Precisamos visitar Delfos
Delfos é uma cidade Grega cujas origem se perdem no tempo. Considerada uma cidade sagrada, nos tempos antigos, era um centro de peregrinaç...

Delfos é uma cidade Grega cujas origem se perdem no tempo.
Considerada uma cidade sagrada, nos tempos antigos, era um centro de
peregrinações. O templo de Apolo, deus solar, ficava num local onde se
acreditava ser o centro (umbigo) do mundo. No templo, trabalhavam algumas
pitonisas (sacerdotisas) de Apolo que prediziam o futuro de quem lhes consultassem.
No frontão do templo de Apolo, havia uma inscrição famosa dizendo: “Conhece-te a
ti mesmo.” A frase encorajava os visitantes a empreender uma jornada pessoal em
busca do autoconhecimento.
Dizem que Sócrates, talvez o mais sábio dos filósofos antigos, empreendeu essa jornada impactado pela frase. Ao consultar a pitonisa ouviu
dela que ele era o homem mais sábio do mundo. Então, pensou: Devo ser o mais
sábio mesmo, pois, pelo menos, tenho consciência de minha ignorância, coisa que
os outros não têm. Eu só sei que nada sei! A frase ficou famosa e correu o
mundo, embora, esconda uma contradição de performance, pois, quem afirma não saber
nada, pelos menos tem consciência de alguma coisa, ou seja, sabe que não sabe nada.
Sócrates ficou conhecido por sua famosa ironia. Fingia que nada sabia e fazia muitas perguntas aos supostos sábios para mostrar, com esse método, que eles também não sabiam de muita coisa. Ficou conhecido, também, pelo seu jeito de ensinar extraindo do interlocutor as próprias conclusões. Com esse jeito de ensinar imitava as parteiras que, apenas, ajudavam as parturientes trazer à luz os próprios filhos.
Tanto para os gregos antigos, quanto para nós hoje, o
autoconhecimento é muito importante. Parece que conhecemos pouco a nós mesmos.
Depois de Freud, então, a coisa ficou pior. Sua descoberta do inconsciente
revelou-nos que muitas de nossas ações são motivadas por ele e não por uma
vontade consciente. Alguns, enfrentam anos seguidos de terapia na busca de
conhecerem melhor a si mesmos! Corremos o risco de morrer sem saber que
vivemos, ou seja, sem conhecer a nós mesmos e as motivações que orientam nossas
ações.
Além da busca pelo autoconhecimento precisamos ainda conhecer
qual é o nosso lugar no mundo. Esse “ajustamento” certamente, nos torna mais
felizes e realizados. Lamentavelmente, existe muito desconhecimento disso
também. Ocorre quando a pessoa nasceu para um tipo de coisas e passa a
vida toda realizando outras, sobre as quais, não tem nenhuma aptidão. Talvez,
muitos pais obrigam seus filhos a esse tipo de tarefa. O filho tem grande
inclinação para um serviço e o pai o induz a outros trabalhos apenas porque
irão ganhar mais dinheiro...
Penso, que existe outro tipo de conhecimento, ou certeza que, apesar
de parecer coisa óbvia, muitos se esquecem dele. Falo da certeza da mortalidade.
Alguns, nunca param para refletir que são mortais e que a vida é mais frágil que
uma bolha de sabão. Caso lembrassem mais dessa realidade não fariam tantas
bobagens! Ao lado desse conhecimento ainda acrescento outro: A fé!
A fé, esclarecida pela razão, nos leva a enxergar do outro
lado da ponte. Ela é um dom de Deus que nos permite crer na sobrevivência após
a morte. Nesse sentido devo ajustar minha vida pois, ela continuará, de outra
forma, após a morte. Não falo de uma fé alienada que tira a pessoa do chão, mas
uma fé iluminada pela razão. "Fé e razão são como as duas asas que permitem o
voo da águia". Com apenas uma asa a águia não voa, quando muito se debate nas
encostas dos penhascos até ser agarrada pelos lobos. “A fé é a firme garantia
do que se espera, a prova do que não se vê” (Hb 11, 1).
Resumindo essa minha reflexão eu digo que, para nossa
realização, ajustamento, ou felicidade, como queira, precisamos desses ingredientes:
Autoconhecimento; Saber a que veio, saber o seu lugar no mundo; lembrar-se da
mortalidade e buscar a certeza da fé. Você também pode acrescentar o que pensa sobre
isso. De uma coisa tenho certeza: Ainda hoje, precisamos visitar Delfos. Mas, onde
estaria a Delfos de nossos dias?
Imagem de T. H. Jensen por Pixabay
Padre que texto rico de grandes reflexões!
ResponderExcluirIniciei a leitura já pensando que meu comentario seria sobre o grande filósofo Sócrates, porque tinha uma tecnica de questionamento muito interessante, queria ouvir e não falar, então logo pensei, estamos fazendo o contrário, valorizando demais quem usa deste dom, para falar bobagens como muitos influencer.
Continuando a leitura, o Senhor sequencialmente leva a refletir muitas verdades da nossa vida, temos que nos conhecer para melhor nos posicionar, e ainda conseguiu fazer uma interligação com o que nos espera, a morte. Concluindo, ficou para mim claro que nosso escudo de proteção é a fé, já que ao te-la, temos certeza, que ao final não reduziremos ao nada. Sendo assim, a fé nos reconcilia com nosso fim.
Parabens gostei muito da construção deste texto.
A frase " conhece-te a ti mesmo", também pode ser interpretada como um convite à humildade e à busca pela verdade interior. Ao reconhecer suas próprias falhas e limitações, o indivíduo estaria mais aberto ao aprendizado e ao crescimento. Essa busca pelo autoconhecimento pode levar a uma maior autocompaixão e a uma melhor relação com os outros. Excelente reflexão. 👏👏👏🙏 Parabéns! Padre Geraldo Gabriel
ExcluirBelo texto Pe. Geraldo.
ResponderExcluirO saber sempre nos coloca em movimento, em busca de respostas.
Mas parece que a perguntinha: " de onde vens e para onde vais" exige um autoconhecimento e disposição para tal! - "Senhor, aumentai a nossa Fé"!
A frase " conhece-te a ti mesmo", também pode ser interpretada como um convite à humildade e à busca pela verdade interior. Ao reconhecer suas próprias falhas e limitações, o indivíduo estaria mais aberto ao aprendizado e ao crescimento. Essa busca pelo autoconhecimento pode levar a uma maior autocompaixão e a uma melhor relação com os outros. Excelente reflexão. 👏👏👏🙏 Parabéns! Padre Geraldo Gabriel
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