Dia de finados
Existe uma realidade implacável e comum a todos nós que é a realidade da morte. Todos morrem! A morte é democrática e leva todos sem exceç...
Existe uma realidade implacável e comum a todos nós que é a realidade
da morte. Todos morrem! A morte é democrática e leva todos sem exceção. Mas,
existe algo que não é comum a todos nós: A crença na ressurreição! Isso é um
privilégio de quem tem fé. Para nós, cristãos, essa fé se fundamenta na
ressurreição de Cristo. Ele ressuscitou primeiro e abriu-nos o caminho para a
vida eterna. Sendo assim, acreditamos na continuidade da vida pois, ela não termina,
apenas se transforma. Mas, o que acontece com a gente após a morte? Essa é a pergunta
de um milhão de dólares pois, não podemos morrer e voltar para partilhar a nossa
experiência de mortalidade. Somente algumas mentes férteis se aventuram a
explicar, detalhadamente, essa realidade. E para isso nem são tão criativas. Já
me cansei de ouvir alguns relatos afirmando que na hora “h”, alguns entraram
num túnel de luz, ouviram vozes, etc. Depois descobriram que a luz era a mesma que
iluminava a sala de cirurgia...
O que sabemos sobre esse assunto, aprendemos pela fé e pela reflexão teológica a partir dos dados da escritura e da tradição. Após a morte alguns vão para junto de Deus e outros se apartam, definitivamente, dele. Aqueles que viveram, santamente, irão gozar a visão beatífica de Deus. Aqueles que rejeitaram a salvação por não viverem no amor receberão outro destino. Mas, a maioria das pessoas não se encaixa nem num grupo nem no outro. Essas irão para o purgatório. Mas, ainda existe purgatório? Essa não é uma ideia antiga demais para os nossos dias? Certamente, o é, dependendo da maneira como representado. Não dá para pensar num fogo, quase eterno, queimando as almas em algum lugar incerto. Mas, podemos pensar o purgatório como um processo de maturação que nos acompanha a vida toda. Todo processo de crescimento é doloroso, que o digam aqueles que se submetem às terapias.
Pensemos o homem como natureza e pessoa. Recebemos de nossos pais um patrimônio genético mas não vivemos ao sabor dos instintos naturais. Como pessoa, temos um centro decisório que orienta nossa natureza para determinado fim, ou seja, para o bem e para o amor. Esse processo também costuma ser penoso! São Paulo dizia: Eu deixo de fazer o bem que eu quero e acabo fazendo o mal que não quero... Dominar a si mesmo não é uma tarefa fácil. Esse processo de maturação nos acompanha a vida toda e pode acontecer que a morte nos surpreenda ainda com muitas falhas, nesse sentido. Isso deve ser muito doloroso pois, diante de Deus poderemos ver toda a nossa vida e as inúmeras falhas cometidas contra o amor. Entretanto, por mais doído que seja esse "estado de purgatório" ele não é como o inferno pois comporta a esperança de salvação, coisa que não existiria no inferno. Uma santa da igreja dizia que o céu não tem portas. Mas, Deus é tão puro que ninguém quer estar diante dele com marcas de impurezas. O purgatório é esse "tempo" de purificação, uma espécie de antessala do céu. É aí que entra a misericórdia divina e a solidariedade dos irmãos que com suas preces podem apressar essa purificação daqueles que só esperam o momento certo para estarem definitivamente na glória de Deus.
Desde o início de sua caminhada a Igreja Católica fala da “Comunhão
dos Santos”. Mas, o que vem a ser isso? É a solidariedade entre os irmãos,
vivos ou mortos pois, os mortos estão sempre vivos diante de Deus. A oração
pelos mortos e a mediação deles em nosso favor entra nessa dimensão da
comunhão. Há uma forma de solidariedade entre a “Igreja militante” e a “Igreja
padecente” ou seja, aquela formada pelos nossos irmãos falecidos. Nossa oração
visa apressar-lhes o encontro com Deus.
Se tem algo com o que eu não me preocupo é com o julgamento
de Deus pois, além dele ser justo é misericordioso. Sei de minhas inúmeras imperfeições mas, sei também que a misericórdia de Deus é infinita e nela confio.
Quanto ao julgamento dos homens devemos temer, pois via de regra, não são
justos nem misericordiosos. Até onde entendo a maior especialidade de Deus é
amar. Sei que Ele é justo mas confio no seu amor. Qual pai gostaria de perder
um filho? Mesmo o homem que é mau quer o bem dos filhos. E Deus que é
infinitamente bom não iria querer o nosso bem e a nossa salvação?
Eu gosto da vida e peço a Deus que me dê vida longa. Mas, não
tenho medo da morte pois, “sei em quem depositei a minha confiança”. Diante de
Deus, vivos e mortos estamos sob a mesma ótica do amor. O amor é eterno e
atravessa o muro dos cemitérios. Só isso justifica nossas orações pelos falecidos.
Gosto de rezar pelos mortos e faço isso todos os dias. Em cada missa que a
Igreja celebra ela reza por eles e por elas. Quando eu estiver do lado de lá, ainda com as
marcas do pecado, gostaria de receber esse presente dos irmãos que ainda
respiram. Então, combinemos isso: Quem for por último se encarrega de rezar por
quem foi primeiro. Pode ser?
