Jesus: O “Servo de Jahwéh”

 

O final do Livro do Profeta Isaías (do capítulo 40 aos 55) é atribuído a um profeta anônimo da Escola de Isaías que cumpriu sua missão junto aos exilados da Babilônia em meados de 550 – 539 a. C. Sua missão foi animar e consolar o povo prostrado pelo desânimo e falta de esperança durante o exílio. Para isso, ele compara a saída da Babilônia ao antigo êxodo, no Egito (Is 40 – 48), e anuncia a reconstrução de Jerusalém (Is 49-55).

Em alguns textos, no entanto, surge uma figura misteriosa que os estudiosos da Bíblia convencionaram chamar de “Servo de Jahwéh”. Quem é esse “Servo de Jahwéh”? Aí teremos que voltar os olhos para o texto bíblico abaixo:

Diz o Senhor: «Eis o meu servo, a quem protejo;  O meu eleito, enlevo da minha alma. Sobre ele fiz repousar o meu espírito, para que leve a justiça às nações. Não gritará, nem levantará a voz, nem se fará ouvir nas praças; não quebrará a cana fendida, nem apagará a torcida que ainda fumega: proclamará fielmente a justiça. Não desfalecerá nem desistirá, enquanto não estabelecer a justiça na terra, a doutrina que as ilhas longínquas esperam. Fui Eu, o Senhor, que te chamei segundo a justiça.  Tomei-te pela mão.  Formei-te.  “Fiz de ti a aliança do povo e luz das nações, para abrires os olhos aos cegos, tirares do cárcere os prisioneiros e da prisão os que habitam nas trevas». (Is 42,1-4.6-7).

O Servo, portanto é um eleito de Deus. Um eleito que deverá agir com mansidão e ser firme na implantação da justiça. Com seu sofrimento expiará as faltas de seu povo. Por isso, sofrerá sem reclamar. Sua atuação irá abrir os olhos dos cegos, libertar os prisioneiros da prisão e iluminar os habitantes das trevas...

Não é difícil, ver nesse “Servo de Jahwéh”, uma prefiguração de Jesus. Pois Jesus agiu, exatamente, assim: Com mansidão e firmeza. Curou os cegos e libertou os cativos. Iluminou os que estavam nas trevas. Como Cordeiro sem mancha entregou sua vida para nos libertar do pecado. A imagem do “Servo de Jahwéh” combina perfeitamente com a figura de Jesus.

Lendo essa passagem de Isaías e aplicando-a à figura de Jesus, os primeiros cristãos puderam entender, mas facilmente, o sacrifício do calvário. Caso contrário, poderiam entender a mensagem cristã como um perfeito fracasso. Mas, a exemplo do “Servo de Jahwéh”, Jesus sofreu, e deu-nos sua própria vida para expiação de nossos pecados.

É verdade que até hoje temos dificuldades de entender o sofrimento humano. Muitas vezes, quando sofremos pensamos que Deus se esqueceu de nós. Mas, Cristo nos ensinou que o sofrimento pode ter um valor redentor. Algumas coisas a gente só aprende depois de vivenciar certas provações. É mais fácil crescer nas dificuldades do que nos momentos de glórias!

O servo não foi um abandonado por Deus. Pelo contrário, foi eleito de Deus e estava cheio do Espírito Santo! Somente por isso, pode enfrentar as provações sem reclamar. Quando estamos fortalecidos em Deus também podemos contornar mais facilmente nossas dificuldades. Problemas todo mundo os tem. Mas, nem todos os enfrentam da mesma maneira. Uma coisa é lutar sozinho, outra coisa é lutar com a  força do Espírito de Deus. Pense nisso!

Imagem de geraldo josé garcia por Pixabay