Festa de São João
A bela flor da paineira suaviza seu abandono O cipó de S. João se joga da ribanceira sem temer o próprio tombo O urubu que a tudo esp...

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A bela flor da paineira suaviza seu abandono
O cipó de S. João se joga da ribanceira sem temer o próprio tombo
O urubu que a tudo espia, da sucupira seca, parece reprovar a teimosia da vida.
Sempre gostei das paineiras
A paina macia é a mão materna que afaga
Mas, travesseiro de paina é para poucos.
Cipó de S. João populariza o santo
E o urubu teimoso espreita a vida sem desistir
A flor do "assa-peixe" grita pelas abelhas
Apesar do formigueiro, o verde sempre acontece
Na secura das pedras e no calor do abandono
o cascavel faz morada
É a morte na espreita
E o vento sacode o bambuzal
Num baile que não tem fim
Espinho de sapé fura até o chinelo
Mas suas folhas ao vento
Parece um êxtase
O pássaro-preto atrevido
Teima em se aninhar no coqueiro babaçu
Com mais espinhos que a coroa de cristo
Ô Cristo, por que a morte sufoca o baile de plumas da paineira?
O Assa-peixe florido
As abelhas,
O ondular do sapé
A flor da paina se abrindo
O cipó de São João colorido
Falam mais alto que o urubu preto,
Que a sucupira seca
Que o cascavel sob a pedra
Ou espinhos que furam a carne e o vento.
O Cipó de S. João balança pra lá e pra cá
Colore o morto da ribanceira
O barranco pode cair
O cipó vai colorir funeral
A árvore seca pretende arranhar o azul do céu com seus dedos de gravetos
O frio de junho ameaça secar tudo
O capim morre e o urubu festeja
A morte anunciada é seu gozo
À noite vai ter fogueira
O braseiro vivo
Só perde em beleza
Para o mastro de S. João
Todo enfeitado de "Limão Capeta"
No mastro ele fica doce
Somente as velas choram
E pingando enfeitam a noite com lágrimas ardentes.
No mastro os limões dizem que não nasceram para azedume
O homem de bigode que há muito não gargalhava
Não pode prender o riso ao ver o besouro que se desliza de ré sobre o inclinado da lamparina.
A meninada faz festa.
Os cachorros brigam
E a festa se completa
Até mesmo o capim de seca que só floresce em pasto ruim,
Fica bonito no mastro
Emoldura o santo de cabelo enroladinho.
S. João nunca cresceu.
Os meninos sabem disso.
E o santo ri. Como se fosse criança
indiferente aos espinhos da Coroa-de-Cristo que enfeitam o pé mastro.
Ele só enxerga o vermelho de sua cores.
É assim, a vida, fala sempre mais alto.
Infelizmente, não pode esconder a morte.
O jardim, oculta sempre uma serpente.
Mas, o santo sorridente
Está feliz com sua sorte.
Imagem de Daniel Ribeiro Cortat Arastoro por Pixabay
Que lindo que pena que este ano nos não temos a festa do nosso padroeiro é com muita tristeza mais amo que vem nos vai ter tenho fé tudo vai passar
ResponderExcluirParabéns padre Geraldo, que texto lindo. Me fez viajar no tempo e contemplar a simplicidade da vida. Muito obrigado por iniciar o dia de forma tão doce.
ResponderExcluirQuanta verdade e beleza nesse poema! Encantadora magia da poesia! Neste dia de São João, Deus nos fala através do Evangelho de Lucas: "E o menino foi crescendo e fortificava-se em espírito... " Lc 1, 80 a
ResponderExcluirQue possamos, como Sao João, crescermos espiritualmente, a cada dia, para que não sejamos como urubus espreitando a vida, torcendo pela morte. Mas que busquemos a verdadeira Vida, na Palavra de Deus e possamos transmitir essa Vida, com as nossas ações.
Quanta magia na beleza dessa poesia!
ResponderExcluirPadre Geraldo, como sempre nos brindando com sua sabedoria, vivência e poesia...
ResponderExcluirFez-me reviver tempos felizes de minha infância, adolescência e juventude...
Meus pais festejavam o aniversário de meu irmão, João Batista, com todas as tradições: terco, mastro, fogueira, foguetes, quentão, pipocas, broa de amendoim, biscoitos, sanfoneiro, danças, quadrilhas... tudo embaixo de bandeirolas coloridas e de grande alegria...
Saudades e agradecimentos por termos sido tão felizes sem pensar que tudo não era para sempre...
Abraço.
Muito linda essa poesia!
ResponderExcluirPe.Gabriel,fico encantada com seus texto, mas esse de hoje,apaixei demais. E viva São João!🔥🔥🔥😍
ResponderExcluirMuito lindo
ResponderExcluirQue maravilha Padre Gabriel! Parabéns pela beleza do texto a cima! E viva São João!
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ResponderExcluir..."O cipó de S. João se joga da ribanceira sem temer o próprio tombo..."
Muito bom
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