A Morte do Liu

Foi uma verdadeira recaída que ele teve na virada dos sessenta. Pintou o cabelo sincronizado com a cor do bigode. Até que teria fica...


Foi uma verdadeira recaída que ele teve na virada dos sessenta. Pintou o cabelo sincronizado com a cor do bigode. Até que teria ficado bom, se o bigode, não tivesse descolorido primeiro. Adotou novas cuecas e um novo modelo de calças, agora mais justas.  Só vestia jeans, pois, Flavinha, a razão de sua desventura, um dia mencionou que o jeans deixava o homem mais gato.  Passou a usar camisas de malha tipo "baby Look", logo ele que sempre usara camisa de botões com dois bolsos na frente!
Liu, anteriormente chamado por Luiz Ítalo Umbaldino, passou por uma verdadeira metamorfose.  A razão de tudo não era outra, aliás, era a outra sim. Era Flávia Rebordão que ele, carinhosamente, tratava por “Flavinha”. Na intimidade, simplesmente, gemia a palavra “mor” ao chamar a dita cuja. Bem que foi avisado: - Cuidado com essa mulher. É profissional! De nada adiantara. Porventura, é possível, fazer enxergar um homem maduro apaixonado por moça nova. Moça, sim. Flavinha havia falado que ele era seu primeiro único e grande amor. 
Liu passou a ver o mundo cor de rosa e em forma de coração. Tudo era a Flavinha. Brigou com a esposa, com os filhos, parentada, com o mundo!  Chegou a falar absurdos para a filha que trabalhava na varrição de ruas. Afirmou que ela jogava a poeira pros lado da Flavinha quando a via passar por perto. Aquilo já era demais! Era Flavinha prá lá, Flavinha prá cá. Nada mais lhe interessava. O dinheiro de sua aposentadoria era para aquela a quem havia entregado o coração. Fez um financiamento no banco para ajudar Flavinha a adquirir um fusca modelo Itamar Franco. No auge do ciúme chegou a ser preso ao agredir um cara querendo agarrar Flavinha que, por medo, só podia ser por medo, não lhe opunha resistências!
Flavinha era um fogo só! Perto dela, Liu perdia o prumo e o rumo de casa. Aquilo era mulher para mais de metro! Para honra da firma passou a consumir excesso de vitaminas e alimentos reforçados.  

Um dia igual ao outros, Sr. Liu apareceu morto. Durinho, durinho! Seu corpo foi encontrado, apenas, ao final da tarde. Flávia Rebordão chegou de viagem e não pareceu muito assustada. Chorou, profissionalmente, também para honra da firma.  Ninguém sabia a “causa mortis” do homem do bigode furta-cor. No bolso da vítima, encontraram uma cartela, ainda cheia, de comprimidos azuis... 
Flavinha acabou encontrando um novo amor e Liu foi pro beleléu com bigode e tudo!

Imagem de Daga_Roszkowska por Pixabay 

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