As dificuldades enfrentadas por São João Maria Vianney

  Que um padre sofra incompreensões e dificuldades na paróquia até que a gente entende. Certos desafios fazem parte da missão daquele ou daq...

 


Que um padre sofra incompreensões e dificuldades na paróquia até que a gente entende. Certos desafios fazem parte da missão daquele ou daquela que se dispôs a servir a Cristo. Mas, que um grande santo sofra com seus paroquianos é bem mais difícil de entender. Um santo possui medidas que vão além das nossas e, talvez, por isso, ele pague certo preço.  A biografia de São João Maria Vianney não esconde o quanto ele sofreu em sua paróquia, uma paróquia que foi transformada por sua santidade.

São João Maria Vianney foi ordenado padre no dia 13 de agosto de 1815, depois de enfrentar muitas dificuldades nos estudos. Nas recomendações ao bispo dizia que ele poderia ser ordenado padre mas, não poderia ouvir confissões. Muitos que acompanharam sua tumultuada formação não acreditavam que ele fosse capaz de orientar os fiés. Como nos enganamos com as coisas de Deus! Ele passou mais da metade de sua vida ouvindo confissões e diante de seu confessionário formavam-se filas quilométricas! Um dos primeiros penitentes que ele ouviu, em confissão, foi Padre Balley, que antes, fora seu confessor.

No dia 03 de fevereiro de 1818, Vianney deixou Ecully, onde trabalhou com Pe. Balley e se pôs a caminho de Ars (França), andando à pé, por cerca de 30 km, para  sua nova missão. Na mudança não levou quase nada e quase nada encontrou na nova paróquia. Acompanhava-o uma boa senhora, Bispot, que antes cuidara de Pe. Balley. Atrás deles seguia uma carroça com algumas roupas, uma cama e poucos livros que herdara de Pe. Balley.  A aldeia, naquele tempo, parecia triste e miserável, umas quarenta casas de taipa, esparsas entre pomares. À meia encosta, a igreja, se é que assim se poderia chamar aquela construção amarelenta com simples janelas, e por remate quatro vigas e um travessa que sustinha um sino rachado...”.

Enquanto caminhava em direção à nova paróquia Pe. Vianney, perdeu-se em meio à neblina e não conseguia ver o caminho. Assim que o tempo melhorou encontrou alguns meninos que pastoreava ovelhas. Um deles chamado Givre ensinou o padre o caminho para Ars e pode ouvir do sacerdote: “Meu caro pequeno, tu me mostraste o caminho de Ars, eu te mostrarei o caminho do céu...”  Consta que esse menino foi o primeiro paroquiano que seguiu  Pe. Vianney até à sua morte. Assim que o novo padre avistou as primeiras casas de sua nova paróquia ajoelhou-se e rezou.

O diabo não é preguiçoso. Mesmo naquele lugar abandonado ele havia se instalado. No local havia quatro tabernas que eram uma verdadeira perdição. Os homens não iam à igreja, mas, varavam as noites na bebedeira e na confusão. Isso fez com que o novo sacerdote organizasse uma verdadeira cruzada contra esses vícios. Isso, naturalmente, gerou-lhe forte oposição por parte de quem lucrava com as bebedeiras.

Assim que chegou em sua nova paróquia os moradores do lugar notaram que aquele padre era muito diferente dos demais. Falava pouco, rezava muito e fazia grandes penitências. Certo dia, alguém lhe perguntou porque ele pregava tão alto e rezava baixinho. Ele respondeu: “É porque quando prego falo aos surdos mas quando rezo falo com Deus e Ele não é surdo...”  

Aos poucos, aquela paróquia tão judiada, foi se transformando. Pe. Vianney criou a Confraria do Rosário para as mulheres e mais tarde a Confraria do Santíssimo Sacramento para os homens. Diversas vezes, negou comunhão àqueles que não queriam mudar de vida. Atendia todos os pobres da região e criou um pensionato para as meninas órfãs. Criticando a vaidade dos ricos disse certa vez: “O Imperador fez coisas muito boas, porém esqueceu-se de uma: mandar alargar as portas para poderem passar as saias-balão”

Certa ocasião Pe. Vianney ficou sabendo que alguns da comunidade organizaram um abaixo-assinado que deveria ser encaminhado ao bispo pedindo sua remoção da paróquia. Ao saber disso, lamentou: Que pena, eu também teria assinado o documento... Com o passar do tempo, aquela paróquia sofreu grandes transformações. Em menos de dez anos a igreja foi reformada e a participação do povo aumentou. Vinha gente de longe para se confessar com o padre santo. Ainda hoje, naquele lugar pode-se respirar o perfume da santidade deixado por São João Maria Vianney, o Cura DÀrs.

Obs: As citações acima, foram tiradas da seguinte obra:

TROCHU, Francis Cônego. O Cura D’Ars. São João Maria Vianney. Petrópolis, RJ. Vozes, 1960. II edição. Obra premiada pela Academia Francesa.

Foto: Arquivo pessoal

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