Deus ficou fora
Os filhos de Israel passaram por duras experiências na travessia do deserto. Para trás deixavam a escravidão, um mundo duro, porém fami...

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Os filhos de Israel passaram por duras experiências na travessia do deserto. Para trás deixavam a escravidão, um mundo duro, porém familiarizado. Adiante estava a liberdade, um horizonte sonhado, porém, desconhecido. O deserto era o “meio de campo” entre as duas realidades. Nesse meio de campo, alguns puxavam a caminhada , outros, pisavam no freio. Como líder do grupo estava Moisés que apanhava dos dois lados. Alguns o condenavam por ter tirado o povo do Egito, outros, porque não viam nunca a tal “terra prometida”. Às vezes, parecia que até Deus o havia abandonado…
A compreensão que o povo teve de Deus foi crescendo com o tempo. Muitas vezes, representavam-nO com atitudes humanas. Assim, Deus foi entendido como ciumento, guerreiro, vingativo… Mas, também foi visto como companheiro, aliado em busca da liberdade e, sobretudo, como pai. Ao longo do livro do Gênese Deus aparece como aquele que acompanha o povo e o educa como um pai acompanha e educa os filhos. Obviamente, ninguém gosta de puxão de orelhas. O povo de Israel também não gostava apesar de merecer. Acostumado à escravidão, aquele povo não sabia agir como povo livre e, por isso, muitas vezes, fazia “lambança”. Por causa disso, Moisés alcançou de Deus uma lei que pudesse servir como código de conduta para seu povo. Entendiam que a lei havia sido dada pelas mãos de Deus a Moisés. Os dez mandamentos da lei de Deus acabaram se tornando um modelo para grande parte da humanidade. Para receber as tábuas de pedra com os mandamentos Moisés cumpriu todo um ritual com orações e jejuns. No alto do Monte Sinai, fez um grande “retiro espiritual” antes de receber a lei. Impaciente com a demora de Moisés o povo rapidamente caiu no pecado da idolatria. Fizeram um bezerro de metal fundido e começara a adorá-lo. Ao ver tal cena, indignado, Moisés quebrou as tábuas de pedra, destruiu o bezerro e derramou na água o pó que dele restou. Deus também não gostou do comportamento do povo e retirou-se para fora do acampamento(Ex 33, 7).
Estar no mesmo acampamento e dividir o mesmo espaço só é possível quando se tem muita amizade. Pois bem, o pacto de amizade havia sido rompido. Deus se magoou com seu povo e retirou-se do acampamento. Apenas Moisés podia freqüentar regularmente a tenda do Senhor. O povo olhava de longe e cada um prostrava-se diante da própria tenda ao ver a nuvem, que era a presença de Deus, fora do acampamento(Ex 33,10). Os pecados do povo expulsaram Deus do acampamento. Em sua perfeição ele não podia dividir o mesmo espaço com as imperfeições do povo.
Ainda hoje costumamos expulsar Deus do nosso meio por causa de nossos pecados. Quando vejo a escalada da violência, sobretudo, violência contra as crianças, temo que Deus queira armar sua barraca fora de nosso acampamento. Por tudo que sei de Deus, o que Ele mais quer é estar em nosso meio. “O Verbo de Deus se fez carne e veio morar entre nós”. Ele armou sua tenda entre nós, essa é uma grande verdade. Nunca fomos merecedores de tal atitude da parte de Deus, mas Ele quis assim. Embora saiba que o maior sonho de Deus é estar perto de nós, temo perder esse privilégio pois grandes são os nossos pecados! Somos um povo em marcha para o céu, conforme diz uma música litúrgica. O céu é nossa “terra prometida”. Nossa marcha, no entanto, não segue linha reta. Desviamos facilmente do caminho e ainda traímos o amor de Deus. Que Ele nos perdoe e nunca se distancie de Nós! Caso contrário, estaremos irremediavelmente perdidos.