Jesus: o nosso grande libertador

 

O dia era sábado, o local, a sinagoga. Os personagens eram Jesus, os frequentadores da sinagoga e um homem possuído por um espírito impuro. Somente esses elementos já poderiam nos causar estranheza. Como poderia haver na sinagoga, um espaço de vida, alguém possuído pelo mal?  Outro fato que causa estranheza é que somente esse homem “possesso” sabia, de verdade, quem era Jesus. Sabia, inclusive, qual era a sua missão. Podemos perceber isso depois que ele pergunta a Jesus: - Viestes para a nossa perdição?

Jesus, de fato, veio para libertar-nos de tudo aquilo que nos rouba de nós mesmos. Aquele homem estava possuído. Por isso, havia perdido a própria voz. Outro falava por ele e agia mediante suas ações. Ele havia deixado de ser pessoa. Estava “des-personalizado”. E o mais curioso é que ninguém, naquela sinagoga, parecia tocado por aquela situação. A gente, às vezes, corre o risco de se acostumar com o mal, sobretudo, o mal nos outros. “Pimenta nos olhos do outro é refresco...”.

Junto aos frequentadores da sinagoga, ao que parece, o mal estava bem instalado. Ele só ficou incomodado com a presença de Jesus. O fato ocorreu num sábado, dia sagrado para os judeus. Sábado é o dia do descanso, da “cessação” das atividades. Mas, Deus não descansa, sobretudo, quando tem alguém sofrendo. Ele age enquanto estamos inativos. Por isso, Jesus dirigiu toda sua atenção ao moço possuído pelo mal. Cala-te, e sai dele, disse Jesus. Porque Jesus fez isso? Primeiro, porque ele não quer ser anunciado por um mentiroso. O diabo é o pai da mentira. Quem deveria anunciá-lo, estava calado. Mas, chegaria a hora em que haveriam de anunciá-lo, ao mundo todo. Estou falando dos seus discípulos.

A autoridade com que Jesus ensinava e agia chamou a atenção de todos. Ele não agia a partir de outros, mas a partir de si mesmo. Sua autoridade era tamanha que até os ventos e o mar lhe obedeciam. A preocupação de São Marcos, nesse Evangelho (Mc 1, 21-28), foi mostrar quem era Jesus. E isso ele o fez com maestria. Jesus é  aquele que tem poder de nos libertar de todas as forças que nos alienam e nos tiram de nós mesmos. Uma vez libertado de todo mal, o homem é livre para amá-lo mais e melhor. O ensinamento de Jesus é novo porque ele liberta enquanto ensina. Aqui, aprendemos uma grande lição: Toda forma de ensinamento, de catequese, deveria ser libertadora e não opressora.   Os doutores da lei usavam suas tradições para subjugar e não para libertar. A Lei de Moisés havia se transformado num pesado jugo, dificultando a vida das pessoas.

O homem possuído representa todo àquele que, por alguma razão, está amordaçado e impedido de agir por conta própria. Sendo assim, tornou-se “marionete” nas mãos de outro. Será que ainda hoje temos homens marionetes? Agem movidos por outros, sem consciência das próprias ações? O espírito mal roubou a fala daquele homem. Era ele quem falava por sua boca. Quais são as forças negativas que nos escravizam atualmente. O certo é que muitos perderam a própria autonomia e, quando falam ou agem, apenas reproduzem discursos que não são seus. É como se lhes tivessem trocado os “chips”. Deus não nos criou para sermos marionetes. Mas, para sermos livres.

Num mundo dominado por “fake-news”, onde a mentira parece prevalecer sobre a verdade, qual seria o nosso papel de cristãos? Às vezes, repassamos aos outros qualquer informação sem saber se aquela informação é verdadeira ou não. Nisso corremos o risco de servir mais ao diabo do que a Deus. Jesus é verdade. O diabo é o pai da mentira. Nunca foi tão urgente refletir sobre isso. A quem servimos hoje, quando usamos as redes sociais? A verdade edifica, a mentira destrói; destrói pessoas, reputações, instituições... Por isso, sugiro que, antes de dar um “click” reflita: Será que, com esse gesto eu estou edificando destruindo? Que o Espírito Santo nos ilumine e nos dê o discernimento necessário para agirmos sempre da melhor maneira...

Imagem de Лечение наркомании por Pixabay