Cortar a cebola alheia

 

É bastante curioso o nosso hábito de nos ocuparmos com a vida alheia. Deixamos a trave no próprio olho para tirar o cisco no olho do outro. Deixamos de chorar nossa própria dor para nos ocuparmos com as dores dos outros e nos esquecemos que cada um tem a sua cebola para cortar! No Evangelho de São Lucas (Lc 6, 39 - 42) Jesus nos alerta quanto a esse risco, o risco de ver apenas as limitações dos outros. 

Não podemos jogar pedras no telhado do vizinho quando o nosso telhado é de vidro e, quando a barba do vizinho pega fogo, a gente coloca a própria barba de molho. Talvez, hoje você não esteja enfrentando um problema semelhante ao problema do outro mas, o mundo dá muitas voltas e, amanhã, você poderá estar numa situação ainda mais difícil do que a dele. Nossas vidas não são muito diferentes e o “combo dos problemas,” mais cedo ou mais tarde, acaba sendo repartido, igualmente, entre todos.  É melhor não criticar a calvície alheia quando se usa perucas...

Sugiro a você que, em vez de comentar as limitações e dificuldades do outro, reze por ele.  Às pessoas não tem oportunidades iguais e, por isso, tem desempenhos diferentes ainda que, ocupando-se das mesmas tarefas.  Na sinfonia da vida, cada um toca no seu tom mas, todos são aplaudidos ao final do espetáculo. Um único instrumento, por mais apreciado que seja, não constitui uma orquestra. 

Deus não é autoritário e, por isso, respeita nossas diferenças. Somente os autoritários gostam de uniformizações e nivelamentos. Um jardim que só tivesse rosas amarelas seria pálido e sem graça. Se existisse apenas o verde, a natureza seria chocha e pobre. Você já observou quantas vezes o céu muda-se de cor num único dia? Talvez, não vejamos isso, porque, ultimamente, a gente não olha mais  para o céu...

Quando Deus criou os pássaros Ele deu asas a todos mas, cada um, voa de um jeito. O tucano voa desajeitado carregando um bico maior do que o corpo. O beija-flor nem voa, simplesmente, baila nos ares! O pica pau fura a madeira com o bico e não sofre de enxaqueca. Assim, acontece conosco. Cada um voa de um jeito usando as asas que tem e o mundo não vai acabar por isso. Ele acabou uma vez, quando o homem quis ser igual a Deus, uma eterna tentação, ainda em nossos dias. Ao recriar o mundo, após o dilúvio, Deus estendeu no céu um enorme arco-íris. Nesse sinal, as cores se distinguem e se misturam numa completa harmonia cada uma respeitando o espaço da outra. Quem sabe, não seria esse, o grande sonho de Deus para seus filhos? Pense nisso!

Foto em destaque: https://pixabay.com/pt/photos/p%c3%b4r-do-sol-nuvem-c%c3%a9u-silhueta-2593892/