Cenas inusitadas na Igreja

 

Naquele dia o padre estava inspirado. Também pudera! Havia começado a missa na capela, totalmente, reformada e até cheirando de tão nova! Tema da homilia? – Maneiras de rezar!  O padre falou como se todo mundo tivesse entendendo. O povo balançava a cabeça dando a entender que entendia. Para enfeitar a conversa o padre disse que o encontro com Deus, mediante a oração, deve ser como o encontro que temos com quem amamos. Algo assim, como o encontro com o primeiro amor, afinal Deus é amor.  Em silêncio, o povo balançava a cabeça afirmativamente. Entusiasmado, o padre continuou, apontando para uma senhora, de vestido azul,  no primeiro banco: - A senhora se lembra de como foram os encontros que teve com o primeiro namorado? – Âh? - Perguntou a dona. O padre repetiu a pergunta e procurou torná-la mais clara: - Quando a senhora encontrou, pela primeira vez, com o seu namorado, sentiu o corpo tremer? – Não! Eu não. Senti nada não, respondeu.  Mas, não sentiu nada? - Nadica, respondeu a mulher que já passava dos setenta. Apontando para outra senhora, de verde,  o padre fez a mesma pergunta: - A senhora criava muita expectativa para encontrar-se com o seu primeiro namorado quando era jovem? - Ex-pec- o quê? – Expectativa, ficou ansiosa, para encontrar com ele? Não. Ele chegou e pronto. Naquela altura o padre escorregou para outra saída. Seria mesmo muito difícil um recuo no tempo para aquelas senhoras que mal se lembravam do que fosse namoro...

Noutra ocasião, entrou um bêbado na igreja. A ciência não consegue ainda explicar porque todo bêbado tem simpatia pelos padres. Já no meio da celebração ele entrou roubando a cena. O padre falava e ele fazia os gestos. Nisso, agachava, encurvava o corpo e fazia caras e bocas para alegria da meninada. Após a comunhão o padre pediu um momento de silêncio. O bêbado fechou os olhos e, quando se ouviam só as batidas dos corações, ele disse em alto e bom som: - Gente, olha só o tipinho do padre! Nessa hora até os mais sérios riram. O silêncio foi, totalmente, perdido. Finalmente, ele conseguiu o show desejado!

Outro caso aconteceu durante uma cerimônia de casamento. Todo mundo se comportava com muita formalidade. Os convidados mal cabiam dentro de suas roupas. Porque será que roupas de festas são tão desconfortáveis? Os vestidos são verdadeiros trambolhos e as roupas masculinas umas saunas.  No meio da cerimônia entrou na igreja uma figura popular e bastante conhecida na cidade. Tratava-se de uma mulher, dessas que perambulam, sem rumo, pelas ruas. Ela entrou e procurou assentar-se bem na frente, perto dos noivos. Enfiou a mão nos seios e retirou uma chupeta de criança e enfiando-a na boca. Aquela cena quebrou toda a formalidade da cerimônia. Não teve quem não risse.  O padre ficou roxo, mas em nome dos bons costumes, manteve a pose! Enquanto isso, ela permanecia indiferente, com sua chupeta de rodela azul, enfiada na boca.

Vou contar um milagre sem falar do santo. O moço era bastante conhecido na cidade por causa de seus problemas mentais. Certo dia, quando as senhoras do Apostolado da Oração estavam rezando ele cismou de aparecer na igreja. Lá pelas três horas da tarde, entrou pela porta dos fundos e por alguma razão cismou de juntar-se ao grupo orante. Ao ver o moço entrando a maioria das senhoras saiu da igreja em franca disparada. Apenas umas quatro permaneceram no banco. É que, estavam cochilando na hora da reza e não viram o moço adentrar ao local como nascera... Quando abriram os olhos e viram aquele baita de homem ali, quase sem roupas,  acordaram rapidinho.  Acho que estão correndo até hoje...

O padre, certa vez, empolgou-se no sermão, feito em praça pública. Em dado momento perguntou à assembleia: - O que pode ser melhor do que o amor de Deus? – Um pastel de carne! – Respondeu uma criança, sapeca, que tudo observava por ali. O padre sentiu que todo mundo estava atento ao sermão. Mas não esperava por aquela resposta tão inusitada do menino. E por aí se vai...

Imagem de Free-Photos por Pixabay