O melhor vinho!

 

Se fizéssemos uma viagem no tempo, talvez, pudéssemos entender melhor algumas cenas do Evangelho. Os costumes naquele tempo eram bem diferentes dos nossos. Uma festa de casamento, por exemplo, durava em torno de sete dias ou mais! Os parentes e amigos vinham de longe para prestigiarem os noivos. Isso, naturalmente, demandava muita comida, lugares de pouso, de banho...

Houve um casamento em Caná da Galileia, relata-nos, o Evangelho de São João (2,1-11). A Mãe de Jesus estava lá... Maria não foi convidada, ela já estava lá! Certamente, foi com, antecedência, para ajudar nos preparativos da festa. Afinal, não devia ser fácil organizar uma festa para muitas pessoas durante toda a semana! Jesus e seus discípulos foram convidados e compareceram depois. No texto de São João, Maria só aparece duas vezes: Nas bodas de Caná e aos pés da cruz. São duas ocasiões muito importantes. Nas bodas de Caná Jesus realiza o seu primeiro “sinal”, aos pés da cruz realiza seu grande “sinal”, a sua grande entrega pela humanidade!

No decorrer da festa a turma se empolgou e o vinho começou a faltar. Ninguém percebeu isso. Ao que parece, nem os donos da casa! Maria, no entanto, percebeu e, antecipadamente, quis poupar a família de um grande vexame. No local, havia seis potes de pedras, e em cada um, cabiam cem litros. Mas, os potes estavam todos vazios. Sabendo a quem recorrer ela se aproximou, discretamente, de Jesus e lhe disse: Eles não têm mais vinho! Vejam bem, que ela não lhe pediu nada. E precisava? Qual o filho não entende a mãe só pelo olhar? Nessa relação mãe e filho, às vezes, basta um “rabo de olho” ou um esbarrão de cotovelo... Jesus entendeu direitinho o que ela queria dizer. Sua reação, inicialmente, pareceu grosseira. Ele disse: - “Mulher”, porque dizes isto a mim? Minha hora ainda não chegou. Inicialmente, ele não prometeu que atenderia ao seu pedido. Maria parece nem ter ouvido, direito, o que ele disse e foi logo ordenando aos que estavam servindo: Façam tudo o que ele vos disser! Na verdade, Jesus não lhe prometeu nada. E precisava? Qual a mãe não conhece, profundamente, o seu filho?

Depois desse diálogo, em voz baixa, entre mãe e filho, Jesus toma logo, suas providências. Como negar um pedido à sua Mãe? Por isso, ordenou aos serventes que enchessem os potes de água até, à boca! Não queria “meias medidas”. Deus é farturento! Ele sempre quer o melhor para os seus filhos! Ato contínuo, ordenou aos serventes que levasse o vinho para que o mestre de cerimônia pudesse dele provar. O mestre de cerimônia provou e viu que aquele vinho era tão bom que só poderia ter uma origem desconhecida. O vinho novo era de qualidade superior a todas as marcas conhecidas...

É muito curioso que nessa cena bíblica o noivo não apareça hora nenhuma. Cabia a ele oferecer o vinho para a festa. E a noiva? Alguém soube do seu nome? Ela também não aparece. Quem oferece o vinho novo é Jesus, o grande noivo da humanidade, aui representada por Maria. Daí o fato de Ele a chamar, simplesmente, de “Mulher” e não de Mãe. Esse tratamento está mais adequado para esposos do que para mãe e filho. Naquele casamento Jesus é o divino esposo e Maria representa toda a humanidade, convidada, a celebrar as núpcias com Deus.

Foi o vinho novo que garantiu a continuidade da festa. Havia seis potes. Mas, estavam todos vazios ou, quando muito, cheios de água rala... O vinho novo é a mensagem de Jesus. A antiga lei, diante da lei do amor, ensinada por Cristo não passava  de uma água rala. Para receber esse “vinho novo” é preciso ter boa disposição. O pote também deverá ser novo. “Odres novos para vinho novo...”. A Mãe de Jesus foi a primeira cristã que soube acolher a boa nova. Por isso, é modelo para toda a Igreja.  Assim, como Maria, também nós, somos convidados a acolher com amor a Palavra de Jesus. Ele garante a continuidade da festa. Sem ele não há festa que valha a pena!

Imagem de MasterTux por Pixabay