Apolo: Sorte na caça, azar no amor!
No posto de gasolina onde abasteço (não é “Ipiranga”) colocaram uma roleta para agradar aos clientes. Depois de abastecer a cliente gira a...

No posto de gasolina onde
abasteço (não é “Ipiranga”) colocaram uma roleta para agradar aos clientes.
Depois de abastecer a cliente gira a roleta. Quando o ponteiro da mesma para em algum
número que coincida com o final da placa do veículo, a pessoa ganha o
abastecimento. Eu tive a sorte de ganhar uma única vez! Nem acreditei, pois sou
meio azarão desde sempre. Quando perdia, o que era mais comum, o frentista
dizia-me: Não se preocupe. Você tem azar no jogo e sorte no amor. Não sei de
onde ele tirava isso, mas sei que consolava um pouco e levantava o moral do
perdedor...
A expressão do frentista bem que
poderia ser aplicada a Apolo, um deus famoso, da mitologia grega. Vou
contar-lhe, brevemente, sua história.
Apolo era uma das doze divindades
do Olimpo. Era o deus da luz, filho de Júpiter e Latona. Nasceu na Ilha de
Delos. Diariamente, transportava o carro do sol no alto do céu e depois o
guardava, atrás das montanhas. Era, portanto, o responsável pelos dias e pelas noites.
Teve muitos amores, mas também sofreu bastante por causa deles. Em Delfos,
matou com suas flechas, um dragão chamado “Píton”, encarregado de proteger um
velho oráculo de Témis, a deusa da justiça. Depois de matá-lo instituiu, em sua
memória, os “Jogos Píticos” celebrados em Delfos. Apoderou-se do oráculo de Témis
e consagrou no seu santuário uma trípode (cadeira alta de três pés), onde pítia
(sacerdotisa) se assentava para proferir suas adivinhações. O templo de Apolo
ficava em Delfos, nas encostas do Monte Parnaso. Delfos era uma espécie de “Abadiânia”
daquele tempo...
Após matar a terrível serpente,
Apolo ficou meio vaidoso. Por causa disso, acabou humilhando outro deus com cara
de criança, chamado Cupido. Ao vê-lo brincando com suas flechinhas, disse-lhe,
que aquilo não era brinquedo de criança. Ele sim é que sabia manejar a flecha
como ninguém! Cupido então, lhe retrucou, mais ou menos assim: Você tem a
flecha grande, mas tamanho não é documento! Com minha flechinha posso atingir certos
lugares que você não atingiria com a sua. De fato, Cupido era o responsável
para flechar os corações humanos. Ele carregava sempre duas flechas: uma com ponta
de ouro e outra com ponta de chumbo. Quando flechado com a primeira a “vítima”
se apaixonava facilmente. Quando flechado com a segunda, tinha ponta chumbo,
a vítima afastava-se do amor. Cupido não perdeu tempo para vingar-se de Apolo.
Flechou-o com uma flecha de ouro. Ciente de que ele andava "arrastando as asas" para Dafne, flechou-a com a segunda flecha que tinha ponta de chumbo. A partir
daí foi só tragédia!
Dia e noite Apolo corria atrás de
Dafne fazendo-lhe declarações de amor. O que seria o sonho de consumo de muitas
mulheres, para Dafne, acabou sendo um terror. Quanto mais Apolo a amava mais
ela o odiava. Conhece alguma história parecida? Iche! Eu conheço um monte. Em
outra ocasião, prometo contar algumas...
“Doente de amor, Apolo procurou
abrigo na vida noturna” já que não conseguia trabalhar direito. Chegou a dormir
na praça, e algumas vezes, teve que explicar ao guarda que não era “delinquente,
mas um cara carente”... Dafne chegou a fazer simpatia para afastar aquela “mala
sem alça”, mas de nada adiantou. Ele era “grudento” e ganhava muito de Romeu, outro
grudento que amava tal Julieta...
Certo dia, fugindo de Apolo mais
que o diabo da cruz, Dafne pediu a morte! Seu pai, o rio-deus Peneu veio em seu
socorro e a transformou numa árvore chamada loureiro. Nem assim, Apolo deu
sossego! Arrancou-lhe um de seus ramos e disse que usaria essa coroa de louro
na cabeça. E assim fez. Por isso, é sempre representado com a cabeça enfeitada!
Pelo menos ele achava que era enfeite uma coroa de ramos verdes. Antes assim,
não né?
O nascimento de Apolo foi curioso.
