Na orla do seu manto

  Os responsáveis pela limpeza das igrejas quase sempre reclamam: O povo está sujando o sacrário de tanto passar as mãos nele... Estão passa...

 


Os responsáveis pela limpeza das igrejas quase sempre reclamam: O povo está sujando o sacrário de tanto passar as mãos nele... Estão passando as mãos nas imagens... Sujou de batom a imagem do Senhor morto...

Olhando o texto de São Marcos (Mc 6, 53-56)) percebemos a grande necessidade que o povo tinha de tocar em Jesus. Vamos falar a verdade:  Você também não gostaria de tocar, nem que fosse na orla do seu manto? No fundo, a gente tem fome de Deus e quer tocá-lo. Jesus, ao que parece, irritava-se, menos com isso, do que os zeladores das nossas igrejas! Ele preferia mais o toque carinhoso do povo do que o martelo dos soldados de Pilatos...

Nós costumamos enxergar melhor usando a ponta dos dedos. Por isso, gostamos de tocar, apalpar e apertar. Quem não gostaria de apertar a bochecha rosada de um anjinho barroco nas igrejas históricas de Ouro Preto? Aliás, os vigias dessas igrejas sempre têm problemas com isso. As pessoas querem tocar o sagrado, ainda que isso, lhes seja proibido. Não fosse a presença dos guardas a gente acariciaria cada uma daquelas imagens em Ouro Preto.

No Vaticano existe uma imagem de São Pedro que já gastou os pés de bronze de tanto serem tocados pelo povo. Eu mesmo confesso que já fiz isso. Se for pecado alguém me diga para que eu possa me confessar depois.

O Evangelho citado nos diz que: “Tendo desembarcado, logo o reconheceram e, percorrendo toda a região começaram a levar os doentes nos leitos para os lugares onde ouviam dizer que ele estava. Onde quer que entrasse punham os enfermos nas praças e lhe pediam que os deixasse tocar, ao menos na ponta de seu manto. E todos que o tocavam ficavam curados...”

Esse gesto das pessoas mais simples, ainda que pareça magia, na verdade, era a manifestação espontânea de quem tinha fome de Deus e queria tocar o sagrado com as mãos, de alguma maneira. As crianças que, normalmente, são mais livres das convenções sociais, corriam ao encontro de Jesus para abraçá-lo. Em outra passagem bíblica o Evangelho mostra que isso aborrecia aos discípulos (Mt 19,13). Eles não entendiam que todos queriam estar com Jesus. Isso não o aborrecia. Foi preciso que Jesus os repreendesse para que não dificultassem o acesso das pessoas a ele.

Uma das passagens mais bonitas durante a visita do Papa Francisco ao Brasil em 2013, foi quando aquele menino (Nathan de Brito), de nove anos, rompeu a barreira dos seguranças e abraçou o papa. Naquele momento tudo parou. O menino disse ao papa que queria ser padre e o papa, emocionado, pediu que a criança rezasse por ele. Aquela cena valeu toda a viagem do Sumo Pontífice! O gesto de Nathan foi o mesmo dos contemporâneos de Jesus, relatado no Evangelho de Marcos. As pessoas tem sede de Deus. Tocar no corpo do papa, para quem é católico, é tocar no representante de Cristo. Como são belos esses gestos! Temos que tomar cuidado para não ficarmos ranzinzas como os discípulos que, naquele tempo, queriam afastar as crianças de Jesus. Que Deus nos liberte logo dessa pandemia! Ela está nos impedindo de fazer o que mais gostamos: Abraçar uns aos outros!

Imagem de Pexels por Pixabay 

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  1. Deus nos livre mesmo dessa pandemia.Como é bom tocar no santíssimo sacramento!É uma paz no coração.

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  2. Graças e louvores sejam dadas a cada momento

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  3. E a nossa turma da madrugada adora um braço e encontra Jesus bem cedinho

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