Jesus não gosta de fogo de palha
Eu não vou erguer torres nem criar guerras, mas, sei que o custo de ambas as coisas é altíssimo. Somente a Torre de Kalifa, por exemplo,...

Eu não vou erguer torres nem criar guerras, mas, sei que o
custo de ambas as coisas é altíssimo. Somente a Torre de Kalifa, por exemplo,
inaugurada em 2010, nos Emirados Árabes, teve um custo de um bilhão e meio de
dólares e o apoio financeiro das potências mundiais à Ucrânia, em guerra contra
a Rússia desde 2022 daria para matar a fome de 42 milhões de pessoas! Confesso
que não entendo o fascínio de parte da humanidade, pelas torres e pelas
guerras. O que sabemos é que tal fascínio nos acompanha desde os primórdios da
história humana, desde que Caim matou Abel e que tentaram, em vão, construir a
torre de babel. Mas, eu não estou aqui para falar de torres e guerras. Apenas,
mencionei as duas coisas por causa do Evangelho de São Lucas (Lc 14, 25 – 33).
No Evangelho mencionado, Jesus em caminho para Jerusalém,
orienta as multidões e, principalmente, aqueles que pretendem segui-lo. O
seguimento de Jesus tem um preço e se a pessoa não estiver disposta a pagá-lo
não conseguirá seguir o seu chamado. Ele foi bastante radical quando disse: “ Se alguém vem a mim, mas não se desapega
de seu pai e sua mãe, sua mulher e seu filhos, seus irmãos e suas irmãs e até
da sua própria vida, não pode ser meu discípulo. Quem não carrega sua cruz e
não caminha atrás de mim não pode ser meu discípulo”.
Na língua original a palavra usada foi até mais forte que
desapego, mas isso agora não vem ao caso. O que sabemos é que não dá para
seguir Jesus com fogo de palha, ou seja, com entusiasmo passageiro. Essa
decisão tem que ser radical e, sendo assim, envolve rupturas até mesmo com os
laços familiares. Jesus não é contra o quarto mandamento, mas, afirma que ele
deve ser prioridade na vida de quem deseja segui-lo. Para atender aos apelos de
Cristo precisamos renunciar também as coisas boas e não apenas às que são
ruins. Trata-se de deixar o que é bom em vista de algo melhor. Pode acontecer
que, numa mesma família, nem todos fazem opção por Cristo. Pelo visto, São
Francisco de Assis teve que romper com o próprio pai que não concordava com sua
opção radical pela santidade.
O texto bíblico nos diz que: “grandes multidões acompanhavam
Jesus”. Mas, não afirma que elas queriam, de fato, pagar o preço do seguimento.
Por três vezes, nesse pequeno texto, Jesus disse: “Não pode ser meu discípulo”.
Não pode ser discípulo de Jesus quem não se desapega de pessoas, coisas,
situações e bens materiais e até da própria vida. Cristo deverá ocupar o
primeiro lugar em tudo. São João da Cruz, no seu Cãntico Espiritual nº 03
descreveu o comportamento de quem se apaixona pelo Amado (Cristo) e o busca,
pelos montes e ribeiras, sem se envolver com distrações:
“Buscando meus amores,
irei por estes montes e ribeiras; Não colherei as flores, nem temerei as feras,
e passarei os fortes e fronteiras...”
Assim como os apóstolos de Jesus, nós também somos fracos e
podemos negá-lo como Pedro o negou três
vezes. Por isso, é preciso estar sempre vigilante no foco de nossa busca. Ao
longo do caminho, certamente, encontraremos flores e feras. As primeiras nos
distraem as segundas nos amedrontam. Haverá montes e ribeiras, vales e
fronteiras. Por isso, todos os dias devemos perguntar a nós mesmos: onde está o maior
tesouro de minha vida? Jesus disse: Onde está o seu tesouro aí estará o seu
coração...
Seria muito bom se, ao final de cada dia, fizéssemos uma
avaliação do que fizemos para nós e o que fizemos para Cristo. Nessa balança podemos
perceber o quanto Ele pesa em minha vida e em minhas ações. Podemos ainda
questionar sobre as razões de nossas alegrias ou tristezas e pedir como o cego
do Evangelho: Senhor, que eu veja! Que eu possa ver o que lhe agrada e evitar o
que lhe desagrada.
A Torre de Kalifa possui 163 andares e 2.900 degraus. Não
saberia dizer quanto tempo uma pessoa gastaria para subir à pé esses degraus.
Mas, nossas vidas têm muito mais dias do que os degraus da Torre de Kalifa! Não
é fácil viver cada dia no amor e na fidelidade. Sem Cristo, certamente, não
conseguiremos perseverar. Mas, aprendamos a dizer com o Apóstolo Paulo: Eu tudo
posso naquele que me fortalece! (Fl 4, 13).
Que belo texto! e rica são as mensagens evangeliadoras. O Senhor foi do inicio ao fim muito feliz nesta construção. Nos leva a questionar sobre a qualidade da conexão que temos com Deus.
ResponderExcluirTeve também o capricho na escolha de uma bela música e agradável de se ouvir.
O chamado é para seguir uma Pessoa e que PESSOA!!!E de fato muitas vezes são escolhas mais radicais mas não desamparadas!
ResponderExcluirObrigado pelo texto Pe Gabriel!Acredito que somente com muita oração pessoal e comunitária nos fortificamos para decidirmos e "encararmos" o desafio de seguirmos o SENHOR JESUS!!!Shalom!