Letargia

Enquanto não chega a dama de preto, com a foice na mão, a gente vai comendo poeira. Aliás, a tal dama, anda muito ocupada, ultimamen...


Enquanto não chega a dama de preto, com a foice na mão, a gente vai comendo poeira. Aliás, a tal dama, anda muito ocupada, ultimamente. Por pouco, não se tornará a “rainha do asfalto”.  Cerca de três acidentes, por dia, somente nas bandas do patafufo! É pouco? Em ocasiões de festa o índice sobe. Se isso aparece são outros quinhentos.  É claro, que nem sempre a dama ganha a parada. Alguns conseguem socorro médico, antes de tomar a embarcação pro Alto da Gabiroba.

Não estou mais reconhecendo este mundo. Vejo que a cidade se “diverte” ao som infernal de um barulho que atravessa as noites; temos conseguido conviver com horário político, dois por dia! Percebo, anestesiado que a cidade arde em chamas em cada topo de serra. Terá sido o apocalipse que se desencadeou? Vejo um exército de seis homens, com trajes de soldados, tentando apagar as chamas de forma desesperada… Onde estão os outros, meu Deus?

Recentemente, quando fazia uma caminhada matinal, nas imediações da Ponte Grande, percebi, com assombro, que a estátua do Cristo, no alto da serra, havia mudado de posição. Com a mão direita tampava o ouvido enquanto a esquerda servia-lhe de venda para os olhos. Achei estranha aquela posição. Mas, parece que, além de mim, ninguém mais viu nada. Eu não lhe disse? Agora tenho visões que se parecem sonhos. Mas, como sonhar com o forte barulho que vinha da serra? Os moradores do Bairro Raquel que se cuidem!  Pedras grandes vão rolar. As pequenas já rolam há tempos…


Não é bom ter essas visões. Às vezes, é melhor não ver nem ouvir nada. Aliás, nossa cidade, ultimamente, está maravilhosa. Não temos mais violência, nem furtos ou drogas. Tudo está perfeitamente maquiado e lindo de se ver. Somos um povo feliz! Alice, que viveu em maravilhas tem inveja de nós. Por favor, alguém me belisque. Preciso sair dessa letargia. Em Deus eu já acredito. Mas, como acreditar nos homens? Estamos num tempo de promessas e propósitos. Tenho que acreditar em alguma coisa. Caso contrário, prefiro esperar a mulher de preto.

Imagem de katja por Pixabay 

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