Ele teve que nascer escondido numa ilha deserta chamada “Ortígia” (a ilha das
codornizes). Latona sua mãe não conseguia botar a criança para fora. A deusa
dos partos (Ilítia) não estava perto dela. Tudo isso, por causa da vingança de
Hera, mulher de Zeus, com quem Latona tinha se deitado debaixo de uma moita de cana. Enciumada, Hera só
liberou a parteira depois de ser presenteada com um grosso colar de ouro e
âmbar (jóia rara). Assim que o menino nasceu, alguns cisnes, sagrados
sobrevoaram a ilha dando sete voltas em torno dela. Vendo aquilo Zeus tomou
conhecimento do nascimento do seu filho. De presente, enviou-lhe, uma lira, uma
mitra de ouro e um carro puxado por cisnes.
O Deus da música e da poesia teve
diversas amantes depois que fora rejeitado por Dafnes. Dentre seus amores destacam-se
as ninfas: Corônis, Cirene, a princesa Marpessa, a profetisa Cassandra, os
jovens Jacinto e Ciparisso. Com a ninfa Corônis, o deus teve um filho,
Esculápio (deus da medicina). Naquele tempo não havia televisão!
Apolo é representado sempre
jovem, formoso, sem barba, geralmente nu. Só aparece de túnica longa quando é
representado como deus das artes. Muitos homens, ainda hoje, sonham em ter o
corpo atlético do deus. Confesso que já desisti dessa façanha. Depois de andar
um mês inteiro, passar fome de cachorro, se é que cachorro passa fome, sabe
qual foi o resultado? – Engordei dois quilos! Adeus Apolo! Serei lutador de
Sumô...
Imagem de Adrian Balea por Pixabay
Obras consultadas:
BULFINCH, Thomas, O Livro de Ouro da Mitologia. 29ª ed. A história de deuses e heróis. Ediouro. Tradução: David Jardim. Rio de Janeiro, 2003.
DICIONÁRIO DE MITOLOGIA. São Paulo, Editora Best Seller. 2000.
GRIMAL, Pierre. Dicionário de Mitologia Grega e Romana. 4ª Edição. Rio de Janeiro. Bertrand Brasil. 2000.
Mitologia é muito bonito. Não sabia história do cupido. Essa gostei demais. O Sr tá com sorte no amor kkkkk
ResponderExcluirGosto muito da Mitologia grega. Têm respostas para tudo. Muito bom texto. Conhecer o pensamento mítico nos ajuda a entender muitos questionamentos atuais.
ResponderExcluirParabéns!
ExcluirAí padre Gabriel! Muita informação sobre a mitologia grega de uma forma que entendemos e muitas risadas obviamente.
ResponderExcluirAdorei a composição livre com tons divertidos, pois se até o "dormi na praça" e a roleta do Posto não Ipiranga apareceram no enredo kkkkkkk. Ficou claro para mim que no fundo trazemos muito da teoria mítica em nós.
ResponderExcluirRi muito com as adaptações das músicas sertanejas. Gostei do texto, mas pra mim deu ruim, estou sem sorte tanto no amor, quanto no jogo kkkkk.
ResponderExcluirGosto de histórias da mitologia, achei o texto muito criativo,não posso reclamar pois estou bem no amor, quanto ao jogo já prefiro não arriscar pois sei que vou decepcionar.
ResponderExcluirMuito bom o texto padre Gabriel.Os trechos com letras de músicas foi ótimo.O senhor sempre nos traz textos interessantes,que prendem a atenção.
ResponderExcluirCorpo Atlético em plena quarentena kkkkk, projeto Apolo fica para uma próxima, play no projeto sumô.
ResponderExcluirExcelente.
Tudo muito informativo e na verdade o que mais AMEI E CONCORDO PLENAMENTE com o que Cupido retrucou Apolo sobre a questão da flecha. Valeu Cupido!
ResponderExcluirEu já ganhei duas vezes na roda do posto kkkkk Em breve eu caso kkkkkkkkkk
ResponderExcluirconheço alguém parecido com esse texto!! mas infelizmente nos dias atuais não está tendo sorte nem no amor nem no jogo kkkk
ResponderExcluirCarminha. Padre Gabriel como faz bem ler e refletir estes textos q o senhor posta, além de nos transmitir cultura e informações ainda nos alegra com a sua versatilidade. Deus o abençoe hj e sempre. Obrigada!
ResponderExcluirAtrevo-me a fazer analogia a "mitologia brasilis ",folclore, ditado popular, beleza não põe mesa . Feliz na caça, talvez, gentileza uterina de sua irmã gêmea, Ártemis. Eu seria irônico com Apolo. Já que o próprio matou " Píton " , que tentou violentar sua mãe justamente quando grávida de Apolo e Ártemis . Aconselharia-o consultar junto a Cassandra,repito Cassandra, o porquê de seu castigo.
ResponderExcluirParabéns Padre Gabriel além de muita cultura nos traz muita descontração! Na verdade, cupido retrucou muito bem a Apolo!
ResponderExcluirDeus te pague por tudo que nos ensina e nos alegra.
Melhor de tudo são as referencias diretas que faz! Arte na escrita!
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