Deus trabalha também durante a noite

 

“À noite todos os gatos são pardos”, costumamos afirmar. Mais do que isso, durante a noite podemos, facilmente, “trocar gatos por lebres”. Isso quer dizer que, salvo algumas exceções, não funcionamos bem durante as noites. Alguns, não funcionam bem hora nenhuma... Para muitos, às noites são as horas mais difíceis. Que o digam quem acompanha certos doentes!

No Evangelho de São Lucas (Lc 4,38-44) podemos perceber que Jesus atuou, incansavelmente, depois que a noite caiu:

“Ao pôr do sol, todos os que tinham doentes atingidos por diversos males, os levaram a Jesus. Jesus colocava as mãos em cada um deles e os curava.”

Na verdade, Deus não tem hora para nos atender. Melhor do que nós, Ele conhece nossas misérias e fraquezas. Seu “dia” começa quando cessam todas as atividades humanas. Ele age lá onde o homem não alcança. O Salmo 121 afirma que:  “Não dorme e nem cochila o guarda Israel”.

O Evangelho nos diz que, ao raiar do dia, Jesus foi rezar em um lugar deserto. Pelo visto, ele trabalhou  a noite toda, atendendo aos necessitados. Percebendo seus grandes milagres, a população de Cafarnaum vai atrás de Jesus para “impedi-lo” que os deixasse. Queriam preservar, em seus domínios, um Deus para resolver-lhes, os problemas. Mas, Jesus não se sujeita a isso. Dirigiu-se a outros lugares para continuar o seu anúncio do Evangelho.

Existem, ainda hoje, certos grupos que pensam serem os donos de Jesus. Ao que parece, Jesus só age no meio deles e, qualquer pessoa que quiser os favores de Deus, tem que ingressar nesses grupos. Mas, será que Jesus se sujeita a isso? Pelo jeito, Deus não gosta de panelinhas fechadas. Já em seu nascimento, recebeu a visita dos magos (pagãos) do oriente que lhe trouxeram presentes de boa acolhida. Na vida adulta, conversou com publicanos, pecadores, mulheres mal afamadas...

Os habitantes de Cafarnaum tiveram o seu dia (noite) de glória. Mas, outros povos também deveriam ter esse direito. Por isso, Jesus não quis permanecer sempre ali. Percorreu os lugares mais afastados e até considerados impuros para os beatos de seu tempo. Não quis fazer alianças com os líderes de Cafarnaum e, provavelmente, nem recebeu seus presentes. É sabido que, muitas vezes, os presentes servem para comprar a pessoa. Quantos não se vendem por facilidades, passagens aéreas, viagens internacionais?

Em vista de outros grandes milagres de Jesus, a cura da sogra de Pedro, em Cafarnaum, foi um "pequeno" milagre. Só Deus sabe! Mas, Jesus não fazia milagres, sob encomenda, e nem queria ficar famoso à custa deles. A doença da sogra de Pedro era incapacitante. Impedia-a de muitas coisas. Após ser curada, colocou-se logo numa atitude de serviço. Isso também é muito bonito. Ela soube agradecer o favor recebido de Deus. Não iria guardar aquilo só para si mesma. Uma vez curada, deveria ser discípula. E foi o que fez. Seu exemplo, serve de lição para todos nós. Quantas vezes, fomos ajudados por Deus, mas não mudamos de vida? Cada um pode avaliar a si mesmo. Será que não estaria na hora de mudar nossas atitudes? Pense nisso!

Imagem de Jong-man Kim por Pixabay