Abridor de Trilhas

Herdamos uma infância e carregamos suas consequências pela vida a fora. As experiências de outros tempos ganham novos significados na vi...

Herdamos uma infância e carregamos suas consequências pela vida a fora. As experiências de outros tempos ganham novos significados na vida adulta. 
Alguns pontos de minha infância acabaram determinando quem sou. Lembro-me das constantes saídas que fazia acompanhando meu pai em suas atividades. Íamos, por exemplo, para as matas e brejos procurar algum animal, apanhar lenhas ou pescar. Meu pai, com seu inseparável facão, abria trilhas nas matas para facilitar o caminho. Herdei dele esse hábito e hoje procuro colocá-lo em prática, em tudo o que faço, seja no rádio ou na Igreja.  
Às vezes, me propondo a estudar um determinado autor ou trecho bíblico e me apaixono pela situação. Procuro arrancar do texto  até a última gota do seu licor e depois, geralmente, me embriago.  Enquanto estudo, escrevo e partilho minhas experiências sobre aquela realidade. Dessa forma, vou abrindo trilhas para que outros também as percorram. Fico iluminado quando um de meus leitores ou ouvintes me revelam que ainda não haviam contemplado aquela paisagem no texto que comentei.  É preciso sentir o cheiro, o sabor e a cor do texto! Afinal ele nasceu de uma experiência concreta. Por isso, precisamos sentir sua carga dramática e seus apelos.
Hoje, percebo que herdei de meu pai, o hábito de abrir trilhas. Mas, ninguém abre trilhas à toa. Existe uma razão maior, que compensa o esforço empregado em arrancar o mato e limpar o caminho. As trilhas que abro são tentativas de chegar a um grande tesouro. Deus é seu nome. Minha tarefa não é muito fácil. Também corro o risco de me perder na mata virgem. Os empecilhos e embaraços são muitos. Quando penso estar perto da linha do horizonte percebo que ela se distanciou de mim, como um brinquedo de esconde-esconde. A cada pausa, faço um novo recomeço, sem nunca me desanimar. De vez em quando, o tempo se fecha e tudo parece escuro. Então, é hora de olhar para o céu e se orientar pelas estrelas. Minhas estrelas têm nomes: Tereza de Ávila, Francisco de Sales, Cura D`Ars, Vicente de Paulo, S. José, Paulo... O céu de Deus é enfeitado com os santos que são nossos. Eles também foram abridores de trilhas. Nesse ofício, alguns pagaram com a própria vida! Por isso, podem nos ensinar muita coisa e ajudar-nos a encontrar o caminho certo.
Não me considero guia ou chefe de expedição. Sou um peregrino que também busca o que me completa. Espero um encontro de plenitude! Por enquanto, só tenho lampejos... Ainda bem! Eles me ajudam na caminhada e são indicativos do tesouro. Mas, não quero a parte. Quero o todo. Por isso, devo andar e buscar sempre. Só vou me descansar nos braços daquele para o qual desejo entregar minha vida!

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