São José de Nazaré, rogai por nós!

 

Não me canso de refletir sobre São José. Sempre tive devoção com ele e em minha família existem muitos Josés.  Aliás, esse é um dos nomes mais populares do Brasil! Os nomes José, Zezé, Zé, Zeca, cai bem em todos. Meu avô paterno se chamava José, meu pai tinha José no sobrenome, tenho um irmão chamado José e alguns sobrinhos também herdaram esse nome bendito. Na Diocese de Divinópolis já tivemos quatro  bispos e, dois deles,  providencialmente, chamavam-se José. O  Bispo atual também se chama José, ou seja, Dom José Carlos. Temos ainda diversas paróquias e comunidades dedicadas a São José.   

São José era um homem de trabalho e silêncio. Nunca quis chamar a atenção sobre si ou “roubar a cena” como acontece, com muita frequência nos dias de hoje. Talvez, por  causa dessa discrição natural, ele tenha escolhido um lugar meio escondido para morar com Maria e Jesus. São Mateus nos diz que, ao voltar do Egito, após ser avisado em sonho, José foi morar em Nazaré:

 “... retirou-se para as bandas da Galiléia, indo morar numa cidade chamada Nazaré, para que se cumprisse o que foi dito pelos Profetas: Será chamado nazareno (Mt 2, 23).

Diante dessa informação bíblica a gente pode se perguntar: - Com  tantas possibilidades para fixar residência, qual teria sido o critério de José para escolher Nazaré? Nazaré era um lugar sem nenhuma importância. Podemos perceber isso em outra citação bíblica. Quando Filipe encontra-se com Natanael e lhe diz ter encontrado o Messias, Natanael o interrogou ( Jo 1, 46): - Que isso, Filipe? Você tem certeza do que está falando? Afinal, “pode sair alguma coisa boa de Nazaré?”.  Por causa dessa pergunta, podemos entender o quanto Nazaré era insignificante.  Apesar disso, o Anjo Gabriel foi enviado, precisamente, a esse lugar insignificante no dia da anunciação. Maria era de Nazaré. E foi a partir dessa “periferia” desse lugar que não figurava no Google daquele tempo que Deus começou uma nova história com a humanidade. Deus escolhe para si aquilo que o mundo rejeita e despreza...

Os primeiros cristãos e o próprio Jesus inicialmente eram chamados de “nazarenos”.  A palavra “cristãos” só vai aparecer em Antioquia lá pelo ano 43, aproximadamente (At 11, 26). Os magistrados romanos chamaram de “cristãos” tratando assim, os seguidores de Jesus como uma nova seita judaica. Após a morte de Jesus na cruz, Pilatos mandou escrever um letreiro com a seguinte inscrição: Jesus Nazareno, o Rei dos judeus (Jo 19, 19).

A palavra “nazareno” pode ser derivada de “nazir” e “nazireu”, que quer dizer “consagrado a Deus”, na língua hebraica. Esses homens consagrados, como era o caso de Sansão, João Batista e outros,  costumavam não cortar os cabelos nem tomar vinho. Jesus consagrado a Deus (Nazareno)  era o verdadeiro messias! Apesar do imaginário popular que associava o messias aos  títulos de grandeza, para os evangelistas o messias estava associado à imagem do servo sofredor anunciado pelo profeta Isaías.  Sendo nazareno o messias não poderia mesmo ter os hábitos da corte. Há uma grande diferença entre os palácios e os barracos da periferia!

O Verbo de Deus se fez carne e habitou entre nós! Ele se fez carne no seio da virgem a partir de um “lugar social”, ou seja, a partir de Nazaré. Jesus, portanto, está associado a esse lugar quase anônimo e, por isso, uniu-se a todos os anônimos da história.

A decisão de José de ir morar em Nazaré, talvez para esconder a sagrada família, de possíveis perseguições, fez com que o seu filho fosse chamado de Nazareno. Nazareno é uma palavra feliz para aquele que foi, desde o nascimento, consagrado e ungido por Deus para levar a boa nova aos pobres, curar os doentes, libertar os cativos...  O plano de José combina com o desejo de Deus que, ao se encarnar, rebaixou-se, para nos elevar a todos. Que São José de Nazaré nos ajude a entender os caminhos de Deus, que normalmente, são muito diferentes dos nossos!

Imagem de Dorothée QUENNESSON por Pixabay