Zé Trombeta em nova investida eleitoral

  Depois do insucesso nas últimas eleições Zé Trombeta deu a volta por cima. Mas, contrariando a letra da música de “Noite ilustrada,” preci...

 

Depois do insucesso nas últimas eleições Zé Trombeta deu a volta por cima. Mas, contrariando a letra da música de “Noite ilustrada,” precisou de uma mãozinha da mulher, para sacudir a poeira e seguir em frente. Vendeu alguns burros e comprou um “Jipe” usado, para carregar seus eleitores. Agora sim, pensava ele. Quem ri por último ri melhor! Já não se lembrava mais, do fatídico resultado do último pleito. Lêide Dái, sua esposa, e musa inspiradora, o convenceu que ele tinha mesmo vocação política. Por isso, traçou novos planos para a futura candidatura. Colocou uma dentadura nova e mudou-se de aparência. É que a dentadura se destacou bastante dos dentes originais, já gastos pelo tempo. Assim, ele parecia sorrir por todos os ângulos! Essa “obra de arte” aconteceu graças ao seu primo, Tião Benguela, dentista amador, do “Ponte Pobre”, Bairro de Lêide Dái.

Nos negócios Zé também deu um “up”, que na língua dele, era uma prosperada mesmo. Abriu uma funerária na Vila dos Afogados. Assim, era chamado o bairro onde residia com a família. Todos concordaram que aquilo seria uma boa ideia. Sendo a única da região acabava cobrando um preço mais alto pelos serviços e, de vez em quando, distribuia uns “regalos” aos possíveis eleitores. Chegou criar dois tipos de caixões com as marcas dos times preferidos no bairro. Assim, ao saber da morte de um carente, procurava saber também para qual time ele torcia. E lá ia o novo caixão com as cores daquele time. Chegou a enterrar, no mesmo dia, um atleticano e um cruzeirense. Mas, defunto não briga! Por isso, a coisa fluía bem. O cemitério do dos Afogados, não cabia mais ninguém. O prefeito “Maneco”, bem que tentou resolver a questão de forma criativa. “Maneco Furtacor” era o nome popular do Sr. Manuel de Médici Furtacor e Silva. Por alguma razão, o populacho ficou só com o “Furtacor” mesmo. Seu Furta era formado no ensino superior e gostava de exibir o canudo aos mais íntimos. No caso do cemitério, chegou a enviar um projeto à vereança. Nele rezava que os mortos fossem enterrados em pé.  Assim, dizia no artigo segundo:

 “Para melhor dimensionamento do espaço e contornar a escassez de recursos financeiros do município, essa solução provisória, prevê que os mortos sejam enterrados em pé, conforme jurisprudência vigente, etc. e tal...”

No palácio do legislativo a turma tinha o rabo preso.  O projeto só não passou por causa da barulheira causada pelo Zé Trombeta. No dia da votação, levou todos os caixões da funerária para frente da Câmara Municipal. Aquilo chamou a atenção dos curiosos, de plantão, e também da imprensa. Zé contratou atores para se fingirem de mortos e deixou abertas as tampas dos caixões. Isso é que era sabedoria política! Conseguiu reverter o jogo. O prefeito teve que deixar de enrolação e providenciar logo um novo terreno para o Campo Santo. Essa pequena vitória serviu para catapultar a campanha do Seu Zé, segundo Tião Benguela.

A turma do “Pito Aceso” encarregou-se, de popularizar a campanha de Zé Trombeta.  Por isso, organizou algumas carreatas criticando a postura do “gestor municipal”. Esse era o termo predileto de Furtacor para referir-se a si mesmo. Na carreata, muitas faixas criticavam algumas medidas do tal gestor. Pura intriga da oposição!

No Bairro da Ponte Podre, os correligionários e amigos de Lêide Dái, também saíram em defesa do candidato. “José Pinto Calado”, nome oficial de Zé Trombeta, figurava em todas as faixas e “santinhos”.  Essa campanha, ostensiva, chamou a atenção do judiciário há muito adormecido. “Dr. Pançudo”,  juiz da comarca, ordenou uma severa investigação do caso. Mas, não deu  em nada, pois a campanha do Zé estava na rua graças aos recursos de seus amigos e também pelo trabalho, suado, na domação dos burros. Além da Funerária Bonfim, Zé continuou amansando toda a tropa da região. Isso garantia lhe uns bons trocados. A sogra, curandeira famosa, também recebia algumas gorjetas o que acabava ajudando nas despesas da casa. Depois de tanta benzeção não ficou uma única folha no pé de arruda e da “língua de sogra” , ao lado do portão de entrada, não sobrou nem  a raiz.

E assim, a campanha de Zé Trombeta acontece a todo vapor. Ao que parece, vai conquistando alguns pontinhos na preferência do povo. Até o dia da votação Zé pretende ganhar novos eleitores. Está disposto a botar o bloco na rua e a boca no trombone. Mas, promete para si mesmo que não irá se decepcionar como da última vez que concorreu. Enquanto isso, ao lado de Lêide Daí, continua a sorrir para as câmeras com a nova dentadura. Aquilo sim, é que era um luxo!

Imagem de Nina Edmondson por Pixabay 

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  1. Cômico demais, porém acho que é real em Nossa região! Ou será mera coincidência!

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  2. Tem realmente a verdade das corridas políticas em busca de eleitores e do sucesso político essa história gostei muito, e vamos sorrir porque a vida fica melhor sorrindo do que chorando.

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