Convidados ao banquete

 

“Dizei aos convidados: Já preparei meu banquete, Matei meus bois e os animais cevados, tudo está pronto, vinde para a festa”! Essa expressão, foi tirada do Evangelho de São Mateus  (Mt 22, 1-14). Posso imaginar o grande investimento desse senhor para realizar a festa. Ele fala de “bois” e “animais cevados” no plural. Quem já preparou uma festa desse porte? Certamente, não foi nada fácil. Ela teve que ser preparada com anos de antecedência. Os bois engordaram no pasto! Isso não se faz da noite para o dia.

Quem oferece uma festa para os inimigos? – Ninguém! Festa é um acontecimento que envolve os amigos. Quem não é amigo é “penetra”. O penetra é alguém que finge ter intimidade com o dono da casa, mas, nem sabe o nome dele. Os convidados para a festa se sentem honrados pelos convites. Por isso, alimentam grande expectativa para o evento. Alguns compram roupas e sapatos novos. As mulheres gastam muito tempo para os penteados, maquiagens e bolsas...

Jesus usou a imagem da festa, muitas vezes, para falar-nos do Reino de Deus. Não poderia ter usado imagem melhor do que essa. Festa é lugar de alegria e de encontros. É verdade, que muitas festas atuais, acabam em prantos, pelo excesso de bebedeiras. Mas, esse não é o nosso caso. Festa é gratuidade! O profeta Isaías nos confirma isso:

Atenção! Todos vós que tendes sede, vinde beber desta água. Mesmo os que não tendes dinheiro, vinde, comprai trigo para comer sem pagar nada. Levai vinho e leite, que é de graça. Porque gastais o vosso dinheiro naquilo que não alimenta? E o vosso salário naquilo que não pode saciar-vos? Se me escutardes, havereis de comer do melhor, e saborear pratos deliciosos (Is 55, 1 ss).

Deus nos criou para o Reino do Céu. O cantor Padre Zezinho, fala isso de forma muito poética em sua música “Cidadãos do Infinito”.

Por escutar uma voz que disse que faltava gente pra semear, deixei meu lar e saí sorrindo e assobiando pra não chorar, fui me alistar entre os operários que deixam tudo pra te levar, e fui lutar por um mundo novo, não tenho lar mais ganhei um povo...

Sou cidadão do infinito, do infinito, do infinito.  E levo a paz no meu caminho, no meu caminho, no meu caminho...

Deus não nos criou para a perdição, mas para gozar sempre de sua companhia. Somos “cidadãos do infinito”!  Não pode haver festa maior do que estar na companhia de Deus. Mas, Deus não nos obriga a aceitar o seu convite. Ele sabe respeitar a nossa liberdade. É precisamente, nesse ponto que vamos entender o mistério do mal. Ele se torna presente sempre que não usamos bem a nossa liberdade. Muitos recusam ao convite do Pai para a festa. Optam por trilhar estranhos caminhos. O filho pródigo, por exemplo, longe do pai, chegou a desejar a comida dos porcos! Ainda bem, que tomou consciência do seu estado de miséria e voltou aos braços do pai. Mas, quantos não voltam?

Na parábola do banquete, a bondade de Deus fica muito evidente. Ele preparou-nos um farto banquete com tudo do bom e do melhor. Imagine a decepção de quem preparou uma festa desse porte e os convidados não compareceram! Cada um arranjou uma desculpa esfarrapada para não comparecer ao local da festa...

Rejeitar um convite de Deus é coisa muito séria. Quem rejeita um convite assim, está tomado pelo orgulho. Pensa que, quem o convidou, não merece a sua presença! Imagine: Deus “não merece” nossa presença! Foi algo assim, que aconteceu na parábola. Mas, na vida real, também não é muito diferente. Alguns, simplesmente, dão às costas para Deus! Refém do amor que sente por cada um de nós, Deus espera que um dia, a gente tome consciência desse convite e aceite participar de sua festa...

Felizes os convidados para a ceia do Senhor!

Imagem de CranberryWine por Pixabay