O azeite nas lamparinas
Eram dez moças. Todas foram convidadas para damas de companhia da noiva. Cinco eram prudentes e colocaram muito azeite nas lamparinas. As...

Eram dez moças. Todas foram convidadas para damas de companhia da noiva. Cinco eram prudentes e colocaram muito azeite nas lamparinas. As outras, nem tanto! O noivo demorou mais que o esperado para chegar. Naquele tempo, o noivo buscava a noiva para sua nova casa. Mas, antes disso teria que oferecer presentes à família da noiva. Isso costumava demorar muito. Os presentes eram exigidos para mostrar o valor daquela mulher que agora ia deixar a casa dos pais... Por causa dessas "negociações", o noivo às vezes demorava para ir buscar a noiva...
O texto nos diz que quando o noivo chegou, só foi recebido pelas prudentes. As demais tiveram que sair, no meio da noite, para reabastecer as lamparinas. Enquanto estavam fora, o noivo chegou e elas perderam a oportunidade. Essa é uma parábola de Jesus, narrada por São Mateus (Mt 25,1-13), que fala da importância da vigilância.
Quem não viveu no tempo das lamparinas talvez, tenha dificuldades no entendimento dessa passagem bíblica. Hoje, tudo ficou mais fácil. Basta apertar um botãozinho e a luz acende com um brilho intenso equivalente ao brilho de cem lamparinas! A lamparina era a prima pobre do lampião. Enquanto esse iluminava mais, ela, coitada, iluminava menos que um vaga-lume. Mas, era o que se tinha, antigamente, e ninguém morreu por causa disso. No recipiente da lamparina colocava-se azeite ou querosene para servir de combustível. Adaptava-se nela, um pavio e deixava-o encharcar. Na ponta externa do pavio formava-se uma pequena chama. Qualquer ventinho a apagava. Eu e meus irmãos fomos criados à luz das lamparinas. E já naquele tempo, eu lia muitos livros, iluminados por sua luz. Hoje, temos diversos recursos mas, corremos o risco de ficarmos “bitolados” diante das telinhas e telonas florescentes que nos manipulam o tempo todo.
Combustível de lamparina é azeite ou querosene. Quando esse acabava, naturalmente, a luz se apagava. Por isso, era preciso economizar... Meu pai comprava um litro de querosene e ele tinha que durar da quaresma ao natal! Uma lamparina acesa até meia noite era prova de desperdício. Foi o que aconteceu na parábola. As moças gastaram mais combustível do que o previsto. Quando o noivo chegou, para algumas foi uma alegria. Para outras uma tragédia!
Como aplicar, na vida, o ensinamento dessa parábola? Qual é o combustível que mantém acessa a chama de nossa fé? Como iluminar nossos gestos com um valor sobrenatural?
Muitas pessoas foram batizadas e preparadas na fé, conforme o zelo dos pais. Durante a infância e juventude, perseveraram no ensinamento. Com o tempo, essa fé foi se apagando. E hoje, de tudo o que fez ou fazia, só restaram as lembranças. Onde foi parar aquela fé viva? O que aconteceu para que essa luz se apagasse? Talvez, não tenha existido um único motivo, mas uma sequencia de pequenos descuidos. Assim como uma plantinha, a fé deve ser irrigada, adubada e podada. Caso contrário, ela vai se murchando e definhando. Além disso, o diabo não é preguiçoso. Por isso, se encarrega de apagar o resto da chama que fumegava.
Para alimentar a fé, algumas coisas são necessárias: Oração, leitura da Palavra de Deus, caridade com os mais pobres, frequência aos sacramentos... De tudo isso, ressalto a oração em sintonia com a Palavra de Deus. Isso está ao alcance de nossas mãos todos os dias! Com a popularização do telefone celular ficou ainda mais fácil o acesso à Palavra de Deus. Esse encontro com a Palavra, no entanto, não deveria ser feito de qualquer maneira. Cientes de que a Palavra é de Deus, ela deveria ser acolhida com interesse e amor. Talvez, seja necessário, reservar um pequeno tempo para isso. É preciso estar ciente que esse “investimento” irá trazer retorno garantido em qualidade de vida e manutenção da chama da fé.
Muita gente deixou a fé morrer e acabou morrendo junto. Morreu para a verdadeira alegria, para um conjunto de valores e até mesmo para a família. Então, resta-nos, a pergunta: - valeu a pena? As cinco moças prudentes puderam apreciar a festa das bodas. Mas, o que foi feito das outras? Será que se perderam para sempre na escuridão? Só Deus sabe!
Imagem de Suzeet Twanabasu por Pixabay
Valeu a reflexao
ResponderExcluirPois é, se a fé em Deus acabar, viver e burrice.
ResponderExcluirQuando falamos das coizas da roça muitas pessoas não valorizam e até acham graça mal sabe elas o quanto de sabedoria e o valor que estas pequenas coizas tem na vida das pessoas elas são a identidade de um povo que aprende desde cedo a levar mais a serio as coizas de Deus e assim a vida tem muito mais sentido.
ResponderExcluirA nossa fé é uma planta que temos que regra lá todos os dias , senão ela desaparecerá ...Somos movidos pela fé, para enfrentarmos os desafios que o mundo nos oferece...Deus é força maior de nossa fé.
ResponderExcluirA prudência é a mãe de todas as virtudes!
ResponderExcluirObg pela reflexão Padre Geraldo... o senhor é benção em nossas vidas
ResponderExcluirQue linda parábola de Jesus! Eu gosto muito,porque eu também já li muitos livros com luz de lamparina.Padre Gabriel nós que estamos caminhando para o céus devemos ficar atentos,pois ser perseverantes é muito difícil, é aprender todos os dias Amar como Jesus Amou,Viver como Jesus viveu,...Um grande abraço pro Senhor.
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