Papo de namorado

  Você já teve a desventura de ouvir, por acaso, uma conversa de namorados? Já leu as declarações de amor no diário de sua filha adolescente...

 


Você já teve a desventura de ouvir, por acaso, uma conversa de namorados? Já leu as declarações de amor no diário de sua filha adolescente? Já ouviu alguém dizer que vai fugir de casa com seu “príncipe”? Aposto que nada disso lhe é estranho se você é pai ou mãe de família.

A pessoa apaixonada vê o mundo cor de rosa e em forma de coração. A menina admira tudo o que ele faz. Adora o jeitinho dele de andar trotando, seu jeito de falar engolindo o “s” e até sua mania de piscar acelerado quando está nervoso. Ele, por sua vez, a considera uma deusa. Não se esquece de suas bochechas rosadas, do seu jeito meigo de falar “mor” em vez de amor, sua mania de coçar o lóbulo de sua orelha quando estão juntos... O que faz tanto sentido para quem está numa relação amorosa pode soar estranho e cansativo para quem está fora dessa relação.

Algumas pessoas quando apaixonadas, escrevem o nome da pessoa amada em tudo o que vê. Quase sempre, junta o seu nome com o da outra pessoa em dois coraçõezinhos e põe uma flecha no meio, para dizer que o casal foi flechado por cupido, o deus do amor. Antigamente, costumava-se desenhar esses nomes até mesmo nos troncos de algumas árvores. Eu via isso acontecer com frequência nas árvores de “Biroscas” que ficavam perto de minha casa. Para quem não sabe as Biroscas são árvores de crescimento fácil e brotam em qualquer lugar. Atingem grandes alturas e dão umas florinhas amarelas. Essa espécie tem muitos outros nomes que vão desde o nome científico que ninguém sabe falar (Schizolobium parahyba) passando por: Guapuruvu, Ficheira, Pataqueira, Baageiro, Bacumbú, Bacuparu, Bacuru... Mas, isso não vem ao caso.

À Medida que o tronco da árvore engrossava os nomes, nele arranhados, assumiam grandes proporções. Quando o namoro acabava alguns preferiam cortar a árvore a ver seus nomes expostos daquela maneira acintosa. A pobre árvore é que pagava o pato. Um caso mais trágico do que esses, me aconteceu com um amigo, que tatuou nas costas, o nome da mulher amada. O namoro acabou e até hoje ele carrega o nome, “Soraia” incrustado na pele. A Soraia se foi e as outras também, assim que o viram sem camisa... Proibido de ir à praia ou frequentar a pelada com os amigos preferiu enclausurar-se em si mesmo. A tatuagem foi tudo o que sobrou daquele relacionamento ardente. Da Soraia só ficou o nome eternamente tatuado em suas costas. Ainda bem que a gente não tem olho na nuca!

Outros dias, um pai me reclamou que já não aguentava mais ver a filha grudada ao telefone. Não trabalhava e não estudava direito. Era só mensagem pra lá e pra cá o dia todo. Bastava tossir que já era motivo de reportar ao namorado. O leite derramou? Lá vai mensagem. O gato quebrou a jarra? Mais um comunicado relevante... Sem saber o que fazer e já no ponto de desespero tentou controlar, em vão, o telefone da filha. Do outro lado da linha o rapaz, pelo visto, também não trabalhava nem estudava. Esse é um típico caso parecido com o da Soraia...

Amores de adolescentes são fatais. Mas, existem alguns casos amorosos entre pessoas maduras que merecem atenção. Violeta Parra, por exemplo, uma famosa cantora chilena falecida em 1967, apaixonou-se, perdidamente, por um rapaz de 17 anos. Na época ela tinha 50 anos. Daí nasceu uma belíssima canção: “Volver a los diecisiete”. O lado bom dessa historia de amor, foi o surgimento de muitas canções compostas por Violeta. Uma delas “Run run se fue pal norte”, nasceu quando o Gilbert Favré, um jovem suíço com quem Violeta se enamorou, abandonou-a,  mudando-se do Chile  para a Bolívia.

Seja como for, a experiência amorosa é uma das coisas mais belas da vida. Por ser tão bonito o amor humano só pode nascer de Deus. As aventuras e desventuras adolescentes, vistas na medida certa, são essenciais para um futuro relacionamento sólido e maduro. Quem já não passou por isso, algum dia na vida? Pense nisso!

Imagem de aliceabc0 por Pixabay 

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  1. O Sr Padre vive cutucando o passado. Fazendo com que a gente volte numa velocidade ao tempo . Onde lágrimas foram derramadas de alegrias e grandes tristezas. Hoje maduro, sei que foi em vão muita coisa, e quando digo a minha filha adolescente alguma coisa, ela né diz, o Sr não sabe o que estou passando. Há, como sei, de maneira diferente dos tempos atuais, mas, sei. Forte abraço

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  2. Realmente sr padre é desse jeito, um amor que se pensa que será eterno. Muito linda reflexão eu voltei ao passado 😁

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  3. Quanta sutileza ao descrever esse amor adolescente..Realmente, o amor é coisa de Deus...
    Chico Xavier descreve muito bem o amor também...Para ele, tudo é amor, inclusive o ódio é o amor que adoeceu gravemente...Parabéns pela sensibilidade do Senhor em captar a essência do amor e compartilhar conosco...Abraços de Sônia Cruz e família.

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  4. Quando adolescente...passei por situacoes de *escolha de Nomorado para mim...*Ouvi segui.,..Deu tudo errado..Casei com 17 anos...Vivi 12 anos nesse Casamento..A Unica Maravilha foi meus dois Filhos🙏 o resto foi so Fracasso.Mas Hj vivo uma Vida Feliz Completa..Criei meus 2 filhos sozinha ..esperei alcancarem uma idadade adulta...Sou casada novamente so no ( civil) e Meus Filhos Tem Sua Vida Independente ..Gracas a deus

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  5. Kkkk todo mundo já teve dezessete!!!

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  6. Reminiscências...
    Estava falando sobre mim. Tenho certeza! Escrevi JR até nos maracujás de minha casa 😂😂😂😂😂

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  7. Delícia de texto. Eu também escrevi muito o nome do meu primeiro amor... Ah!!! como era gostoso! Saudade. NAS AAP

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  8. Kkkkkk adorei a tatuagem Soraia kkkk vai bobo vai tatuando o nome da primeira que vem na frente kkkkkkkkkkkk

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  9. Pois é Padre, quando só decepciona é muito triste. Sinceramente tenho me sentido a Frozen dos desenhos animados, coração congelado, ando muito desacreditada no amor de homem e mulher. Pelas minhas experiências só acredito que tudo é puro interesse. Amor mesmo só o Deus.

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  10. Adorei só que no meu caso estou vivendo o amor de adolescente hj com 49 anos kkkknunca étarde para amar não émesmo?

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  11. Um amor novo é muito bom. Quero ver o que vence a rotina,o comer junto muitas colheres de sal.

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