Deus sabe esperar

  Ainda bem que Deus sabe esperar! Às vezes, somos lentos demais para mudar de vida e, nem mesmo, uma tragédia consegue mudar nosso jeito de...

 


Ainda bem que Deus sabe esperar! Às vezes, somos lentos demais para mudar de vida e, nem mesmo, uma tragédia consegue mudar nosso jeito de pensar. O Evangelho de São Lucas (Lc 13, 1 - 9) fala de duas tragédias e termina com uma parábola de esperança.  A primeira fala sobre a inconsequência da ação humana que leva muitos ao sofrimento: Um massacre perpetrado por Herodes! A segunda tragédia mostra uma violência da natureza que também gera sofrimento: O desabamento de uma torre, em Siloé, matando 18 pessoas! Diante desses dois fatos trágicos surgem perguntas do tipo: Porque existem tantos males no mundo? Porque Deus não age logo punindo os maus e premiando os bons? A resposta dada à luz da fé acaba nos beneficiando. O que mais importa, não é a morte do corpo mas a disposição da pessoa para esse encontro com Deus. Talvez, os que morreram no acidente estivessem mais preparados, para isso, do que aqueles que viveram cem anos! No vestibular da vida alguns são aprovados antes dos outros. E quanto àqueles, a maioria de nós, que são lentos para a conversão? Aqui entra a parábola da figueira estéril. Mas, para explicar isso vou lhes contar uma história:

Minha mãe gostava de plantar diversos tipos de árvores frutíferas e verduras. Certa ocasião, tirou uma semente de ameixa da lata de doce e, resolveu plantá-la, num canto da horta. Caso nascesse, ali ficaria mais protegida contra os ataques das galinhas e dos porcos. Fome de galinha é algo implacável, pois, elas costumam destruir tudo o que veem pela frente! Para surpresa de todos, a semente brotou, cresceu e floriu. Quando a árvore já estava adulta sua sombra acabou destruindo a horta. Mas, minha mãe abriu mão da horta, com cercas de bambus, para salvar o pé de ameixa. Acontece que, apesar de florir bastante, a planta não deu um fruto sequer! Meu pai quis cortar logo aquela planta inútil. Alguns vizinhos arranjaram logo explicações: - Faltou uma planta “macho”, faltou adubo certo, faltou aplicar ao tronco, uns golpes de facão... Minha mãe esperou mais um ano e nada daquela planta produzir os frutos. Sabe o que aconteceu no ano seguinte? Ela virou lenha para cozinhar feijão!

O Evangelho de hoje mostra-nos uma história parecida. Uma figueira que não deu frutos, por três anos consecutivos! Pensando bem, o viticultor esperou até mais do que minha mãe. Mas, depois disso recebeu ordens para cortar a figueira. O viticultor disse: - Senhor deixa-a, ainda esse ano, vou cavar em volta dela e adubá-la... Pode ser que ainda dê frutos... “Se não der, então a cortaremos”! A paciência desse homem é coisa admirável. Assim é a paciência de Deus para conosco. Há quanto tempo, Deus espera, em vão, pelos nossos frutos? No caso, de Santo Agostinho, uns trinta anos! No caso de São Vicente de Paulo, uns vinte anos! E no seu caso?

Nós temos a paciência muito curta e olhamos dez vezes ao relógio se tivermos que esperar dez minutos! Pedimos pena de morte para os ladrões por não acreditar que possam mudar de vida! Somos apressados em tudo. No trânsito nos assemelhamos aos pilotos de fórmula um. Queremos chegar primeiro, pegar a fila antes dos outros e resolver logo nossa situação. Desistimos, com facilidade, da recuperação do irmão que passa por fraquezas ou provações. Alguns, simplesmente, suicidam para não ter que esperar a hora da morte natural! Como somos diferentes de Deus!

Jesus não tem pressa em arrancar o mal do mundo. O joio, ao ser arrancado, pode levar consigo também o trigo. Por isso, é preciso esperar até que um e outro amadureçam. Assim, fica mais fácil distinguir entre ambos, qual é a boa semente. É sintomático que Jesus tenha sido crucificado ao lado de dois ladrões. Um deles arrancou de Jesus a salvação no último minuto da vida quando disse-lhe: - Senhor, lembra-te de mim, quando estiveres no teu reino... Quanto ao outro, ninguém pode garantir que também não tenha sido salvo por Jesus. 

A conversão do “bom ladrão” mostra-nos que Jesus espera até o último momento que a gente mude de vida. Ele não tem prazer em destruir o pecador. Não gosta do pecado, mas ama o pecador e não confunde as duas coisas. Nós, em razão de tanta pressa jogamos o bebê fora com a água suja da bacia... Na pressa pelo desejo de justiça, quantas pessoas foram arremessadas ao abismo!

Deus tem paciência conosco. Jesus veio para nos salvar e não para nos perder. Assim, como no caso, do vinhateiro, espera mais um ano, se for preciso. Ele sabe adubar e cultivar. Mas, será que eu me preocupo em dar frutos? O que significa dar frutos? Significa colocar em ação a vontade de Deus. E qual é a vontade de Deus a meu respeito? Isso cada um poderá descobrir à luz da oração e da iluminação do Espírito Santo. Uma coisa posso lhe garantir: - Deus é Deus da vida! Tudo o que promove e valoriza a vida está de acordo com o desejo de Deus. O que gera e promove a morte não combina com o desejo de Deus. Em cada situação concreta Deus irá iluminando-nos para percebermos e praticarmos sua vontade. Por ora, fiquemos com a necessidade da conversão. Ainda que ganhemos mais um ano de vida, essa chance um dia irá terminar.

Pense nisso!

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  1. Bom ler um texto que carrega a mensagem da esperança da resiliência, porque tá dando para ficar desanimada com a humanidade. Como diz o título, "Deus sabe esperar", e se ainda nos dá chance, devemos procurar com esforço, não decepcionar.

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