São Pedro e São Paulo: Tão diferentes e tão necessários!

 

Ao refletir sobre a missão de São Pedro e São Paulo a gente percebe o quanto eles foram diferentes. Pedro era um homem simples, assim como a maioria de sua gente.  Era um pobre aldeão que vivia da pescaria e dependia da generosidade do mar para pagar as contas ao final do mês. Tinha a beleza dos cristais brutos e não dos seixos rolados. Sua vida consistia em trabalhar de sol a sol, cuidar de sua família e contemplar a beleza de Deus na superfície das águas ou nas profundezas do mar nos constantes mergulhos que fazia.

Paulo era um homem de cultura urbana, um doutor que sabia fazer belos discursos com sólida argumentação e conhecimento de causa, embora, fosse artesão e também trabalhasse com as mãos. Era cidadão romano e falava mais de uma língua. Conhecia a sagrada escritura e era meio fanático para defender sua fé. Talvez, por isso é representado carregando um livro em uma das mãos e uma espada na outra. Afinal, para desbravar o mundo necessitava mesmo de uma boa espada! Pedro é representado com as chaves na mão para lembrar o diálogo que teve com Jesus recebendo, na ocasião, as chaves do céu. Talvez, os menos avisados, se assustem que um pobre pescador iletrado da Galileia possa carregar as chaves do céu. Mas, isso faz parte do plano de Jesus que escolheu os fracos para confundir os fortes e os simples para confundir os sábios.

A Bíblia não esconde de nós as fraquezas dos dois apóstolos. Pedro, o homem de confiança de Jesus, chegou mesmo a negar que lhe conhecesse... Paulo teve que levar um tombo na estrada de Damasco e ficar, temporariamente, cego para enxergar direito. Deus é assim: Quando Ele quer Ele quer mesmo! Não adianta inventar desculpas para não atender ao seu chamado. E assim Paulo foi um grande desbravador enquanto Pedro foi um pouco mais conservador. Um carro para andar precisa de freio e acelerador. Um veículo que só tivesse acelerador seria explodido na próxima esquina. Caso contrário, se tivesse apenas freio, não sairia do lugar. Por isso, a Igreja é formada por pessoas diferentes que pensam, igualmente, diferentes. Jesus não a quis com uma única cara. Apesar de tão diferentes Pedro e Paulo nutrem a mesma fé e o mesmo amor a Cristo. Que lição maravilhosa para os nossos dias tão marcados pela intolerância com o diferente!

Às vezes, eu me pergunto: Se Paulo ou Pedro vivessem hoje, onde eles estariam atuando preferencialmente?  Por tudo que conheço de Paulo, ele certamente, estaria atuando na internet. A internet é um grande “território” sem terras, que ainda precisa conhecer Jesus. Paulo, talvez, hoje não fosse representado com uma espada mas com um mouse ou celular. Ninguém segurava o ardor desse apóstolo para conquistar pessoas para Cristo. Nesse empenho ele apanhou, foi preso, perdeu-se em alto-mar, passou fome e frio... Considero-o um modelo para nossa ação missionária e às vezes, sinto vergonha dele por causa de minha tibieza.

Onde estaria Pedro nos dias de hoje? Certamente,  estaria fazendo um “meio de campo” necessário para assegurar a unidade da Igreja. Não é exatamente isso, que o Papa deve fazer, além de outras coisas? Então, temos um continuador de São Pedro. Esse papel cabe bem ao chefe da Igreja que deve garantir a unidade de seus membros, tarefa nada fácil em nossos dias. Por isso, a Cadeira de São Pedro deve ser guardada no Vaticano e seria bom que fosse guardada de forma bem simples para lembrar a simplicidade do grande pescador de almas. Pedro nos lembra a rocha firme em que a Igreja foi edificada.

Para ser bem sincero, não sei de qual dos apóstolos eu gosto mais. Gosto da leveza de Paulo e da firmeza de Pedro, do carisma de um e da simplicidade do outro. De fato, são duas colunas necessárias à Igreja de Cristo. Ainda bem que temos sempre essa diversidade compondo a unidade da Igreja. Peçamos a Pedro que proteja o papa e que Paulo nos livre de uma Igreja embolorada. Amém

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