A Messe é grande

Imagino que Jesus estivesse diante de uma lavoura vendo os frutos, brilharem, sob o sol e pedindo para serem colhidos. Essa paisagem externa lhe serviu de inspiração para falar do seu reino, o Reino de Deus. Com uma pontinha de tristeza ele viu que precisava de muitos braços para recolher os frutos da colheita antes que eles se perdessem. Naturalmente, disse em voz alta: “Grande é a messe e poucos os operários. Rogai ao Senhor da messe que envie mais operários...” Naquele tempo os operários já eram poucos. Esse desafio, infelizmente continua.

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Uma messe é uma lavoura em ponto de colheita. Eu já trabalhei na roça e, portanto, sei da urgência de braços na hora de uma colheita. Certas plantações não esperam. O tomateiro, por exemplo, amadurece de uma vez, e se não for colhido, rapidamente, os frutos apodrecem. Com o arrozal acontece a mesma coisa. Sua colheita exige muitos braços e certa rapidez.

O dia da colheita costuma ser um dia de trabalho e de festa. A festa é a alegria de ver os frutos do trabalho e a certeza da barriga cheia ao longo do ano. Em minha infância era um consenso: Dia de colheita acontecia sempre um mutirão. Assim, um vizinho ajudava o outro para que todos pudessem garantir o pão para os filhos. Naquele tempo não havia arroz descascado em saquinho, mas havia muito mais fraternidade entre as pessoas.

Voltando ao caso do Evangelho, penso que hoje Jesus diria a mesma coisa. Ainda faltam braços... E por causa dessa falta de braços quanta colheita já se perdeu! Fico pensando nos jovens que se desviaram do bom caminho porque faltou alguém que fosse presença de Deus em suas vidas; penso nos casamentos perdidos pela falta de Deus; nas pessoas sem esperança, porque se distanciaram da Palavra de Vida...

O mundo é uma grande plantação, constantemente, atacada por pragas que, se não forem combatidas ao tempo certo, põe tudo a perder.  Quantas pragas sufocam as novas plantações... As crianças, desde cedo, são sufocadas por um consumismo desenfreado e por uma pressão de todos os lados. Com oito anos tem que dominar o inglês, a natação, a informática...

Ao ver a necessidade da messe Jesus instituiu um grupo de setenta e dois discípulos e enviou-os, dois a dois, para pregarem (Lc 10, 1-12). 

Para as duplas deu algumas instruções:

Deveriam ser desapegados e desinstalados: - Não leveis bolsas nem mochilas... Ide de cidade em cidade;

Deveriam ter clareza do que anunciavam: - A paz. “... Em toda casa em que entrarem dizei: A paz esteja nessa casa!”;

Encontrariam dificuldades: Eu vos envio como ovelhas em meio aos lobos...

Pelo visto, o terreno não mudou muito. Talvez, o número de lobos tenha crescido. Mas, a força de Deus é muito maior do que os lobos da estrada. Por isso, os verdadeiros missionários, ainda continuam o trabalho de evangelização procurando “colher pessoas” para o Reino de Deus. Cada batizado deveria se preocupar-se, um pouco, com essa colheita. O tempo urge e os frutos podem passar da hora.

 Talvez, o braço que esteja faltando seja o seu. 

Pense nisso!