Madalena cheia de dor em busca do seu amado

  Quem já perdeu pessoas queridas entenderá o que eu vou dizer. No dia do velório daquela pessoa a gente fica meio sem chão e custa a assimi...

 


Quem já perdeu pessoas queridas entenderá o que eu vou dizer. No dia do velório daquela pessoa a gente fica meio sem chão e custa a assimilar o fato. O clima de velório não facilita esse processamento. É muita gente chegando e saindo o tempo todo e cada um quer fazer perguntas sobre o ocorrido ou comentar coisas da vida. Esse ritual de passagem parece necessário à nossa psicologia. Tenho pena de quem não pode chorar pelos seus mortos! Como entender que a pessoa que você viu partir na parte da manhã, não voltará jamais? Como chorar a morte de alguém se os olhos não viram o corpo, sem vida, desse alguém?

Quando se perde uma pessoa querida o pior momento não é o velório, mas, o retorno pra casa. Aí sim, é que a gente se depara mesmo com a ausência! Não está mais ali a pessoa que se assentava naquele tamborete; que gostava de coar um cafezinho novo; que sempre ligava o rádio na hora da Ave Maria... Certamente, foi um sentimento desses que moveu o Compositor Sérgio Bitencourt (1969) a compor a música “Naquela Mesa”, em homenagem ao seu pai Jacob do Bandolim, já falecido. Na canção ele recorda a mesa em que o pai assentava e as histórias contadas por ele. No fundo, ele canta a dor de uma ausência... O bandolim sobre a cama evocava a ausência de seu dono. De alguma forma era o que havia restado do pai...

Deve ter sido um sentimento semelhante a esse que levou Madalena ao túmulo de Jesus, “bem de madrugada, quando ainda estava escuro” (Jo 20,1-9). Certamente, ela foi para certificar se aquilo era mesmo realidade ou sonho. Quem sabe, junto à sepultura, não pudesse juntar os pedaços daquela história macabra e encontrar algum sentido na narrativa. O certo é que não dormiu nada durante a noite. E como poderia ter dormido em paz depois de tudo o que presenciara?

Ao ler essa passagem, sempre me pergunto se a escuridão que ela sentia estava apenas do lado de fora. É provável que a escuridão reinante no seu coração fosse pior do que a penumbra da madrugada! Como poderia ser diferente? Ela viu todo o horror que fizeram com Jesus. Testemunhou a sessão de tortura e a morte vergonhosa que lhe infligiram. É compreensível que, naquele momento, ela não conseguisse entender o sentido profundo dos acontecimentos. Já se passaram mais de dois mil anos e até hoje a gente não entende direito o ocorrido...

Ao aproximar-se do túmulo algo inesperado a surpreendeu: A pedra rolada!  Essa pedra devia ser enorme! A ideia era sepultar de vez e abafar com uma grande pedra os ideais daquele sonhador de Nazaré. Mas, a pedra estava removida. Sua primeira intuição foi que alguém teria roubado o “seu Senhor”. Mas, quem poderia ter feito isso? Já não bastaram tudo o que fizeram com ele em vida? Ao ver a pedra removida Madalena não perdeu tempo.  Saiu correndo para avisar aos apóstolos. Ela foi a primeira que viu, foi a primeira a anunciar o fato. Daí em diante foi uma correria só! Pedro e o outro discípulo foram correndo ao túmulo. O outro discípulo correu mais do que Pedro...

Num outro momento Madalena volta ao túmulo para certificar-se, melhor, do ocorrido. Dessa vez, ela encontrou as respostas que precisava. A cena descrita por São João é uma das mais lindas do Evangelho (Jo 10,14)!  Ainda cheia de dor olhou para o interior do túmulo e viu dois anjos. Ato contínuo volveu o olhar viu o próprio Cristo. Mas, ele estava tão lindo que ela não o reconheceu. Suas lágrimas a impediram de reconhecer a quem mais amava! Foi preciso então, enxergar com o ouvido, pois  assim que foi chamada pelo próprio nome não teve dúvidas. Aquela voz era inconfundível! Era ele mesmo e não outro! Era aquele a quem mais amava. Seu amor era verdadeiro e por isso, foi recompensada com uma visão única do ressuscitado. Jesus não iria deixar abandonada, junto à sepultura, aquela que o buscava com tanto empenho.  Por isso, antecipou-se aos discípulos, vindo ao encontro de Madalena.

Madalena soube desde cedo, que não existe dor maior do que estar separada de Deus. Sem a presença dele nada faz sentido.   Por isso, buscou essa presença com todo o seu empenho. Que isso sirva de modelo para nós e que possamos dizer como São Paulo: Viver para mim é Cristo...

Imagem de Dimitris Vetsikas por Pixabay 

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  1. Cristo vive. Esta é a grande verdade que enche de conteúdo a nossa fé. Jesus é o Emmanuel: Deus conosco. A sua Ressurreição revela–nos que Deus não abandona os seus.

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  2. É perceptível que "Naquela mesa" foi escrita com o coração, sente-se a ausência e a saudade em cada frase daquela canção.
    Chorar a morte de alguém no qual você não viu o corpo sem vida é uma angústia maior, e hoje podemos vivenciar isso com esse vírus avassalador, ele leva uma pessoa querida sem ter uma despedida digna ou um último adeus. E o que resta são as lembranças como a canção "naquela mesa tá faltando ele e a saudade dele dói demais em mim".

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  3. ..."Madalena soube desde cedo, que não existe dor maior do que estar separada de Deus. "..

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  4. Cristo vive! Esta é a grande verdade que enche de conteúdo a nossa fé. Jesus é o Emmanuel: Deus conosco. A sua Ressurreição revela–nos que Deus não abandona seus filhos.

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  5. .."Madalena soube desde cedo, que não existe dor maior do que estar separada de Deus. Sem a presença dele nada faz sentido"..

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