Zelo de Deus
No livro do Êxodo, a Bíblia mostra uma longa viagem do povo hebreu. Os diversos trechos do livro são carregados de simbolismos. Para tr...
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No livro do Êxodo, a Bíblia mostra uma longa viagem do povo hebreu. Os diversos trechos do livro são carregados de simbolismos. Para trás devia ficar o Egito, terra de fartura onde, pelo jeito, havia muita cebola e carne cozida para o povo. Pensando nesses confortos os hebreus esqueciam sua condição de escravos. Eram tentados a desistir da busca de uma nova terra, onde não havia garantia de cebolas ou carnes e sim um sonho de liberdade… Entre a escravidão e a liberdade havia um deserto a ser percorrido. Num deserto falta quase tudo. A falta de água, no entanto, é o que mais penaliza o viajante. Mas, o que é a falta de água quando Deus está presente?
Acompanhando a caminhada desse povo quero refletir rapidamente sobre três momentos em que ele se deparou com a água. Saindo à noite do Egito e contando apenas com a proteção divina o povo se deparou primeiramente com as águas do mar vermelho e entrou num beco sem saída. Comparado ao poder do faraó, os hebreus eram nada. Não tinham exércitos, armas ou cavalos. Enquanto o faraó possuía tudo isso e poderia esmagar rapidamente os inimigos. Eis que providencialmente o mar se abriu e os hebreus atravessaram-no a pé enxuto (Ex 14,1-30). Humanamente falando, essa travessia seria algo impossível. Mas, para Deus o que é o impossível?
Após a superação do primeiro grande obstáculo, vieram outros e mais outros. O povo estava com sede e reclamou a Moisés. Um pouco mais adiante viram um oásis. Correram para a direção do mesmo e só então descobriram que suas águas eram amargas (Ex 15,35-25). Eram águas de Mara(amargosas). Mais uma vez estão num beco sem saída. Moisés ordena que o lago seja banhado com um pedaço de lenho. Milagrosamente as águas tornaram-se doces e agradáveis ao paladar. Esse lenho sagrado lembra-nos a cruz de Cristo que também pode suavizar nossos sofrimentos.
Na caminhada desse povo o que não faltaram foram murmurações. De novo murmuraram contra Moisés. Estavam mais uma vez com sede e castigados pelo sol. Lembravam os “confortos” do tempo da escravidão e protestavam (Ex 17,1-7). Moisés atendendo uma ordem divina tocou uma rocha com seu bastão e dela jorrou água pura para o povo matar a sede. O lugar passou a ser chamado “Massa e Meriba” que quer dizer provocação e contestação.
Nesses três episódios podemos ver o zelo de Deus pelo seu povo. Nas horas mais difíceis Ele se manifesta e vem em socorro dos seus. Apesar de ter experimentado mais de uma vez esse amor e zelo divinos o povo continuou a reclamar de Deus. Questiono se hoje as coisas mudaram muito. Deus é sempre maravilhoso com seus filhos. Nós, no entanto, reclamamos demais. Reclamamos até de coisas pequenas e insignificantes. Facilmente nos esquecemos da afirmação de São Paulo: ” Se Deus “é por nós, quem será contra nós”?