Pastel de Pimenta

  De certo tempo pra cá comecei a anotar na primeira página de um livro a data que comecei a lê-lo e, assim que termino a leitura, anoto a d...

 


De certo tempo pra cá comecei a anotar na primeira página de um livro a data que comecei a lê-lo e, assim que termino a leitura, anoto a data que terminei. Pode parecer uma mania boba mas cada um tem direito a ter uma cota de bobagem, então, espero que o leitor não me condene por isso. A anotação serve para que eu possa dar uma nota ao livro. Então, funciona assim: A nota melhora quanto menos tempo gastei para ler o livro. Quando o livro é chato ou de leitura difícil demoro mais para concluir a leitura, embora, seja meio samurai e, apesar de chata, costumo enterrar a faca até ao cabo, ou seja, não abandono a leitura. O livro “Pastel de Pimenta” do meu amigo Luiz David, gastei exatamente cinco dias. Mas, não fico lendo o dia todo. Leio em pedaços de horas ou pequenas folgas entre as múltiplas tarefas que tenho. No dia 08 de março comecei a percorrer as 229 páginas do livro e conclui hoje, dia treze, um dia de sorte para mim.  A rapidez com que “devorei o livro” mostra o quanto ele é bom.

A leitura de “Pastel com Pimenta” fluiu, rapidamente, e deixou um desejo de quero mais. O livro é recheado de boas histórias salpicadas com pílulas de humor e curiosidades sobre a vida antiga daquela, que viria a ser hoje, nossa querida Pará de Minas. Com a maestria de quem domina bem as palavras Luiz fala sobre as origens de uma cidade com seus personagens, alguns já falecidos, que deram o colorido nessa paleta que compõe a nossa terra. Cada esquina e cada rua de Pará de Minas esconde uma, ou muitas histórias, dignas de resgate. Revirando o baú de suas memórias Luiz tirou as cinzas de fatos e situações vivenciadas por ele ou por alguém de seu convívio, para que à luz do passado, possamos entender o nosso presente. Lendo o seu livro podemos restaurar imagens de pessoas encobertas na poeira do tempo e entender o quanto ainda estão presentes entre nós. Assim, o “Walter Martins” não é só um nome de Bairro e “Iguinésia Moreira” apenas um nome de rua. Nome, aliás, que causou grande fadiga, tudo por causa de uma famigerada letra “G”.

O nome intrigante “Pastel de Pimenta” nasceu de uma história que marcou/traumatizou o autor do livro. Numa das viagens de trem, coisa comum, naquele tempo, ele queimou a boca, em Azurita ao provar, na estação ferroviária local, um pastel apimentado. O dia fatídico serviu hoje para nomear o livro que traz, inclusive, a foto de um trem de ferro em sua capa.

Luiz David é um arquiteto das palavras. Assim como o arquiteto consegue dimensionar uma construção sem deixar nada faltando ou sobrando assim ele faz com as palavras. A leitura do que ele escreve vai engolindo a gente. Após ler algumas crônicas conversei sozinho com ele, chegando inclusive a anotar de lápis alguns “filho da mãe”... Abreviado, é claro, para não gerar constrangimentos.  No testamento do Judas, por exemplo, jurei que ele deixou muita gente de fora. Após alguns versinhos do testamento, fiquei rindo sozinho feito bobo. Diferentemente de Luiz que entende tudo de futebol eu não entendo nada. Então, nessas partes fiquei boiando, mas na maioria dos textos “nadei de braçadas”! Na crônica “News Fashions” morri de curiosidade para saber o nome da moça que comprou as cuecas para quem, mais tarde, foi obrigado a se tornar o seu marido. Ô Luiz, a gente tem que matar a cobra e mostrar o quê, mesmo?  Esperemos para ver. Quem viver verá pois, aposto que virá um segundo, um terceiro e quarto volumes... Tudo isso ainda será pouco para contar as histórias do Pará. Mas, como o autor irá viver 90 anos, sem ser atacado pelo “alemão malvado”, ainda veremos muita água passar debaixo da ponte...

Deixo para o final o meu agradecimento ao Luiz pelo livro e por uma confissão de culpa. Agora todos sabem que foi ele quem anunciou a morte de Pe. Hugo antes da hora. O que ele não sabe foi o quanto eu apanhei pelo fato da notícia ter sido anunciada na “Santinha”, de forma tão afoita. E se você quiser saber os bastidores desse fato vai ter que comprar e ler o livro “Pastel de Pimenta”.  Um abraço!

Foto: Pe. Gabriel

No vídeo: Um dos cantores mencionados no livro Pastel de Pimenta

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  1. Parabéns pelo texto como sempre Padre Gabriel, Parabéns ao amigo Luiz David de uma inteligência e memória incrível, não pude ir no lançamento do livro, estava viajando a trabalho, mas vou ler o livro com certeza um livro que vai nos deixar de água na boca, pois o próprio nome já diz, Pastel com pimenta vontade de mais e mais,um abraço ao grande escritor, contador de causos, Politiqueiro dos bons e amigo Luiz David

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  2. Olá, Padre!
    Tive o privilégio de ler esse livro muito antes de ser lançado, pois fiz sua revisão.
    Parabéns por sua análise de alguns contos.
    Realmente, Luiz tem o dom da escrita fluente. O senhor disse bem: ele é um arquiteto das palavras, pois com elas vai tornando suas construções literárias, cada vez mais belas e prazerosas no ato da leitura.
    Abraço.

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