Dia de Finados
O dia de finados está chegando. Há quem pense, que celebrar esse dia não faz sentido e, que nossas orações, em nada mudam no destino dos mo...

O dia de finados está chegando. Há quem pense, que celebrar esse dia não faz sentido e, que nossas orações, em nada mudam no destino dos mortos. Outros, amanhecem o dia, no cemitério e abarrotam de flores, o túmulo dos amigos para alegria das floriculturas... Por causa do mosquito da dengue, andam substituindo as flores "verdadeiras”, de Holambra, pelas flores de plástico. Substitui-se assim, o mofo pelo formol. O importante é que seja feita uma espécie de reparação junto ao morto. Pode ser que a falecida não goste da segunda esposa que veio substituir seu lugar... Então, a gente oferece uma flor de plástico e está tudo bem. Morto, que é morto mesmo, não fala e não reclama. Ao final das cerimônias, todos voltam para casa de alma lavada e a segunda esposa repousa seu corpo no leito da primeira, que agora repousa na eternidade, caso seja merecedora deste privilégio.
Se existe algo que acompanha alguns, na visita ao "Campo Santo" é a curiosidade. Bem que dizia Drumond: A gente vai ao velório para ver em quê, o morto se diferencia de nós. A curiosidade de alguns é tamanha, que chegam a olhar as gretas das sepulturas! O homem é meio bicho. Só pode ser! Ora, a morte deveria ser algo natural em nossa condição de vivos. Viver é morrer cada dia para algumas coisas! O problema não é a morte é nossa cultura racional e capitalista que faz a gente acreditar que não vai morrer. Alguns, ao que parece, tem certeza disso!
Por causa da cultura racional queremos estar vivos na hora da morte, para explicar a todos, como a morte ocorre. Para o capitalismo, que nos ensinou a ganhar sempre, ainda que tenhamos que "vender a alma ao diabo", a morte é uma perda irreparável. E pode ser que o diabo venha buscar o que é dele. Vá de retro!
Às vezes, acho que a morte é nossa única salvação. Ela é soberana para nos salvar da vã pretensão humana de querer explicar tudo. Em alguns credos religiosos, querem explicar por “A + B”, qual é o procedimento da alma após deixar essa vida. E o pior é que alguns afirmam, categoricamente, que ela volta. Ai, meu Deus! Uma vida já não basta? Na verdade, não ando louco para morrer, mas tendo em vista que isso é inexorável ( gosto dessa palavra!) então, que eu possa ir em paz e não voltar nunca mais!
Após a morte, quero cumprir, direitinho, minhas obrigações. Visitarei os santos todos, a Virgem Maria e Jesus. Reservarei uma tarde inteira para uma audiência com São Paulo. Vou perguntar a ele um monte de coisas. Ah, se vou! Depois disso, me reservo ao direito de visitar o camarote de Elis Regina, Clara Nunes, Mercedes Sosa e outros. Espero que estejam lá! Após essa maratona, quero passar a limpo certas curiosidades que tenho. Vou querer saber, por exemplo, como morreu Ulisses Guimarães, PC Farias, Pablo Neruda e outros... Com tanta coisa para fazer não vai dar tempo de voltar mesmo! Depois nem sei se ia querer voltar. Já apanhei tanto na vida que vou querer ficar quietinho ao lado de meu pai e com minha mãe me fazendo um cafuné. Ela, com certeza, está no céu. Já tenho muitos amigos morando por lá.
A morte é cruel para quem só foi treinado para ganhar bens materiais. Para esses ela não deixa de ser um golpe. Para acumular bens materiais ouvimos receitas o tempo todo: Seja um vencedor! O que fazer para ser um empreendedor de sucesso? Saiba como envelhecer sorrindo! O segredo dos homens mais ricos do mundo… Essa forma de ideologia é enganadora. Ninguém pode ganhar sempre. Chega um momento que, de nada adianta, o dinheiro que alguém acumulou na vida.
Às vezes, me pergunto: O que me interessa tudo isso? Não quero ser o mais rico do mundo. O que mais gosto é do meu feijão com arroz. Será que os milionários do mundo tem a paz que eu tenho? Não sou o mais rico do mundo, mas tenho um imenso prazer de viver. Sei levantar cedo, gosto de rezar, atuar no rádio, conversar com as pessoas e quando tenho ataques de saudade gosto de ouvir músicas. Ô vida boa sô! Se o céu for melhor do que isso, já é um desperdício!
Ah, quanto ao dia de finados, não se esqueçam: Escrevam um dia, sobre minha cova, pode ser cova mesmo, "aqui descansa alguém que foi muito feliz em vida"! Amém.
Imagem de A. Schüler por Pixabay
"Para nós que acreditamos, a vida não é tirada, mas transformada. O nosso corpo mortal é revestido da imortalidade Divina." Que o nosso encontro com Deus seja de muita alegria, alegria eterna...
ResponderExcluirAmém Padre Gabriel.
ResponderExcluir...."Ah, quanto ao dia de finados, não se esqueçam: Escrevam um dia, sobre minha cova, pode ser cova mesmo, "aqui descansa alguém que foi muito feliz em vida"! Amém.
ResponderExcluirPadre Gabriel, tenha a certeza EM VIDA, que sua vida é uma benção de Deus na VIDA DE MUITAS PESSOAS. O senhor faz com que a vida de muitos de nós seja mais leve com seus ensinamentos tanto pelas Rádios, quanto pelas paróquias por onde passou e está, pelo seu blog YOUTUBE,NAS VISITAS AOS ENFERMOS, LIVROS....DEUS SEJA LOUVADO POR SUA VIDA ENTRE NÓS! E QUE DEUS O CONSERVE ENTRE NÓS POR MUITOS E MUITOS ANOS! A SUA BENÇÃO.
Gosto de pensar depois que ouvi dizer que na lápide de Fernando pessoa está escrito, ( Eu não estou aqui) para mim é isso. Creio que, quem vai no cemitério nesse dia dia ,tem na realidade arrependimento demais por não ter dado valor ao ente enquanto vivo.
ResponderExcluirO importante é viver intensamente esta vida que passa tao rápido.
ResponderExcluirAmigo,eu também tenho esta mesma mentalidade sua.Adorei seu testo.Me identifiquei com ele! Parabéns,por escrever com tanta sabedoria,maturidade, esperança e paz! Grande abraço proo Senhor.
ResponderExcluirAproveito para registrar os nomes de meus parentes que não caeem no esquecimento diário. Maria Lucia Alves Nogueira, Florisbela Torres de Faria, Geralda Avelina Alves, Pedro Alves Pereira, João Clemente, Aurea Torres de Faria.
ResponderExcluirSe existe algo que acompanha alguns, na visita ao "Campo Santo" é a curiosidade. ''Bem que dizia Drumond: A gente vai ao velório para ver em quê, o morto sede nós. A curiosidade de alguns é tamanha, que chegam a olhar as gretas das sepulturas! O homem é meio bicho. Só pode ser! Ora, a morte deveria ser algo natural em nossa condição de vivos. Viver é morrer cada dia para algumas coisas! O problema não é a morte é nossa cultura racional e capitalista que faz a 'acreditar que não vai morrer. Alguns, ao que parece, tem certeza disso!''
ResponderExcluirÉ tão maravilhoso, como verdadeiro.
ResponderExcluir