Santa Terezinha: A Santidade ao alcance das mãos!
Santa Terezinha do Menino Jesus nos ensina que a santidade está ao alcance de nossas mãos. Ela se concretiza na vivência de inúmeros peque...
Santa Terezinha do Menino Jesus nos ensina que a santidade está ao alcance de nossas mãos. Ela se concretiza na vivência de inúmeros pequenos gestos quando realizados com amor. No seu livro “História de uma alma” conta-nos, uma experiência muito curiosa sobre o exercício da paciência e da ternura na convivência fraterna. Trata-se do relacionamento com Irmã São- Pedro, uma irmã idosa, doente e reclamona. Assim nos relata:
Era na época em que a Irmã São Pedro ainda ia ao coro e ao refeitório.
À oração vespertina, seu lugar ficava na minha frente. Dez minutos antes das
seis horas, uma irmã precisava dar-se ao trabalho de levá-la ao refeitório,
porque as enfermeiras tinham então muitas doentes a seu cuidado, de maneira que
não podiam ir buscá-la. Muito me custou
oferecer-me para execução desse pequeno ofício, pois sabia não ser fácil
contentar a pobre Irmã São-Pedro. Tão grande era seu sofrimento, que não
gostava de estar trocando de condutora. Contudo, não queria perder tão linda
ocasião de praticar a caridade, lembrando-me de que Jesus dissera: “O que
fizerdes a um desses meus irmãos pequeninos, é a mim que o fizestes”. Muito
humilde, pois, ofereci-me a levá-la. Não foi, porém sem objeções que consegui a
aceitação de meus préstimos! Enfim, pus mãos à obra, e tanta era minha boa vontade
que o consegui com perfeição.
Todas as tardes, quando via minha irmã São-Pedro sacudir a ampulheta,
sabia o que significava: Vamos! É incrível quanto me custava ficar de alerta,
mormente nos primeiros tempos. Não obstante, ia imediatamente, e então começava
todo um cerimonial. Precisava remover e carregar o banco de modo determinado,
sobretudo não se precipitar. A seguir, começava o caminhar. Tinha de acompanhar
a pobre enferma por detrás e sustê-la pela cintura. Fazia-o com a maior doçura
possível. Mas, se por infelicidade ela falseasse o pé, logo lhe parecia que a
sustinha mal, e iria ao chão. – “Ah! Meu
Deus! Andais muito ligeira, vou desconjuntar-me”. Caso tentasse avançar mais
devagar ainda: - “Mas, por favor, andai atrás de mim! Já não sinto vossa mão,
largastes-me, vou cair. Ah! Bem dizia que éreis muito nova para me conduzir”. Chegávamos,
afinal, sem acidentes ao refeitório. Sobrevinham ali dificuldades de outra
natureza. Precisava fazer a Irmã São-Pedro sentar-se, usando de habilidade para
não a machucar. Depois, tinha que lhe arregaçar as mangas (de certa maneira
ainda). A seguir, podia livremente retirar-me. Com as míseras mãos estropiadas,
ela arrumava o pão na tigela, da melhor maneira possível. Não demorei em
percebê-lo, e todas as noites só a deixava depois de prestar ainda esse servicinho. Como não me pedira nada,
muito se comoveu com minha atenção. E por este meio não procurado conquistei
toda sua benevolência, sobretudo (soube-o mais tarde), porque depois de lhe cortar o pão,
dirigia-lhe antes de ir-me embora, o mais encantador dos meus sorrisos (Cap XI,
325).
Qualquer um de nós, provavelmente, teria perdido a paciência com a Irmã São-Pedro, pois de São Pedro parecia não ter nada além do nome. Pelo jeito, reclamava de tudo e não se contentava com nada. Terezinha, no entanto, cuidou dela como se cuidasse do próprio Cristo. Depois da maratona para ajudá-la não se despedia dela sem oferecer-lhe um sorriso...
Em outra passagem de sua vida confessa como resolveu um problema de convivência. Vejamos:
Há na comunidade uma irmã que tem o talento de me desagradar em todas
as coisas; os seus modos, as suas palavras, o seu caráter eram-me muito
desagradáveis. No entanto, é uma santa religiosa, que deve ser muito agradável
ao bom Deus; assim, não querendo ceder à antipatia natural que sentia, disse a
mim própria que a caridade não devia ser composta por sentimentos, mas por
obras. Decidi então fazer por esta irmã aquilo que faria pela pessoa que mais
amasse. Cada vez que a encontrava, rezava ao Senhor por ela, oferecendo-Lhe
todas as suas virtudes e méritos. Sentia que isso agradava a Jesus, pois não
existe artista que não goste de receber louvores pelas suas obras e Jesus, o
artista das almas, fica feliz quando não nos detemos no exterior, mas,
penetrando até ao santuário íntimo que Ele escolheu para morar, admiramos a sua
beleza. Não me contentava em rezar muito pela irmã que me suscitava tantos
combates, obrigava-me a fazer-lhe todos os favores possíveis e, quando tinha a
tentação de lhe responder de modo desagradável, contentava-me em lhe fazer o
meu sorriso mais amável e fazia por desviar a conversa. […]
E também muitas vezes […], tendo algumas relações de trabalho com essa irmã, quando os embates eram demasiado violentos, fugia como um desertor. Como ela ignorava, totalmente, o que eu sentia por ela, nunca desconfiou dos motivos da minha conduta e continua persuadida de que o seu caráter me agrada. Um dia, no recreio, disse-me mais ou menos estas palavras com um ar muito contente: “Pode dizer-me, irmã Teresa do Menino Jesus, o que a atrai tanto em mim, pois de cada vez que olha para mim vejo-a sorrir?” Ah, o que me atraía era Jesus, escondido no fundo da sua alma. Jesus torna doces as coisas mais amargas. (Santa Teresinha do Menino Jesus, Manuscrito autobiográfico C 13 v°-14v).
Temos no exemplo acima, uma boa regra de convivência. Conviver com o outro enxergando nele o próprio Cristo. Nesse caso, iremos amá-lo não pelas virtudes que talvez não tenha, mas pela caridade cristã. Isso pode parecer fácil. Na verdade não o é. A convivência fraterna é sempre um desafio para todos nós. Respeitar o outro e tolerar seus limites não é fácil. Mas, tudo isso, pode contribuir com nossa santificação. Aprendamos, pois, com Santa Terezinha. O caminho de nossa santificação está mais perto de nós que imaginamos!
Espero poder ter no fim da vida uma pessoa que cuide de mim com essa paciência.
ResponderExcluirAfinal de contas no final da vida espero que tenha alguém que me tire da cama e me leve para o sol, mas também alguém que me tire do Sol e leve para cama.
Santa Terezinha nos mostra como um gesto de bondade e amor ao próximo pode nos conduzir a paz interior e um caminho iluminado, confesso que por muitas vezes tentei seguir este caminho e falhei, missão difícil se brigamos com o próprio irmão de sangue quem dirá um irmão de fé, por isso a importância em buscar a paz interior e respeito mútuo.
ResponderExcluirMuito educativo ... me ensinou muito
ResponderExcluirVontade é respirar Santa Terezinha até tudo em mim ser moldado nela. Grande exemplo de pessoa.
ResponderExcluir..."Conviver com o outro enxergando nele o próprio Cristo. Nesse caso, iremos amá-lo não pelas virtudes que talvez não tenha, mas pela caridade cristã."...
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