Mal entendido
A coisa aconteceu com uma amiga cujo nome prefiro omitir. Violão em punho, ela se foi para alegrar uma tarde dos velhinhos no abrigo. A...

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A coisa aconteceu com uma amiga cujo nome prefiro omitir. Violão em punho, ela se foi para alegrar uma tarde dos velhinhos no abrigo. Aliás, isso era o tipo da coisa que gostava de fazer: Usar os seus dons para alegrar as pessoas. Chegando ao destino, deu uma geral no ambiente, e parou perto de uma senhora que pareceu mais interessada em seu violão. Puxou a cadeira e cantou um tom acima, para amenizar a surdez da idosa que, as vezes, parecia distante...
Ao final da terceira música, a boa senhora inclinou-se, em sua direção e, como se quisesse aplaudir murmurava qualquer palavra que terminava em “inha”. A idosa insistia com a palavra e apontava na direção da pauta. Só podia estar dizendo “gracinha”, pelo menos foi isso, que minha amiga entendeu. E lá vai música! Agora, com mais entusiasmo, cantou “Beijinho Doce”, “Cabecinha no Ombro” e muitas outras. Nisso, o quarto foi tomado por um forte odor. Um riozinho formou-se pelo chão e, deslizava-se vagarosamente rumo à porta dos fundos.
Ao fim da apresentação chegou a cuidadora com o pacote de fraldas e uma calcinha enxuta na mão. Só então, a cantora entendeu o mistério daquele “inha” que a senhora idosa tanto insistia em pronunciar.
Meio chué, botou a viola no saco e foi cantar em outra frequesia...