Jesus tocou nele...

  Faz parte de nosso trabalho pastoral visitar os doentes. Muitas vezes, nos sentimos impotentes diante da fragilidade humana. A doença é o ...

 


Faz parte de nosso trabalho pastoral visitar os doentes. Muitas vezes, nos sentimos impotentes diante da fragilidade humana. A doença é o sinal visível dessa fragilidade. Se a gente pudesse curaria todos eles. Mas, não temos forças para isso. Só Deus pode curar-nos!

A doença traz outros agravantes geradores de sofrimentos. O doente, muitas vezes, é arrimo de família. Era ele quem sustentava aquela família que, agora terá mais dificuldades ainda para sobreviver; A doença afasta a pessoa do trabalho e, nem sempre, o doente consegue benefícios do governo; Algumas doenças podem ser contagiosas e passar para outros membros da família. E tem ainda aquelas doenças que carregam estigmas e por isso, o doente sofre duplamente: Sofre pela doença e pelo preconceito! Era assim, que acontecia com um leproso, no tempo de Jesus. Além de sofrer com a lepra, ele sofria por ser considerado um “impuro”, alguém de "sangue ruim". Os leprosos enfrentavam um terrível “isolamento social”. Ninguém podia se aproximar deles sob pena de também serem vistos como impuros.

O Evangelho de São Lucas (Lc 5, 12-16), relata-nos o encontro de Jesus com um leproso. Os leprosos, normalmente, não poderiam aproximar-se das pessoas. Deveriam manter uma distancia de segurança para evitar contágio. No Evangelho em questão, um homem “coberto de lepras” ao ver Jesus, prostrou-se, com o rosto por terra e suplicou: “Senhor, se queres tem o poder de purificar-me”. Note-se que ele chamou Jesus de “Senhor”, e não pediu cura e sim “purificação”. Ao que parece, sofria mais com o preconceito do que com a própria doença. O preconceito tem raízes no pecado porque ele exclui a pessoa da convivência. E o pecado não deixa de ser uma “lepra na alma”.

Ao ver aquela situação, Jesus não se lembrou das regras impostas pela sociedade daquele tempo. Aproximou-se do leproso (coisa que não podia fazer), tocou nele (isso também era proibido) dizendo: Quero, fica curado! O milagre foi instantâneo. Apesar disso, o leproso deveria ir ao sacerdote, pois ao sacerdote competia remover o “isolamento social” e devolver ao ex-leproso a cidadania.

Em vão Jesus pediu segredo daquela cura. Como abafar uma alegria tão grande? O leproso curado nasceu de novo. Por isso, contava pra todo mundo a graça recebida. Na verdade, Jesus não queria um “ôba-ôba”, antes da hora. Não queria ser visto como um milagreiro. Os milagres faziam parte de sua missão. Com eles queria mostrar a presença atuante do Reino de Deus em sua pessoa. Nesse sentido, os seus milagres indicavam outra realidade. Quem só via os milagres era como alguém que fica de olho na placa de transito, mas não executa o que ela sinaliza. Se uma placa de trânsito manda você virar para a direita é isso que você deve fazer e não ficar contemplando a “beleza” da placa... Quem só busca os milagres são colecionadores de placas. Não querem seguir o caminho que elas indicam. Se Deus me curou de uma doença foi para que eu pudesse servi-lo melhor. E aí está o “x” do problema. Quantas vezes, eu fui curado e não me dispus a mudar de vida?

O toque de Jesus no leproso lembra o toque de um artista que, com suas mãos, recupera uma obra de arte. A obra de arte de Deus é o homem. Essa “obra de arte” foi estragada pelo pecado. Jesus restaura, em nós, a beleza original, ou seja, o estado de graça. Quando Deus criou o homem ele o criou sem as marcas do pecado. O pecado é consequência das cabeças duras! Com ele vieram as doenças, os preconceitos e a morte...

As doenças nos causam dores e sofrimentos. Mas, quando elas vem acompanhadas de preconceitos os sofrimentos são ainda maiores. Por isso, os leprosos estavam entre os mais sofredores no tempo de Jesus. Dava-se a impressão que eles estivessem pagando uma dívida de seus antepassados, pois o “sangue ruim” era uma condição de nascimento. O tempo passou e muitas doenças acabaram. Mas, novas doenças surgiram e surgiram também novas formas de preconceitos. Das doenças, nem sempre conseguimos nos libertar. Mas, dos preconceitos depende muito de cada um de nós. Que Deus nos ajude a libertarmos de toda forma de preconceitos!

Imagem de jamboo7809 por Pixabay 

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