Santa Terezinha: Um brinquedo para o Menino Jesus

  Dá uma canseira danada receber certas mensagens nos grupos de   Watssap. Chega de tudo: Borboletinhas, coraçõezinhos, mensagens adocicadas...

 

Dá uma canseira danada receber certas mensagens nos grupos de  Watssap. Chega de tudo: Borboletinhas, coraçõezinhos, mensagens adocicadas e muitas orações que, de tão criativas, fazem derreter os corações e talhar o sangue... Existem orações para todos os gostos: almas penadas, benditas e aflitas, anjos guardiões, brisa sagrada e por aí se vai. Dificilmente, alguém reza com as palavras de Maria, a Mãe de Jesus: - Eis aqui a serva do Senhor. Faça-se em mim, segundo a sua palavra. O “Pai Nosso” passa longe. Caso contrário, teríamos que dizer: Seja feita a vossa vontade!

Rezar é se colocar de forma amorosa diante de Deus. Não é só despejar-lhe, os nossos problemas e entregar-lhe uma listinha de pedidos interesseiros. Parece que algumas pessoas, se relacionam com Deus como se ele fosse um parceiro do mesmo nível. Chegam a chamá-lo de “cara”, ou “parça”... Não dá para fazer uma boa oração sem humildade. Santa Tereza de Ávila dizia que a humildade é igual à verdade. Qual é a verdade sobre Deus e sobre nós mesmos? Deus é infinito. Eu sou menos que um grão de areia. Ele não é o meu “parça” nem o “cara” lá de cima... Então, na hora de rezar eu preciso saber me colocar diante de Deus com simplicidade e deferência.

Santa Terezinha do Menino Jesus pode nos ensinar muito nesse ponto. Como ela se colocava diante de Deus? “Em seu livro História de uma alma” ela nos diz o seguinte:

...Tempos atrás, tinha me oferecido ao Menino Jesus para ser seu brinquedinho. Dissera-lhe que se utilizasse de mim, não como brinquedo de valor, que as crianças se contentam em olhar, sem coragem de pegar nele, mas como bolinha sem nenhum valor, que poderia jogar ao chão, bater com o pé, furar, largar num canto, ou também apertar ao coração, quando fosse de seu agrado. Numa palavra, queria distrair o Menino Jesus, dar-lhe, alegria, queria prestar-me aos seus caprichos de criança... (Cap. VI - A viagem a Roma – 1887, Nº 177).

Santa Terezinha escreveu isso após uma viagem à Roma na qual desejava muito falar com o papa e pedir sua permissão para entrar no Carmelo antes da idade prevista. O encontro com o papa não foi como ela esperava. Parece ter ficado um pouco frustrada e, por isso, afirmou:

Em Roma, Jesus furou seu brinquedinho, querendo ver o que havia por dentro. Depois de tê-lo visto, ficou contente com a descoberta, deixou tombar a bolinha, e adormeceu... Que fez em seu tranqüilo sono, e que aconteceu, depois, com a bolinha abandonada? Jesus sonhou que ainda se entretinha com o brinquedo, ora a pegá-lo, ora a largá-lo. E depois de fazê-lo rolar a grande distância, aconchegou-o ao coração, não mais permitindo que jamais se agastasse de sua mãozinha...(Nº 177)

Ainda no mesmo capítulo do livro, um pouco mais adiante Terezinha conta uma boa surpresa que teve, da parte de Celina, sua irmã, ao voltar da missa do natal:

Em meu quarto, encontrei dentro de um lindo recipiente um naviozinho que trazia o Menino Jesus a dormir, com uma bolinha ao seu lado. Sobre a vela branca escrevera Celinha estas palavras: “Eu durmo, mas o meu coração está de guarda”, e sobre a embarcação esta única palavra: “Abandono!” Oh! Se Jesus ainda não dizia palavra à sua noivinha...pelo menos lhe revelava, por meio de almas que compreendiam todas as delicadezas e o amor de seu coração...( Nº 188)

Santa Terezinha desejou ser apenas um brinquedo nas mãos do Menino Jesus. Mas, um brinquedo sem valor que pudesse ser jogado fora a qualquer momento pelo divino infante. Quanta lição de humildade! Diante de Deus ela afirmava ser apenas um grão de areia e nada mais. Sabia aceitar tudo com serenidade inclusive a tuberculose que consumiu sua vida na flor da idade.

Acho que precisamos aprender muito com Santa Terezinha. Em nossas orações muitas vezes nos parecemos com o fariseu da parábola que batia no peito e exaltava as virtudes que pensava ter. Esqueceu-se da principal: a virtude da humildade. Quem somos nós diante de Deus? Um quase nada, uma poeirinha carregada pelo vento. Apesar disso, nosso topete e nosso ego inflamado nos coloca num patamar elevado demais. Tudo dá certo, desde que estejamos no centro. Até Deus deve estar ao nosso serviço! Será que não está na hora de refazer nossos pontos de vistas?

Imagem de lisa runnels por Pixabay 

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