Quaresma: tempo de jejum
No Evangelho de São Mateus (Mt 9, 14-15) Jesus foi questionado pelos discípulos de João: - Por que razão nós e os fariseus praticamos jeju...
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No Evangelho de São Mateus (Mt 9, 14-15) Jesus foi
questionado pelos discípulos de João: -
Por que razão nós e os fariseus praticamos jejuns, mas os teus discípulos não?
Jesus respondeu: Por acaso, os amigos do noivo podem estar de luto enquanto o
noivo está com eles? Dias virão em que o noivo será tirado do meio deles.
Então, sim, eles jejuarão.
Num primeiro momento parece que Jesus não respondeu ao
questionamento. O que tem a ver jejum com presença de noivo? Vamos refletir
sobre isso. O noivo em questão é o próprio Cristo. João Batista usou essa
imagem referindo-se a ele (Jo 3, 28-29). Não foi à toa que o primeiro milagre
no Evangelho de João foi durante uma festa de casamento (Jo 2, 1-11). Jesus é o
noivo, e nós, sua igreja somos a noiva.
Enquanto Jesus estava presente com seus discípulos não havia
lugar para tristezas e lamentações. Os discípulos de João, certamente, não
haviam entendido a importância da presença de Jesus, o noivo da humanidade. Mas,
Jesus sabia que um dia, o “noivo” iria morrer e então, os discípulos não teriam
mais vontade de comer ou se alegrar...
O tempo da quaresma é um tempo em que lembramos a paixão e
morte de Jesus. Por isso, também jejuamos e fazemos penitência manifestando nosso
pesar por essa separação. Mas, como sabemos que Jesus ressuscitou na manhã de
domingo, então, jamais jejuamos aos domingos. Seria um absurdo jejuar e se
lamentar no dia em que o noivo ressuscitou.
O nosso jejum só tem sentido se for acompanhado de um desejo
de conversão e de maior união com Cristo. Ninguém deve jejuar apenas para
cumpriu um ritual vazio como faziam os fariseus que cultivavam uma religião de
aparência. Aliás, Jesus citou um deles
que fazia do jejum motivo de orgulho: Havia
um fariseu que fazia a seguinte oração: “Ó Deus, eu te agradeço que não sou
como todos os outros . . . Jejuo duas vezes por semana.” (Lc 18,11, 12). Esse
tipo de jejum não tem valor aos olhos de Deus. Ele realçava uma prática externa,
mas a pessoa não mudava o seu coração. O Profeta Joel disse, a propósito desse
tema: Rasgai os vossos corações e não as vossas vestes (Jl 2, 12-18)! Sem
dúvida é mais fácil rasgar as vestes e causar boa impressão nas pessoas do que
rasgar o coração, pois isso, só Deus pode ver.
Falando sobre o jejum o profeta Isaías também puxou a orelha
de seus contemporâneos que jejuavam sem mudar de vida:
Acaso é este o jejum
que me agrada, o dia em que o homem se mortifica? Curvar a cabeça como um
junco, deitar-se num leito de saco e de cinza? Não é antes este o jejum que eu
prefiro: quebrar as correntes iníquas, desatar os laços do jugo, deixar ir
livres os oprimidos e quebrar todo jugo? Não consiste talvez em repartir o pão
com o faminto, introduzir em casa os pobres desabrigados e vestir quem está nu,
sem desviar os olhos de tua gente (Is 58)?
O Jejum tem um grande valor. Mas, ele deve ser acompanhado de
um forte desejo de conversão e de união com Cristo. O que acontece do lado de
dentro da pessoa é mais importante do que o que acontece do lado de fora. Os
fariseus praticavam muitos rituais apenas para serem vistos e aplaudidos. Por
isso, Jesus os criticou. O Jejum bem feito ajuda-nos a quebrar o nosso orgulho
e nossa arrogância. Ele nos faz lembrar o quanto somos carentes e dependentes
de Deus. Temos fome, sede e milhares de outras carências. Infinito e completo é
só Deus e só Ele pode nos preencher completamente.
Atualmente, muitos não veem sentido no jejum. Mas, os mesmos
que o ignoram por ser um apelo da fé se matam com dietas desumanas em nome da
estética. Para Deus não estão dispostos a mover um dedo mas para ficarem mais
bonitos(as) são capazes de permanecerem dez dias à pão e água...
No tempo da quaresma somos convidados a trocar o exagero pelo
tempero. Não custa nada ter uma vida mais sóbria e dividir com quem precisa
parte do que temos ou gastamos sem maiores necessidades. Podemos temperar os
nossos excessos em vista de um bem maior, ou seja, nosso próprio crescimento
espiritual. Às vezes excedemos no uso do celular, das bebidas e comidas. Quem
sabe não poderíamos abrir mão desse excesso e dedicar mais tempo a Deus e aos
irmãos? Seria um bom desafio para nós mesmos. Não custa tentar...
Imagem de Capri23auto por Pixabay
Padre Geraldo, estou impressionado com a riqueza de suas palavras.
ResponderExcluirTodo o contingente de textos do seu blog são de uma riqueza extrema.
Deus abençoe muito!!
Bom dia padre parabéns pelo texto .
ResponderExcluirEstou mesmo precisando de fazer uma penitencia agora sim sei como faço direito obrigado é tenha um bom fim de semana abençoado
Exatamente isso. Muitos excessos. É estes estão destruindo famílias. Destruindo amores. Precisamos acordar. A vida passa muito rápido. É um piscar de olhos. É urgente viver bem e com Deus. Perfeito tudo que falou
ResponderExcluirPadre o senhor me fez lembrar dos meus avós me falavam que com o jejum poderia ficar curada de qualquer coisa mas tem que fazer e ter fé, adoro aprender com o senhor 🥰
ResponderExcluirIsso mesmo padre muitos fazem um jejum de aparências sendo o que importa é jejuar e mudar o coração
ResponderExcluirpois o coração de cada só Deus pode ver .
.."Enquanto Jesus estava presente com seus discípulos não havia lugar para tristezas e lamentações. "..
ResponderExcluirFortes e sábias palavras! Gostei demais! 👏🏻👏🏻👏🏻👏🏻
ResponderExcluirAmém
ResponderExcluir..."Não custa nada ter uma vida mais sóbria e dividir com quem precisa parte do que temos ou gastamos sem maiores necessidades. "..
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