Um toque que gera vida
Uma das mais belas obras de arte da humanidade encontra-se no teto da Capela Sistina, no Vaticano. Trata-se da tela de Michelangelo sobre ...
Uma das mais belas obras de arte
da humanidade encontra-se no teto da Capela Sistina, no Vaticano. Trata-se da
tela de Michelangelo sobre a criação de Adão. “A Criação de Adão” foi uma obra
produzida por volta de 1511, por Michelangelo, artista italiano (foto em destaque), a pedido do
Papa Júlio II, e representa a criação do primeiro homem. Sem dúvida, essa é uma
das maiores obras de artes conhecidas. Na
representação, Adão está nu e, completamente, relaxado, como se acabasse de
acordar de um sono profundo. Seu dedo indicador ainda relaxado quase encontra o
dedo, em riste, do Criador. Com aparência jovem Adão está sozinho na terra
enquanto Deus é representado barbudo e acompanhado por uma legião de Anjos.
Como um verdadeiro artista, Deus criou o homem à sua imagem e semelhança. A
harmonia da arte combina com o texto bíblico sobre a criação, onde o homem
foi o ponto mais alto da obra divina.
Deus nos criou para sermos
felizes e vivermos em harmonia com o conjunto da criação. Entretanto, o que
percebemos, atualmente, é bem diferente. Divorciada do homem a natureza parece
revoltar-se contra ele. Talvez, a pandemia que nos atormenta, atualmente, seja a melhor ilustração disso. Com sua
mentalidade predatória o homem degrada a natureza e ela, por sua vez, dá-lhe o
troco. Mas, quando essa harmonia foi quebrada? Quando começou todo esse
desarranjo? – A explicação para isso, está no pecado. Adão deu ouvidos à
serpente e perdeu o estado de graça original com o qual fora criado. Foi o pecado, a
desobediência humana, que só não pôs tudo à perder, por causa da misericórdia
divina, pois, mesmo após o pecado de Adão Deus veio à sua procura e não deixou
de amá-lo. Adão teve que pagar pelo pecado mas não perdeu a bênção de Deus. Por isso,
Deus prometeu que, na hora certa, a serpente seria vencida pela mulher. Essa
promessa foi cumprida em Maria. Como nova Eva, Maria nos trouxe o salvador que,
com o seu sangue nos redimiu a todos. Aquele que venceu Adão na árvore do
paraíso foi vencido por Jesus, o novo Adão, no lenho da cruz!
Ao longo dos Evangelhos
encontramos muitas passagens onde Jesus toca nas pessoas devolvendo-lhes a saúde ou a vida. Esse gesto
de Jesus se parece ao gesto do artista que recupera uma obra de arte danificada.
Enquanto divino artista, Jesus nos toca e recupera em nós a imagem e semelhança
de Deus. Seu toque nos renova e faz de nós, novas criaturas. Ele veio da parte do Pai para recuperar a bela imagem do homem danificada pelo pecado.
No Evangelho de São Marcos (Mc 5,
21-43), Jesus toca na filha de Jairo e lhe devolve a vida. Nesse mesmo texto ele
foi tocado por uma mulher que foi curada de sua hemorragia. As duas situações
possuem curiosas coincidências. A menina tinha doze anos – naquela época já
poderia ser considerada adulta com essa idade. A mulher sofria doze anos com a
hemorragia. Ela tocou em Jesus e ficou curada. Jesus tocou na menina e ela “acordou”.
Em ambos os casos a morte parecia ter vencido. São duas mulheres, dois úteros
estéreis. Na menina havia um útero morto e na mulher um útero doente e incapaz
de gerar vida.
A mulher hemorrágica sofria
duplamente. Além da doença era considerada, socialmente, impura. Perder sangue
a fazia impura e havia doze anos que, certamente, era marginalizada. Talvez,
por isso, tocou "secretamente" em Jesus pois tinha vergonha de exibir sua doença.
Jesus, no entanto, a identifica dizendo que fora curada pela fé e não por um
toque mágico. O toque foi motivado pela fé que ela possuía e a certeza de que, fazendo isso, seria curada, como de fato foi. No caso da menina, o toque partiu
de Jesus pois ela já estava morta, segundo os presentes. Esse toque de vida foi
para atender a um pai desesperado pela perda da filha. Jairo, o chefe da
sinagoga, prostrou-se, diante de Jesus e suplicou dele esse favor. Teve fé em
Jesus, mesmo diante da notícia da morte da filha. E Jesus não o decepcionou.
Decepcionou, com certeza aqueles que riram dele quando afirmou que a menina não
estava morta mas, dormia, pois “quem ri por último, ri melhor”.
Vivemos num mundo onde muitas
pessoas sofrem demais. As causas do sofrimento são infinitas. Mas, será que
procuramos tocar em Jesus ou permitimos que ele toque em nós? Quem sabe seja, exatamente,
isso que mais nos falte? Assim como retratado na pintura de Michelangelo, o toque
de Deus é sempre gerador de vida e de alegria. Que você possa sentir a
suavidade desse toque. Com certeza, ele fará toda a diferença em sua vida! Um
abraço.
Imagem de Michael Skale por Pixabay
Luiz Casa dos Retalhos, é harmonia é tudo e o homem quer a felicidade, com abeecita na mão e não percebe. Muito bacana o texto. Abraco.
ResponderExcluir..." Talvez, a pandemia que nos atormenta, atualmente, seja a melhor ilustração disso. Com sua mentalidade predatória o homem degrada a natureza e ela, por sua vez, dá-lhe o troco. Mas, quando essa harmonia foi quebrada? Quando começou todo esse desarranjo? – A explicação para isso, está no pecado."
ResponderExcluir"Mas, será que procuramos tocar em Jesus ou permitimos que ele toque em nós?' "Deus é sempre gerador de vida e de alegria. Que você possa sentir a suavidade desse toque." Maravilhosa a reflexão... Na Eucaristia podemos tocar Jesus e ao comungarmos seu Corpo e Sangue Ele pasda a fazer parte de meu corpo. Isso é muito lindo e de compreendessemos este mistério muita coisa boa aconteceria em nossas vidas. Abraço Padre Gabriel.
ResponderExcluir"Além da doença era considerada, socialmente, impura."
ResponderExcluirSofria de todo jeito coitada
Somente pela fé podemos sentir o toque curativo de Jesus. Se tivermos uma autêntica vida de fé, o toque suave de Jesus nos salvará de nossas misérias e sofrimentos...
ResponderExcluirEssa promessa foi cumprida em Maria.Maria nos trouxe o Salvador. Lindo dimais isso!
ResponderExcluirParabéns pela reflexão
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