se o Filho de Deus escolheu esse caminho de simplicidade e despojamento não deveríamos cultuar a ostentação, afinal, ele é Deus e nós não passamos de pó da terra...

Imagem de Pexels por Pixabay

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  1. Amém 🙏🙏🙏 Como o Padre Gabriel é realista! Parabéns pela riquíssima reflexão

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  2. Amém 🙏🙏🙏 Como o Padre Gabriel é realista! Parabéns pela riquíssima reflexão

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  3. Creio que a maior riqueza está em alegrar o próximo. Não com piadas bobas. A boa companhia com bom papo. Isso não custa dinheiro. Estar ao lado de boa gente nos alegra. Fomos criados por Deus para sermos sociáveis, e sem pagar por isso. A simplicidade de padre Libério e tantos grandes santos nos ensina isso. Sem perfume , sem beleza , sem riqueza, somente Deus

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  4. Sim , ver Cristo no outro, seja pobre ou rico, tenho que amar como Jesus amou.
    Senhor Jesus, fazei de mim um instrumento de vossa paz.

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  5. Parabéns pela reflexão. Padre Geraldo, temos que se cuidar mas não com exagero principalmente perfumes que incomoda pessoas alérgicas.Devemos vestir com modestia ajudar os que mais necessitam doando roupas alimentos assim sendo ganhamos o coração deles e agradando também a Deus
    Quem dá aos pobres empresta a Deus é o ditado corretissimo

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  6. O que precisamos é pedir pra Jesus nos ensinar a amar como ele amou, começando pelos pobres e excluídos, temos dificuldades de amar os de nossa família, imaginemos amar os pobres.......como é difícil.......

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