Bendito Galo!
Vou começar a minha reflexão de hoje lembrando a inocente história do Pinóquio. Pinóquio era um boneco de pau, feito por Gepeto. Certo dia...
Vou começar a minha reflexão de hoje lembrando a inocente
história do Pinóquio. Pinóquio era um boneco de pau, feito por Gepeto. Certo
dia, uma fada lhe deu de presente um grilo falante. Toda vez que ele se
desviava dos conselhos de sua mãe o grilo buzinava em sua orelha para que ele
não fizesse aquilo. Quando ele ouvia o seu grilo tudo dava certo. Caso
contrário, ele sofria as consequências de suas escolhas erradas.
No Evangelho de São João (Jo 13, 21-38), temos uma situação que
me faz lembrar a história de Pinóquio. O texto fala da traição de Judas e de
Pedro. Judas trai por avareza e Pedro por fraqueza! São duas posturas
diferentes, embora todas falem de traição. Após lavar os pés dos discípulos
Jesus, cheio de comoção, comunica-lhes, que um deles o trairá. Isso provocou um
grande desconforto no grupo. Muito curioso, mas sem coragem de perguntar nada,
Pedro suplica que João pergunte a Jesus quem seria o traidor. Respondendo a
pergunta Jesus diz que seria aquele a quem iria oferecer um pedaço de pão
umedecido no molho. Ato contínuo dirige-se a Judas com esse pedaço de pão.
Aquele seria o último gesto convidando-o, ao repensar sua atitude. Mas, de nada
adiantou. Ele saiu daquela mesa, iluminada, para mergulhar-se, definitivamente,
nas trevas. O Evangelista anota esse pormenor: Quando Judas saiu era noite!
O jogo de luz e trevas volta e meia aparece no Evangelho de
São João. Já no inicio ele afirma: A luz veio ao mundo, mas os homens
preferiram as trevas porque suas obras eram más... Judas preferiu as trevas!
Situação diferente foi a de Pedro que também negou a Cristo, mas chorou,
amargamente, ao ouvir o cantar do galo.
Pedro era um homem sem curvas e sem dobras. Falava o que
pensava e pensava como um homem do povo. Ao saber que um dos seus companheiros
trairia Jesus ele disse: Que isso, Senhor? Eu daria minha vida por ti! Jesus,
no entanto, o repreendeu dizendo: Cuidado, Pedro! Cuidado com o que você está
dizendo, pois antes que o galo cante você me negará três vezes... O que veio em
seguida foi a confirmação disso. Após a prisão de Jesus, Pedro, cheio de medo,
negou conhecer Jesus para também não ser preso. Na segunda vez que isso
aconteceu um “bendito” galo cantou (Jo 18, 27). Pedro, naquela hora, lembrou-se
da palavra de Jesus e chorou amargamente (Lc 22,62). Esse choro de Pedro mostra
o seu grande arrependimento por ter negado Jesus e ele só aconteceu por causa
do canto do galo...
O canto do galo e o grilo falante da história de Pinóquio são
representações da consciência humana. No mais profundo do santuário de nossa
consciência é que podemos ouvir a voz de Deus. Mas, nem todos parecem dar
ouvidos a essa voz. Alguns agem como Pedro, outros como Judas. Deus fala a
todos, mas nem todos querem escutá-lo. Alguns só conseguem escutar a voz de
Deus no final da vida. Santo Agostinho reclamava: Tarde Te amei, ó Beleza tão
antiga e tão nova… Tarde Te amei! E alguns poderiam afirmar com razão: Antes
tarde do que nunca! Isso é verdade. Antes tarde do que nunca para se ouvir a
voz de Deus, mas se a gente pode ouvir hoje mesmo, então, porque deixar isso
para amanhã? O amanhã poderá não existir. Então, ouçamos a voz de Deus enquanto
é tempo! Se for preciso chorar que choremos! É melhor chorar do que terminar a
vida como Judas, com uma corda no pescoço...
..."Santo Agostinho reclamava: Tarde Te amei, ó Beleza tão antiga e tão nova… Tarde Te amei! E alguns poderiam afirmar com razão: Antes tarde do que nunca! Isso é verdade. Antes tarde do que nunca para se ouvir a voz de Deus, mas se a gente pode ouvir hoje mesmo, então, porque deixar isso para amanhã? "...
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