Imagem de pasja1000 por Pixabay
Nos dói muito relembrar aqueles que partiram e que nos deixaram muitas lembranças. Mas nos consola também saber que está junto ao pai. A morte é um " mistério " no qual creio que encontrarei com o pai um dia.
ResponderExcluirDo pó eu nasci; do pó irei voltar; muito profunda suas palavras Padre Geraldo Gabriel
ResponderExcluirA morte é para todos e cabe a cada um seguir seu caminho no amor; sim, acredito na ressureição, Jesus ressuscitou para nos afirmar que a morte não existe, estamos aqui de passagem e não sabemos qual é a hora da nossa partida!!! Deus com seu amor infinito tenha misericórdia de todos nós
Ass: Jordâna
Esse é um dia que temos de refletir muito sobre nossa vida aqui . E como está no texto muito bem escrito:"Esse processo de maturação nos acompanha a vida toda e pode acontecer que a morte nos surpreenda ainda com muitas falhas, nesse sentido." Sim, Deus é misericordioso e é isso que nos salvará da segunda morte. Também rezo todos os dias pelos entes queridos que já se foram,que já estão na Glória com o Senhor. Reflexão profunda esta, uma catequese para nós.
ResponderExcluirEm primeiro lugar,a sua benção Padre Gabriel, é um dia muito doído por todos nós que já tivemos entes queridos convocados para a seleção do Senhor.
ResponderExcluirHá pouco tempo eu vivi o passamento da mamãe e a dor é quase insuportável, mas aí que entra essa grande catequese que o senhor está trazendo para todos nós cristãos católicos, pois creio piamente na ressurreição em Cristo Jesus.
Refletindo um pouco sobre as sábias palavras que Deus inspirou o senhor a nos confortar e mostrar o quão efêmera é a nossa vida terrena, e que precisamos juntar
Nossa, que bonitas escritas e nos relata uma realidade que ignoramos em vê-la.
ResponderExcluirContudo, a prova maior foi a ressureição de Cristo. A vida continua a meu ver com outra dimensão: "ETERNA"
..."Quanto ao julgamento dos homens devemos temer, pois via de regra, não são justos nem misericordiosos. Até onde entendo a maior especialidade de Deus é amar. Sei que Ele é justo mas confio no seu amor. Qual pai gostaria de perder um filho?"...
ResponderExcluirAinda bem que contaremos com a Misericórdia de Deus, pois se fossem os humanos a nos julgar, estaríamos fritos!
Na lápide de Carlos Drummond de Andrade está escrito, eu não estou aqui. Ou seja, reze por mim o olhe minhas obras. Deus abençoe Padre
ResponderExcluirA MISERICÓRDIA DE DEUS E INFINITA ,
ResponderExcluirOBRIGADA PELA BELA REFLEXÃO .
Tenho falado isso ultimamente: ninguém sabe nada da vida, ninguém sabe nada da morte. Tudo é mistério... aí é que entra a fé.
ResponderExcluirOtimo
ResponderExcluirAmém
ResponderExcluirAmém
ResponderExcluirEspero em TI SENHOR!
ResponderExcluir"Para quem acredita a vida não é tirada, mas transformada. E o nosso corpo mortal é revestido da imortalidade Divina". Nascemos em Deus!
ResponderExcluirObrigada pela importante reflexão sobre e dia de finados.Sabemos que estamos aqui mas não somos daqui.Se eu ir primeiro reze por mim,eu rezarei pelo Senhor.Obrigada
ResponderExcluirO que nos CONSOLA é a esperança a fé
ResponderExcluirO que mais mexe comigo é a certeza da morte.Sei que vamos morrer mas não sei quando, e aí eu temo.
ResponderExcluirSei de inúmeras teorias mas quando é real , a morte dói muito, ou seja a dor da separação física, li há poucos dias sobre o luto.Quando começa o luto , é quando já não sentirmos o cheiro de quem se foi.E é .Percebo que enquanto sinto o cheiro , eu sinto saudades! A saudade doída.Nao gosto de coração de pensar em morte e de perder o convívio com as pessoas que eu amo.Me apavora. Não é falta de fé , sinceramente é dor. Não me sinto bem de forma algum em falar sobre a morte! Mas é bela a reflexão.Mas prefiro não ter que pensar!!
Padre sempre gosto muito dos textos do Senhor e este não é diferente, mas estou querendo fazer minhas reflexões neste dia de finados.
ResponderExcluirA fé é um presente e fica mais fácil aceitar a morte já que a vida é uma "ilusão", porque os verdadeiros valores não tem preço como a saúde.
É mais comum a morte depois de bons anos vividos, e com a vida estruturada, mas aceitar a perda em qualquer idade é entender "Estamos aqui apenas de passagem, nada nem ninguém nos pertence".
Não queremos que a morte nos encontre no entanto, não podemos ser tolos descuidando da espiritualidade já que aqui não é nossa verdadeira morada.
Amém
ResponderExcluirAmém
ResponderExcluirÉ muito triste perder entes queridos, todos nós temos certeza,só não sabemos o dia e a hora, mas nâo separamos ddo amor de Deus
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