Céu, inferno e purgatório
Recetemente, um criminoso dizia, enquanto mantinha refém sua vítima amedrontada. “Tenho dentro de mim um anjo e um diabo; a cada hora u...
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Recetemente, um criminoso dizia, enquanto mantinha refém sua vítima amedrontada. “Tenho dentro de mim um anjo e um diabo; a cada hora um fala uma coisa em meu ouvido”. O desfecho do caso aconteceu, infelizmente, quando o diabo falou mais alto. O seqüestro terminou sem ganhadores. Um das moças morreu, a outra ficou ferida pelos disparos e o assassino foi preso. O motivo da tragédia: Paixão desenfreada. Pelo visto, ele não conseguiu suportar o final de um namoro.
O fato mencionado foi citado, apenas, como ilustração para o que vou dizer agora. Há dois conceitos modernos que frequentemente são usados para definir o homem. O homem é natureza; o homem é pessoa. Visto sob os dois conceitos o ser humano é sempre bom ou capaz de se tornar bom. São Basílio Magno, pai do monaquismo, na igreja oriental (Séc IV), dizia em sua regra monástica, que ninguém precisa ensinar ao outro a amar a Deus. Para isso, a natureza humana já foi preparada. Assim como, naturalmente preferimos a luz, naturalmente preferimos o bem, ou seja, Deus. Desde que o homem começa a existir, nele foi depositada uma força espiritual que encerra em si mesma a faculdade e a tendência para o amor. Esse pensamento nos remete a um profundo otimismo com relação à natureza humana. O grande problema foi sempre o pecado. Ele torna decadente a natureza e puxa o homem para baixo levando-o aos caminhos da morte.
O outro conceito citado, define o homem como pessoa, isto é, centro decisório que orienta todo o ser e encaminha a natureza numa determinada direção. Como temos uma natureza pecaminosa, em nós há um conflito constante: uma força que nos puxa para baixo(natureza contaminada pelo pecado) e uma que nos atrai para o alto. Cabe à pessoa, enquanto um centro de decisão, educar a natureza e dar-lhe o encaminhamento próprio. Ao diabinho citado no início do texto, faltou um corretivo que poderia ser dado pela pessoa.
A graça de Deus sempre vem em auxilio, daquele que busca vencer as tentações, em suas múltiplas formas. Deus já nos fez preparados para o amor, a graça e a santidade. Por outro lado, nos fez livres, até para dizer não, à tudo isso. Nesse caso, estamos escolhendo o inferno. Ele é uma possibilidade para aquele que livremente nega a Deus. O purgatório, já acontece aqui, nessa tensão constante entre o bem que queremos e o mal que sem querer, praticamos (Rm 7,19). O fogo do purgatório é a dor que nos acompanha nesse processo de libertação constante do pecado. Isso, certamente, nos acompanhará até a morte, visto que, somos fracos e pequenos. São Paulo chegou a dizer: quem me livrará dessa condição(natureza) mortal( Rm 7,24)? Por outro lado, disse também: Quem nos separará do amor de Cristo(Rm 8,35)? O céu e o prêmio para aquele que lutou, combateu o bom combate e perseverou no bem(2Tm 4,7). A glória da eternidade está reservada para todos que abriram os ouvidos para a voz dos anjos, isto é, aos apelos da graça, e disseram não, à todas as formas de tentações.