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Imagem de  진혁 최  por  Pixabay   O Brasil foi construído graças ao suor e sangue dos milhões de negros africanos que aportaram por a...


Imagem de 진혁 최 por Pixabay 
O Brasil foi construído graças ao suor e sangue dos milhões de negros africanos que aportaram por aqui na condição de escravos. Estima-se que o país recebeu cerca de 40% dos quase 10 milhões de africanos que foram transportados para as Américas entre os séculos 16 e 19. Tratados como mercadoria, os negros não tinham voz e nem vez. A crença européia de que na África situada abaixo do Saara havia um povo identificado à natureza e incapaz de promover cultura foi um dos pilares que justificou a escravidão. Hegel, filósofo alemão, por exemplo, chegou a afirmar em sua obra, Filosofia da História Universal: 

Os homens vivem ali na barbárie e na selvageria, sem fornecer nenhum elemento à civilização. Por mais que retrocedamos na história, acharemos que a África está sempre fechada no contato com o resto do mundo, é um eldorado recolhido em si mesmo, é o país-criança, envolvido na escuridão da noite, aquém da luz da história consciente (...) Nesta parte principal da África, não pode haver história”(Cf:Revista História Viva – Temas Brasileiros, Nº 03- 2006).

         O negro que chegou ao Brasil era considerado uma simples mercadoria ou ferramenta usada para enriquecer os brancos. A cor da pele justificava uma suposta inferioridade racial. Enquanto peça necessária ao funcionamento da engrenagem social a escravidão deveria ser preservada. A terra brasileira foi irrigada com o sangue e suor dos africanos que por aqui chegaram. Obviamente, ninguém queria libertar os escravos. As leis que se criaram nesse sentido chegaram a ser engraçadas.

         Ao assinar o Tratado de Comércio e Navegação com a Inglaterra, D. João VI, rei de Portugal (1767-1826) compromete-se com o fim do comércio dos escravos. Durante quinze anos nada se fez nesse sentido, pois o rei era pressionado pelos grandes proprietários de terras. Em 1825, os ingleses exigem que o Brasil marque uma data para extinguir a escravidão. Por causa dessa pressão externa uma lei que proibia o comércio de escravos foi votada em 1831. Como nunca foi colocada em prática a lei originou a expressão “Para inglês ver”. Ainda pressionado pela Inglaterra, o Brasil vota a lei Eusébio de Queiroz, em 1850, proibindo o tráfico de escravos.

         A Lei do Ventre Livre é tão bizarra quanto a Lei dos Sexagenários. A última concedia liberdade aos escravos após 60 anos. Como a maioria dos escravos morria antes, a lei caia no vazio. A primeira concedia a liberdade aos escravos nascidos após 1871. O detalhe é que eles deveriam ficar sob a tutela de seus senhores até completarem 21 anos... Por fim, a Lei áurea, foi assinada pela Princesa Isabel em 13 de maio de 1888. Os escravos foram libertados com uma mão na frente e outra atrás.

         Após mais de cem anos, desde a assinatura da Lei Áurea, o Brasil ainda convive com a mancha da escravidão. De acordo com a Organização Internacional do Trabalho (OIT), existem, atualmente no país cerca de 25 mil trabalhadores submetidos à condições semelhantes à escravidão. Essa violação aos direitos humanos representa uma vergonha nacional (CF: Revista Brasil Responsável, SP, 2006).

         Refletir sobre a escravidão negra é buscar nas trevas do passado a experiência negativa que não deverá se repetir no futuro. Mas, ao que parece, nunca conseguimos nos libertar totalmente da escravidão. É uma pena! O futuro do país jamais deveria ser construído sobre as lágrimas e o sofrimento dos pobres. Atualmente, parece que estamos andando na contra-mão da história, pois vemos crescer em nosso meio o racismo e o preconceito. Que pena! Quando é que vamos compreender que raça humana não tem cor?

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  1. Se respeitassem pelo menos as coisas de Deus, entenderiam porque Nossa Senhora apareceu no Brasil na cor negra. Né?

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  2. Infelizmente o preconceito assola não somente condizente a cor, mas a muitas outras condições no tempo de hoje!!! Contudo percebo a possibilidade de mudanças positivas para um futuro bem próximo!

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