Não andar em dois carrinhos ao mesmo tempo
Nenhum missionário cristão deve procurar os sofrimentos com as mãos. Isso não faz sentido. O martírio não é fruto de vaidade, mas, do...

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Nenhum missionário cristão deve
procurar os sofrimentos com as mãos. Isso não faz sentido. O martírio não é
fruto de vaidade, mas, do testemunho corajoso da verdade. A verdadeira prática cristã costuma atrair incompreensões,
hostilidades e sofrimentos. Em último grau pode ser coroada com o martírio. A
questão é bem simples: Ou se é cristão de verdade e se anda em descompasso como
os valores do mundo, ou se ajusta a este, e vive-se um cristianismo de fachada.
Os valores que o mundo prega não combinam com os valores do Evangelho.
O sofrimento pela verdade não foi
inaugurado por Jesus. O profetismo bíblico é bem mais antigo. Enquanto herdeiro dessa vocação profética,
Jesus também pagou o seu preço. Os profetas não costumavam nadar a favor da
correnteza. Eram porta-vozes de Deus e proclamavam sua mensagem, ainda que isso
lhes custasse muitas dores. Que o digam
os Profetas Elias, Jeremias e tantos outros! O sofrimento deles foi consequência
da fidelidade a Deus. Jeremias, por exemplo, reclamava por ter sido seduzido por
Deus que se apoderou dele, transformando-o, em seu arauto. “Seduziste-me,
Senhor, e eu me deixei seduzir” (Jr 20, 7-9). Vivendo numa época difícil (650 aC)
e por criticar os pecados de Israel Jeremias pagou um alto preço. Foi preso e,
por pouco, não morreu.
Elias teve que fugir da
perseguição da Rainha Jezabel e chegou a pedir para morrer (1 Rs 19,4). No limite
de suas forças ouviu a voz de Deus que lhe acalmou e lhe deu novo animo. Esse tipo de dificuldade foi enfrentado por
todos os profetas e também por Jesus.
Ao enviar seus discípulos Jesus
os previne sobre as perseguições que sofreriam.
Esse tópico fez parte do primeiro “manual do missionário” criado por
Jesus. Mas, ao mesmo tempo também lhes garantiu que estaria sempre presente e
não os abandonaria nas horas difíceis. Grande parte dos apóstolos coroou sua
missão com o martírio. Isso aconteceu não porque eles quisessem. Foi uma consequência
da fidelidade a Cristo.
Em muitas partes do mundo os
cristãos, católicos ou evangélicos, ainda sofrem grandes perseguições.
Precisamos rezar por eles. Em nosso meio, graças a Deus, não sofremos grandes
perseguições. Temos incompreensões, às vezes, somos ridicularizados ou
ignorados. Isso é fato. Como lidamos com tudo isso? Ser cristão não é buscar
aplausos ou aprovação social. É pertencer a Cristo. Isso não costuma sair
barato. Mas, precisamos também questionar se os sofrimentos pelos quais
passamos são, de fato, consequência de nosso testemunho de fé. Pode ser fruto
de nossas imprudências. Nem todo cristão que sofre, sofre por causa de Cristo.
Uma coisa é certa: Cristão não pode topar qualquer parada! Existem “paradas”
que não combinam com nossa fé. Como ser cristão e corrupto ao mesmo tempo? Como
ser cristão e defender pena de morte a qualquer preço? Como ser cristão e
defender pautas anticristãs?
Os grandes santos de nosso tempo
tem muita coisa a nos ensinar nesse sentido. Tereza de Calcutá foi muito
incompreendida no seu tempo. E o que dizer de Irmã Dulce que em plena rua
tocava uma sanfona para arrecadar recursos para suas obras? Você acha que isso
esse lugar ocupado pela freira foi compreendido facilmente? Pelo visto ela não
ligava para críticas. Só tinha ouvido para Deus e só tinha olhos para os seus
pobres. Sabia que não podia andar em dois carrinhos ao mesmo tempo. Essa lição
também devemos aprender. Não dá para servir a dois senhores. Ou se agrada ao
mundo e despreza a Deus ou se faz o contrário.
Pense nisso!
Imagem de geraldo josé garcia por Pixabay