Sonho torturante

  Nix, na mitologia grega era a deusa da noite ou das trevas. Hesíodo (Séc VIII a.C),   poeta grego e autor da “Teogonia”, um poema que fala...

 


Nix, na mitologia grega era a deusa da noite ou das trevas. Hesíodo (Séc VIII a.C),  poeta grego e autor da “Teogonia”, um poema que fala do nascimento dos deuses, a chama de “Mãe dos deuses”, porque acreditava que as trevas precederam tudo o que existe. Nesse ponto, sua narrativa sobre a criação, coincide com o relato bíblico, segundo o qual, só havia trevas antes da criação do mundo.

Essa deusa era representada com um manto preto coberto de estrelas e um véu, igualmente, preto sobre a cabeça coroada de papoulas. Às vezes, era representada nua, com asas de morcego e uma tocha na mão. Seu carro era puxado por dois cavalos pretos e em sua honra imolavam-se ovelhas pretas. Um dos filhos de Nix era Morfeu, o deus do sono. Seu nome é derivado do vocábulo, “forma”. Ele assume formas humanas e se manifesta aos mortais durante seus sonhos. Possui grandes asas e voa rápido, sem fazer barulho para não acordar suas vítimas. Numa dessas noites mal dormidas, eu fui uma de suas vítimas. Era alta madrugada quando  fui atormentado por um sonho ruim, desses que roubam nossa paz em troca de nada. Morfeu certamente, entrou em meu quarto pelo buraquinho da janela.

Como entender o que passa em nossas cabeças durante um sonho? Naquela madrugada, foram pelo menos duas horas perdidas com fantasias bestas! Não sei por que razão, eu havia pegado um sexto emprestado de alguém. Ele era imenso! Pelo jeito, cabia em seu interior, cerca de 3 sacos de 60kg cheios!  Lembro-me que relutei um pouco, para aceitar aquele cesto emprestado. De nada adiantou. O dono do objeto era a insistência em pessoa! Acabei levando o sexto, mas, não me recordo se continha algo dentro dele. Também não sei dizer qual seria a utilidade daquele “presente de grego” e nem quanto tempo eu ficara com ele.

O que eu mais temia acabou acontecendo. Ao parar com o sexto, diante de um prédio, num local conhecido, para fazer “sei lá o quê”, acabei sendo furtado. Levaram-me o bendito cesto que não era meu!  Soube disso, quando terminei de fazer “sei lá o quê”!  Ao retornar à portaria do edifício o sexto não estava mais lá. Aí começou o meu desespero! Estava, justamente, indo entregá-lo, ao seu legítimo dono. E agora? Não me ocorreu chamar a polícia. Mas, pedi uma das moradoras daquele prédio que me acompanhasse até determinado local, para explicar tudo ao dono daquele “precioso” objeto.  Entrei no carro da mulher e seguimos nosso destino, ou melhor, tentamos seguir. No caminho, o combustível do carro acabou. Fui castigado pela segunda vez! Agora estava ali, em pleno relento, com uma mulher falante me acusando com seu olhar de medusa. Enquanto eu, abraçado com minha frustração e, completamente, impotente permanecia ali feito estátua de sal. Tudo parecia conspirar contra mim. Desde que eu me ferrasse ao final da história a trama estaria correta...

Não me lembro, ao certo, da fisionomia daquela mulher. Não saberia dizer se usava papoulas nos cabelos ou dentes postiços.  Sei que era faladeira e me deixava meio tonto. Talvez, fosse a irmã caçula de Nix, já que era meio inexperiente para manter sua vítima fora de si. Na hora “H” acabei sendo salvo pelo acaso. Um enorme caminhão deu uma freada bem debaixo de minha janela. Acordei assustado com o cantar dos pneus. Procurei certificar-me se alguém havia entrado pelo buraquinho da janela. Tudo em ordem! Pelo tal buraquinho pude ver um caminhão cheio de cestos grandes. Entre os objetos uma sombra que parecia indicar alguém trajando uma capa preta...  

A essas alturas já era quase minha hora habitual de acordar. Levantei-me, fiz a barba e, como sempre, e fui tomar meu café antes de botar o pé na estrada. Vida que segue e rotina que continua! Graças ao sonho, ou pesadelo, nasceu esse texto. Espero que tenha gostado.

Imagem de Wolfgang Eckert por Pixabay 

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