A caridade ativa do Padre Vianney
Mais uma vez estou aqui para falar do meu padroeiro, ou melhor, do patrono de todos os sacerdotes diocesanos: São João Maria Vianney. Hoje...
Mais uma vez estou aqui para falar do meu padroeiro, ou
melhor, do patrono de todos os sacerdotes diocesanos: São João Maria Vianney. Hoje
quero falar sobre um imenso trabalho de caridade que ele realizou em sua paróquia,
no Vilarejo de Ars, na França, em meados de 1820. Trata-se de um “Pensionato”
para meninas órfãs, que ele chamou de “Providência”. Esse nome “Providência”
não lhe caiu de graça. Ele nasceu após o santo ter experimentado, vivamente, a
providência divina. Vou mencionar apenas duas vezes, dentre as tantas, em que
ele experimentou, milagrosamente, essa graça:
No dia de São Martinho
de 1824, Catarina e Benita (“professoras” encarregadas por Vianney para cuidar do orfanato) se estabeleceram na escola, levando apenas
os objetos indispensáveis. Tudo era muito pobre. O Padre Vianney prometera as
professoras que garantia a manutenção da casa. Nela, porém, nada encontraram
com o que fazer a primeira refeição. Arrumaram os móveis e depois lhes ocorreu
a ideia de voltarem para comer em suas próprias casas. Não, disseram! –
Fiquemos! E eis que as respectivas mães chegarm com a refeição para suas
filhas. Desde o primeiro dia aquela casa mereceu o nome de “Providência”, nome
que haveria de torná-la, célebre.
Em 1834, os registros do Maire de Ars falam de uma grande
seca naquele ano.
A seca desolava a
comarca. A farinha era escassa e cara. Na casa (Providência) restava apenas o
suficiente para três pães. Nós nos achávamos em grande apuro por causa das
nossas meninas, conta Joana Maria Chanay. Catarina e eu tínhamos fé de que se o
Padre Vianney pedisse a Deus, conseguiríamos que aquela farinha desse para uma
fornada de pão. Fomos procurá-lo para lhe expor a nossa situação. “É preciso
amassar," nos disse ele. Pus mãos à obra, mas com certa apreensão. Ao
começar botei um pouco de farinha e água na gamela, mas notei que a farinha ia
ficando muito espessa. Tornei a pôr água e farinha sem esgotar a pequena
provisão. A gamela encheu-se de massa como nos dias em que se punha um saco
cheio. Fizemos dez grandes pães; cada um pesava de 20 a 22 libras. O forno ficou
cheio como de costume, com grande admiração de quantos foram testemunhas.
Contamos o fato ao Sr. Cura, o qual nos respondeu: Deus é muito bondoso! Como
cuida de sues pobres!
Mencionei acima duas razões para o nome do “Pensionato” de
São João Maria Vianney. Mas, vamos com mais calma ao que teria levado o nosso
santo a tão grande empreendimento.
As consequências da Revolução Francesa foram trágicas,
principalmente para as regiões mais pobres como aquela em que trabalhava o Cura
D`Ars. Na localidade, não havia mais escolas nem professores. No inverno
aparecia, por lá, um professor e juntava meninos e meninas na mesma classe num
arremedo de sala de aula. Vendo a situação de desamparo das crianças,
principalmente, das meninas órfãs, o Padre Vianney arranjou duas senhoras que
também não tinha formação para serem professoras para ajudá-lo. Elas não eram professoras mas eram igualmente virtuosas. Tratava-se de
Catarina Lassagne e Benita Lardet. E foi com elas que ele começou um trabalho de
instrução dessas meninas. A demanda cresceu, rapidamente, e a Providência chegou
a abrigar mais de sessenta meninas em pouco tempo. Elas eram admitidas na casa após os oito anos
de idade e, às vezes, só saia de lá após os dezoito ou vinte anos! Quando saiam o
Padre ainda procurava uma colocação decente para a moça, ou às vezes, um bom
casamento. Nesse caso, ele mesmo lhe custeava o enxoval. Na Providência as meninas
aprendiam a educação básica além de confeccionar meias, bordados ou outra forma
de atividade. No local também eram catequizadas por Pe. Vianney. Aliás foi na Providência
que ele iniciou um grande trabalho de catequese de adultos. Todas as meninas
moravam e estudavam de graça, até porque
não tinham como pagar nada. Em muitas situações quem agiu mesmo foi a providência
divina. Caso contrário esse grande trabalho não teria acontecido.
Certa vez, o Cura DÁrs recolheu uma órfã quando a casa já
estava cheia e sem a mínima condição de acolher mais ninguém. Após recolher a
criança disse à Catarina Lassagne: Receba mais essa criança, pois é Deus quem
manda! Catarina retrucou: Mas, senhor não tem mais camas! Ao que ele disse:
ainda tem a sua! Ao ouvir isso, muito
arrependida, ela abriu os braços e acolheu aquela menina. Muitas vezes, o próprio
Vianney foi pedreiro, servente e carpinteiro para consertar os problemas da
casa. Não raro, ele mesmo saia pelas redondezas pedindo e recolhendo donativos para
as meninas. Nas poucas folgas que tinha gostava de ficar no pátio olhando as
meninas como um pai olha para os filhos. Gostava também de rezar com elas e, sobre isso, dizia: “As orações das crianças sobem ao céu embalsamadas de inocência.”
A obra da Providência do Cura DÀrs foi tão importante que o Papa Pio X chegou a
considerá-la “um modelo de educação popular”. Por tudo isso, podemos concluir
que além de ser um homem de muita oração São João Maria Vianney também foi um
homem de grande caridade.
Obs: As citações acima,
foram tiradas da seguinte obra:
TROCHU, Francis Cônego. O Cura D’Ars. São João Maria Vianney.
Petrópolis, RJ. Vozes, 1960. II edição. Obra premiada pela Academia Francesa.
Imagem de Dean Moriarty por Pixabay
Gosto muito quando o Senhor fala da vida dos Santos.
ResponderExcluirEles foram pessoas iguais a nós e tiveram força para defender a fé.
É isso que devemos fazer também, viver para sermos santos.