Jesus, lembra-te de mim...
No Evangelho de São Lucas (Lc 23,33-43) podemos refletir sobre muitas coisas. Nessa, que foi a última cena da paixão de Cristo, devemos me...
No Evangelho de São Lucas (Lc 23,33-43) podemos refletir
sobre muitas coisas. Nessa, que foi a última cena da paixão de Cristo, devemos
medir o peso de cada palavra! Comecemos pelo primeiro versículo:
Quando chegaram ao lugar
chamado Calvário, ali crucificaram Jesus e os malfeitores...(23, 33) O calvário (Gólgota, em hebraico) era uma
pequena elevação a oeste de Jerusalém. Era preciso “abater” o condenado fora
dos muros da “cidade santa” para não sujar a paisagem urbana... Que tristeza!
Recentemente, um chanceler alemão disse que os imigrantes representavam um
problema na paisagem urbana de seu país. Quem são, ainda hoje, aqueles cujos
corpos enfeiam nossas praças e avenidas?
Jesus foi crucificado: A cruz não era apenas a morte. Era a
morte somada à vergonha pois o condenado ficava exposto, nu para agonizar,
lentamente, diante de todos. Nem o direito à sepultura eles tinham. No caso, de
Jesus foi preciso todo um “arranjo diplomático” para que o corpo pudesse ser
tirado da cruz.
Foi crucificado entre malfeitores. Esses malfeitores nos
representam. Alguns, nem mesmo no sofrimento, amolecem o coração e pedem clemencia
a Deus. Outros, são capazes de pedir perdão. Um dos malfeitores insultava (23,
39) Jesus mesmo estando com o pé na cova. O outro, no entanto, pediu para “ser
lembrado”(23, 42). Essa súplica do sofredor parece ser tudo o que Jesus
esperava antes de morrer, ou seja, salvar mais um, o último, na verdade. Ele pediu, apenas, para ser lembrado, mas
Jesus o salvou “hoje mesmo”!
O povo permanecia lá observando (23,35). O povo observava,
cheio de curiosidade sem nada fazer. Fosse hoje, talvez, estivessem filmando
para postar nas redes sociais, sem um pingo de compaixão pela dor do outro. “Pimenta
no olho do outro é refresco...”
Os soldados zombavam dele e lhe ofereciam vinagre (23, 36).
Essa parte faz a gente se recordar do Salmo 69, 22: Quando tive sede, me
ofereceram vinagre! Ao longo de sua vida, Jesus nos ofereceu água viva e em
troca, nós lhe oferecemos vinagre. Em troca de ternura o azedume!
Os soldados zombavam de um agonizante... Isso não faz nenhum sentido. Nem
animal faz coisas desse tipo(*).
Se és o rei dos judeus, salva-te a ti mesmo... Essa forma de
pensar não foi um privilégio dos soldados que estavam diante da cruz. Ela mostra
o nosso egoísmo ainda hoje, pois, “se a farinha é pouca, o meu pirão primeiro”! Isso em nada combina com os ensinamentos de
Cristo que esqueceu-se de si mesmo para salvar-nos a todos. O egoísmo faz um
movimento contrário. Cada um só pensa em si. Além do mais, subjacente a essa
fala está a concepção de poder. O rei é aquele que tudo pode, e primeiro deve
salvar a si e aos seus. O povo que se vire!
Na placa colocada acima da cruz, escrito em latim, hebraico e
grego mostrava o motivo da condenação: “Esse é o rei dos judeus”. Na verdade,
Jesus não era o rei dos judeus. Ele veio para estender sobre todos o seu reino
de amor. Por isso, a frase escrita em muitas línguas... (Jo 19,20).
Hoje estarás comigo no paraíso (23, 43). A Bíblia mostra que
quando Deus criou o homem ele o colocou num paraíso. Adão pecou e foi expulso
do paraíso. Jesus, o novo Adão não teve pecado e abriu de novo, para nós, as
portas do paraíso. Assim como Adão foi vencido pela serpente na árvore do
paraíso, Jesus a venceu na árvore da cruz.
A cruz tornou-se assim, sinal de vitória. Jesus, nosso rei,
não pode ser visto separado da cruz pois, ela foi o trono, a partir do qual, ele
venceu a morte e o pecado. Ainda hoje, a cruz é uma realidade para cada um de
nós. De uma forma ou de outra ela acaba marcando nossas vidas. A maneira como
me relaciono com ela é que faz a diferença. Ela significa sofrimento e o
sofrimento é inevitável. Mas, uma coisa é sofrer com Cristo e outra é sofrer
sem ele. Os malfeitores vivenciaram a cruz de forma diferenciada. Um deles a
usou como ponte para o céu. Quanto ao outro ninguém sabe...
Pense nisso!
*https://ggpadre.blogspot.com/2021/06/e-cacoaram-dele.html
Foto: Arquivo pessoal.




Que possamos acolher o Reino de Deus em nós e sermos conduzidos pelo Cristo Rei!
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