Riscos do poder

O que é o poder? Não vou defini-lo por dois motivos: tenho ojeriza às definições e o tamanho do texto não permite. Sei que ele é iner...


O que é o poder? Não vou defini-lo por dois motivos: tenho ojeriza às definições e o tamanho do texto não permite. Sei que ele é inerente ao ser humano. No filme "Robson Crusoé", a primeira atitude do personagem principal, ao encontrar o "Sexta Feira", foi colocar o pé sobre o seu ombro. Ao ver a cena pensei num ritual de poder. O náufrago, perdido na ilha demostrou para a primeira "alma viva," por ele encontrada, quem ali, possuía mais poder.

Quando penso no poder não me lembro apenas do Presidente da República, do Governo Estadual ou Municipal. É claro, que ali estão as estruturas do poder. Mas, ele está também, nas empresas, nas igrejas e até nas capelinhas mais modestas. Nesse caso, os padres que o digam! Como sofrem com isso!

Alguns, investidos do poder, não resistem à tentação de se identificarem com ele. Agem como se eles mesmos fossem a encarnação do poder. Assim, agiram todos os monarcas absolutistas. No regime democrático, entretanto, o poder repousa sobre o vazio. Ele não se identifica com ninguém. É delegado pelo povo para que alguém o exerça, provisoriamente, durante um certo tempo. Como ninguém se apossa dele infinitamente, seu titular provisório, tem um desafio diário: lutar para não perdê-lo. A palavra "demos" + "Kratos" , afirma que "o povo", por mais vaga que seja essa expressão, é o verdadeiro titular do poder. Ele confere e retira e retira o poder (Kratos) a quem quiser e durante o tempo que quiser.

Infelizmente, muitos se iludem com o poder. A maior ilusão é pensar que ele é vitalício. Arvoram para si a aura dos deuses. No caso do poder político, se você quiser observar isso, basta analisar sua relação com os detentores do poder, antes e depois do mandato. Meus Deus, como mudam!!! Parecem cegos. Não conseguem ver a vida como cidadãos comuns. Permanecem acima das nuvens e se sentem verdadeiros deuses. Passam a não enxergar as mazelas da vida. Não vêem a dor do pobre, e a fome de justiça do "comum dos mortais". Sentem somente o incenso queimado pela legião, sempre crescente, dos puxa-sacos.

Gosto de conversar com pessoas que já ocuparam cargos de poder. Passada a ilusão do cargo, herdaram a serenidade das pessoas comuns. Após a investidura, começam a recolher os cacos que sobraram da função pública. Ela, sendo uma das mais exigentes, leva a pessoa a se esquecer dos amigos, clube de esportes, igreja e até da própria família. São inúmeros aqueles que perderam a própria família em função do cargo.

Nesse texto não quero abordar somente o lado mau do poder. O exercício do mesm,o leva as pessoas a se aproximarem da bondade ou maldade. Você já pensou quanta coisa boa pode fazer quem está no poder? O inverso, infelizmente, também é verdade. Quando o poder está sendo exercido por pessoas despreparadas para tal, o que ocorre é um verdadeiro desastre. A visão míope, nesse caso, leva a dividirem o mundo de forma maniqueista. Põem de um lado os amigos, do outro, os inimigos. Para os primeiros, distribuem os favores, para os segundos os rigores. Lamentavelmente, isso acontece, com mais freqüência que gostaríamos. Ainda não aprendemos a conferir poder às pessoas certas. Esquecemos da palavra de Jesus: "Um cego, não pode guiar outro cego. Ambos acabarão caindo no mesmo buraco". Pensando nisso, já comprei uma bengala. Estou com muito medo de rechear um deles, a qualquer momento.

Imagem de intographics por Pixabay 

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